Novo programa do CMC Podcasts discute Saúde Mental em Curitiba
Antigo hospício Nossa Senhora da Luz, assunto do podcast "Mente sã, povo são" sobre saúde mental em Curitiba. (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)
Com três episódios discutindo saúde mental em Curitiba, o podcast Remediar e Prevenir estreou nesta quinta-feira (30). Especialistas contam como era a cidade na época dos manicômios e os tratamentos disponíveis atualmente, enquanto os vereadores da Câmara Municipal de Curitiba (CMC) debatem como ampliar as políticas públicas para a população. Inspirado na Comissão de Saúde e Bem-Estar Social da CMC, a temporada de estreia do podcast Remediar e Prevenir se chama “Mente sã, povo são” e já está disponível no canal da CMC no YouTube.
Mente sã, povo são: a história dos tratamentos e a luta antimanicomial (T1.E1)
No primeiro episódio, os manicômios são o tema abordado sobre o tratamento de saúde mental não só em Curitiba como no Brasil. Também chamados de hospícios, esses locais começaram servindo como abrigo e, depois, como reguladores das pessoas tidas como loucas em sociedade.
Mediado pela jornalista e Diretora de Comunicação Social da Casa, Patricia Tressoldi, tivemos a participação de Mariana Corrêa de Azevedo, socióloga especializada em controle e violência, Mariane Panek, psicóloga da área comunitária e social, e Maurício Ouyama, historiador e escritor sobre o ex-hospício Nossa Senhora da Luz, localizado no centro de Curitiba.
Ouyama resgatou o percurso histórico do tratamento para esses pacientes, trazendo exemplos de como a sociedade curitibana enxergava a alienação e a loucura em minorias sociais. Além disso, o historiador contribuiu com sua pesquisa acerca do antigo manicômio municipal com dados sobre seu funcionamento.
Já a socióloga explicou como a luta antimanicomial é importante para desconstruir procedimentos de violência, exercidos nos tratamentos mentais historicamente. Para Azevedo, locais como manicômios precisam ser preservados, como memória, pois auxiliam no combate aos estigmas sociais existentes sobre o tema.
A psicóloga destacou como a Psiquiatria e a Psicologia ainda lutam para se distanciar desse formato de opressão, com resquícios desse sistema. Segundo Panek, a Reforma Psiquiátrica (lembrada pela Lei Antimanicomial, de 2001) foi um marco para a saúde mental, a qual mudou a atenção psicossocial em todo o país.
Mente sã, povo são: casos marcantes no sistema de atenção psicossocial do município (T1.E2)
O segundo episódio trata da rede de atenção psicossocial (RAPS), presente em Curitiba, para pacientes que buscam esse atendimento. Dessa forma, o CMC Podcasts contou com Ícaro Agustinho, psicólogo no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) infanto-juvenil, no bairro Boa Vista, com Alexandre Serafim, psiquiatra conveniado em Curitiba, e com Claudiane Araújo, voluntária do Centro de Valorização da Vida (CVV).
Com esses profissionais, Tressoldi apresentou os meios de buscar auxílio em Curitiba. O psicólogo explicou como funciona o atendimento em CAPS. Para Agustinho, os casos de bullying entre jovens são um dos principais desafios enfrentados no sistema. Junto a isso, há um preconceito com o sistema CAPS que também dificulta a ação dos especialistas.
Já o psiquiatra destacou os casos mais marcantes de atendimento psiquiátrico em que se é necessária uma atenção redobrada com os pacientes. Serafim esclareceu, ainda, que as pessoas não precisam ter receio ou resistência à procura psiquiátrica, pois os medicamentos são seguros e, dificilmente, são responsáveis por vícios.
A porta-voz do CVV explicou de onde surgiu esse sistema e em que casos o curitibano deve procurá-lo. Araújo destaca que a maior dificuldade é conseguir profissionais para a assistência do projeto, já que o número de voluntários é baixo enquanto a procura por apoio e prevenção ao suicídio aumenta cada dia mais.
Mente sã, povo são: derrubando estigmas e fortalecendo políticas a favor da saúde mental (T1.E3)
No terceiro episódio, a temporada do "Remediar e prevenir" foi encerrada com a presença de três vereadores da Comissão de Saúde e Bem-Estar Social para discutir políticas públicas de saúde mental no município. No programa, Noemia Rocha (MDB), vice-presidente, Alexandre Leprevost (União) e Oscalino do Povo (PP) discutiram o tema a partir dos questionamentos dos convidados dos episódios anteriores.
Noemia Rocha destaca a saúde mental atrelada às pessoas em situação de rua, as quais estão mais vulneráveis a esses transtornos. Ainda, a vereadora acredita que as drogas também prejudicam a saúde mental das pessoas, principalmente, da periferia, sendo necessário um foco maior do município no acolhimento desses grupos.
Na visão de Alexandre Leprevost, há a necessidade de aprimorar o sistema de saúde, por exemplo, na disponibilidade de leitos e na liberação de medicamentos. Segundo Leprevost, o poder público ainda não se mostra eficaz na causa, já que o número de pacientes seria alto para poucas políticas públicas na área.
A integração da sociedade aos diferentes espaços de convívio e de tratamento para saúde mental é o caminho essencial para Oscalino do Povo. O parlamentar diz que as empresas e as demais entidades da sociedade devem interagir conjuntamente para que as pessoas tenham conhecimento e acesso à saúde do município.
*Matéria elaborada pelo estudante de Letras Brunno Abati.
Revisão e edição: José Lázaro Jr.
Reprodução do texto autorizada mediante citação da Câmara Municipal de Curitiba