O agendamento de uma reunião dos artistas de rua com o prefeito Rafael Greca, para encontrar uma regulamentação da atividade profissional que não os impeça de utilizarem os espaços públicos, será buscado pela Câmara Municipal de Curitiba (CMC). Nesta quarta-feira (2), por iniciativa do vereador Mestre Pop (PSC), que tratou do tema no início da sessão plenária, um coletivo de artistas de rua foi recebido na CMC e apresentou as demandas da categoria no Legislativo.

Em nome dos artistas de rua, o palhaço Tico Bonito leu uma carta elaborada pela categoria em que destacou a contribuição dada por eles à cidade, do turismo à preservação da identidade cultural, e formalizou o pedido pela reunião. Leonides Quadra, como se chama o palhaço Bonito, denunciou restrições à ação dos artistas, com apreensão de materiais e de produtos. “Não é de hoje que existem artistas nos espaços públicos. Na Grécia Antiga, já tinha. Arte de rua não é novidade, ela caminha com a história”, disse.

“Qual a identidade de um povo se ele não pode se expressar?”, perguntou Tico Bonito, aos vereadores. “Um turista americano não vem para Curitiba comer no McDonald’s, nem um nordestino vem para Curitiba comprar roupas de inverno. A arte de rua movimenta o comércio local. Não é competitividade, é complemento”. A leitura na íntegra da carta está disponível no YouTube da CMC. “Acordamos certo dia e descobrimos que não podemos trabalhar, que não podemos mais nos expressar, que temos que nos enquadrar dentro de uma regulamentação que não nos atende”, denunciou o artista de rua.

“Não estamos sós, temos artigos da Constituição [conosco]”, acrescentou Tico Bonito, perguntando “o que faz o direito de uns silenciar o direito de outros?”. “A arte de rua é democrática e está aqui para dialogar de forma justa e humana. Viemos para resolver a situação, queremos uma reunião ainda neste mês para debater a regulamentação”, expressou, em nome do coletivo. Com ele estiveram, em plenário, Ezequiel Camilo dos Santos, Deisy Parno, Monique Oliveira e Bruno Mancuso.

Diversos vereadores assinaram o pedido por uma reunião do Executivo com os artistas de rua e o líder do Executivo na CMC, Pier Petruzziello (PTB), confirmou que pedirá o agendamento do encontro, cabendo à administração decidir pela realização da reunião. Na tribuna, antes, Mestre Pop havia reclamado que a proibição deixava a cidade “triste” e afetava a obtenção “do sustento para a família dos artistas de rua”.