Sargento pede auxílio no combate à pedofilia

por Assessoria Comunicação publicado 02/05/2007 21h10, última modificação 16/06/2021 08h39

“No mês de maio, o Brasil se volta a refletir uma triste realidade: a violência sexual”, disse o vereador Pedro Paulo (PT), na abertura da Tribuna Livre desta quarta-feira (02), na Câmara de Curitiba. Pedro Paulo convidou a sargento Tânia Guerreiro, da Polícia Militar do Paraná, para discutir sobre a pedofilia, a criança e o adolescente como vítimas da violência. Em 18 de maio é comemorado o Dia Nacional do Combate ao Abuso e a Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes.
A intenção da sargento, que trabalha há 25 na área, é colher um milhão de assinaturas, por meio de manifesto popular, para inserir a pedofilia no Código Penal, que desde 1940 não sofre reformulações. “Enquanto não houver punição adequada, o crime continuará correndo solto e fazendo cada vez mais vítimas”.
Tânia comentou sobre a história da pedofilia no mundo, citando que em alguns países, como a Índia, é incentivada, tornando-se hábito. Em outras localidades, segundo a sargento, a legislação foi modificada em prol da punição severa. “No Brasil, o pedófilo pega pena mínima e sai após cumprir apenas parte dela, por bom comportamento”.
“Garanto que é impossível identificar um pedófilo, pois pratica ações cotidianas normais e tem vida sexual normal. Faz o que faz somente entre quatro paredes porque tem domínio absoluto sobre a vítima”, explicou a militar. A sargento abordou as maneiras do pedófilo agir, suas preferências, oportunidades e aquilo que o atrai, fornecendo dados (ver box). De acordo com ela, as crianças de até cinco anos não entendem o ato como agressão, mas carinho, não contando aos outros o que acontece porque geralmente é pedido segredo. Mais tarde, quando começam a compreender, o agressor faz chantagens em troca do ato e do pacto de silêncio.
Não há tratamento que recupere os danos de quem sofreu violência sexual, nem mesmo para o pedófilo. As conseqüências podem ser apenas minimizadas. Tânia informou que a maioria das denúncias é recebida anonimamente, pelo 181 e também pelos conselhos tutelares. Quem mais denuncia são as pessoas de baixa renda.
Ao final, a sargento agradeceu a oportunidade de divulgar o assunto e pediu apoio para atingir o número de assinaturas necessárias. Os vereadores cumprimentaram as ações e a iniciativa do vereador Pedro Paulo e se comprometeram a ajudar.

Box

A sargento Tânia Guerreiro informou que, no Brasil, uma criança é violentada a cada oito minutos. Já em Curitiba e região metropolitana, a violência sexual atinge quatro crianças por dia, sendo 67% dos casos praticados pelo padrasto e 20% pelo pai, no âmbito doméstico. Não é somente o homem que pode ser pedófilo; 10% dos registros envolvem mulheres.
Os danos que podem ser acarretados às vítimas são distúrbios na estrutura física e nas funções do cérebro, isolamento por se sentirem diferentes das outras crianças, incapacidade de desabafar, tonturas, desmaios, ansiedade, culpa, raiva, vergonha, depressão, gravidez precoce proposital, insucesso, uso abusivo de álcool e drogas, distúrbios no sono e na alimentação, urina na cama, perda da confiança na figura masculina, entre outros.
Requerimento
Requerimento do vereador Pedro Paulo, de moção de apoio ao abaixo-assinado para inserir a pedofilia no texto do Código Penal Brasileiro, como crime hediondo, já está em tramitação na Câmara.
“Grave como a violência sexual é o muro de silêncio que cerca a situação, constituído pela indiferença da sociedade e cultura da impunidade dos agressores. A mobilização e manifestação de massa são fatores preponderantes para a criação de nova cultura contra a exploração sexual”, justifica o vereador.