Saúde e políticas públicas para negros em debate

por Assessoria Comunicação publicado 17/11/2010 19h50, última modificação 01/07/2021 10h20
A política nacional da saúde para a população negra foi debatida no plenário da Câmara de Curitiba nesta quarta-feira (17). Integrante da Rede de Mulheres Negras do Paraná, Michely Ribeiro esteve na Casa a convite dos vereadores Aldemir Manfron (PP) e Professora Josete (PT) e sugeriu que o Legislativo municipal destine recursos orçamentários para a implementação de políticas voltadas à população negra, principalmente às mulheres. Entre as propostas feitas aos parlamentares, a Rede pede o apoio para estabelecer instrumentos e indicadores para o acompanhamento e avaliação do impacto da política às negras, além do estabelecimento de parcerias para a implementação das ações de promoção da equidade em saúde para a população negra e assegurar que o plano municipal de saúde e o termo de compromisso de gestão do pacto pela saúde contemplem diretrizes da política nacional de saúde integral da população negra.
De acordo com a Professora Josete, que fez a saudação à convidada, a explanação nesta data é muito pertinente, aproveitando o Dia da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro. Para ela, a instituição da data marcou um novo momento na história brasileira. Sobre a raça negra, considera que há muito preconceito no Brasil, ainda que seja diferente daquele existente em outros países.  A vereadora citou como exemplo o negro no mercado de trabalho, com salários mais baixos que os dos brancos.
Ao tratar do Sistema Único de Saúde (SUS), Michely Ribeiro considerou a existência de racismo institucional, conceituando o sistema como exemplo de fracasso das instituições e organizações em prover um serviço profissional e adequado às pessoas devido à cor, cultura, origem racial ou étnica. “Este racismo se manifesta por meio de comportamentos discriminatórios do cotidiano de trabalho, resultantes da ignorância, falta de atenção, preconceito ou estereótipos racistas”, disse. Para ela, a política deveria promover a equidade na saúde da população negra, priorizando o combate ao racismo e à discriminação nas instituições e serviços do SUS.
Saúde
Entre as propostas voltadas à saúde da população negra, Michely destacou a necessidade de redução dos indicadores de mortalidade causada por algumas doenças comuns geneticamente determinadas à raça negra, como hipertensão arterial e diabetes, além de câncer de colo uterino e de mama e transtornos mentais. Ainda, tem como objetivo reduzir, na população negra, indicadores de mortalidade infantil, precoce, materna e de homicídios. Segundo ela, a proporção de nascidos vivos por cesárea, de acordo com raça da mãe, foi significativamente maior entre os nascidos vivos brancos (49%) que os de raça negra (28%).
Participação
Trataram sobre o preconceito, as dificuldades pelas quais os negros ainda passam no Brasil e elogiaram a iniciativa da instituição em se dedicar às causas das mulheres negras os vereadores Denilson Pires (DEM), Tico Kuzma (PSB), Pedro Paulo (PT), João do Suco (PSDB), Jonny Stica (PT), Emerson Prado (PSDB) e Noemia Rocha (PMDB). Na opinião de Stica, a discriminação pela renda per capita que acompanha a grande maioria dos negros aumenta ainda mais o preconceito racial sofrido por eles. “Já não se trata tanto da discussão de raças, mas de condição social”, disse.