Retorno às aulas com professores vacinados depende do governo federal, diz SMS
Por videoconferência, Alcides Oliveira, da SMS, conversou com os vereadores sobre o enfrentamento da pandemia. (Foto: Carlos Costa/CMC)
Questionado pelos vereadores da Câmara Municipal de Curitiba (CMC) sobre quando os professores serão vacinados, já que o prefeito Rafael Greca teria condicionado a volta às aulas à imunização desses profissionais, Alcides Oliveira, que é o diretor de Centro de Epidemiologia da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), explicou que depende do Ministério da Saúde. “A gente recebe vacina carimbada, para públicos específicos”, disse, resumindo a complexidade do momento.
“Hoje, o Ministério da Saúde [MS], quando envia as vacinas para o estado, faz isso da seguinte forma: tanto para profissionais de saúde, tanto para uma faixa etária específica. A gente tem dificuldade para ampliar rapidamente para outra idade ou categoria, pois o MS manda vacina carimbada, com quantidade, local e público específico”, reafirmou Oliveira, para depois frisar que “a vacina para os professores está contida no nosso [da Prefeitura de Curitiba] plano de contingência e o governo do estado sinalizou isso também”. “Os professores serão vacinados. O problema é quando o MS mandará lote específico para os professores”.
“Se a gente vacinasse hoje os professores, ia faltar para os idosos. A gente tem um obstáculo a ser vencido que se chama governo federal. Ele precisa entender essa ideia e dotar o quantitativo de vacinas para as outras categorias, como professores, forças de segurança. A gente quer vacinar todo mundo”, complementou o diretor da SMS. Solicitada pela Mesa Diretora ao líder do governo, Pier Petruzziello (PTB), a participação de Alcides Oliveira é uma resposta do Executivo a pedidos dos vereadores da CMC, que se queixavam de pouca interlocução com a administração no momento mais grave da pandemia.
O presidente, Tico Kuzma (Pros), coordenou a atividade, com feição de prestação de contas extraordinária ao Legislativo. Dentro do tempo disponibilizado pelo Executivo, além da apresentação do panorama do enfrentamento ao vírus Sars-CoV-2 na cidade, que tem chances de sair do lockdown depois da Páscoa, dez vereadores conseguiram fazer perguntas ao diretor do Centro de Epidemiologia da SMS. Ele respondeu a questionamentos de Ezequias Barros (PMB), Denian Couto (Pode), Dalton Borba (PDT), Marcelo Fachinello (PSC), Maria Leticia (PV), Professora Josete (PT), João da 5 Irmãos (PSL), Marcos Vieira (PDT), Indiara Barbosa (Novo) e Alexandre Leprevost (SD).
“Vai ter pra segunda dose?”
Já que a prefeitura adotou a recomendação do governo federal de não guardar vacinas para garantir a segunda dose a quem já iniciou o processo de imunização, os vereadores questionaram Oliveira sobre a estratégia de Curitiba no caso de faltarem doses. “Se faltar, tem que aguardar a chegada, pois a aquisição [de vacinas] ainda é exclusiva do Ministério da Saúde. Não tem contingência se faltar dose”, respondeu.
Casos graves entre os jovens
“Esta é uma nova pandemia dentro da pandemia, por causa das novas variantes circulando no mundo”, repetiu, várias vezes, Alcides Oliveira. Ele confirmou que o perfil da doença mudou, pois nas ondas anteriores o tempo entre o contágio e o internamento demorava até quatro semanas, mas agora isto pode acontecer em apenas uma, com o agravamento que a doença passou a infectar mais severamente os adultos jovens. “E o adulto jovem permanece por mais tempo internado, então há menor rodízio dos leitos, com reflexo nos números da ocupação”, ponderou.
Bandeira vermelha
Fazendo prognósticos para as próximas semanas, o diretor da SMS indicou que há queda no número de casos ativos, mas os óbitos continuarão se apresentando como um desafio, em razão da quantidade elevada de pessoas internadas. “O mundo inteiro usa a estratégia [do lockdown], que é por tempo determinado, para desafogar o sistema de saúde, que precisa de fôlego para atender, internar e recuperar as pessoas”, defendeu Oliveira, afirmando que é do conhecimento da SMS que a efetividade das restrições diminuem no tempo, “pois há um cansaço da sociedade e prejuízo para o setor econômico”. “O cenário é incerto por causa da nova variante. O vírus tem se adaptado, de forma que segue sendo agressivo ao organismo”.
Contaminação nos ônibus
À frente do Centro de Epidemiologia, Oliveira discordou que haja maior risco no transporte coletivo que em outras atividades. “O transporte [nos ônibus] por si só não é transmissor, pois em ambientes controlados tem menos transmissão. Se houver limite de lotação e uso de máscara, o risco é menor”, afirmou, acrescentando que não há risco zero. “Temos um monitoramento dos casos confirmados e das pessoas que frequentam o transporte público. Cruzamos as informações semanalmente e temos um controle disso, com nome e CPF”, garantiu.
“A culpa é do comportamento”
Questionado sobre a volta às aulas e a reabertura das academias, Alcides Oliveira disse ser pessoalmente favorável a ambas, mas que é preciso uma mudança de conduta para que seja viável combinar as atividades com o enfrentamento da pandemia. “A culpa é do comportamento. Precisamos aprender a conviver com o vírus”, insistiu, falando em distanciamento social, uso de máscara, assepsia com álcool em gel e combate das aglomerações. “A gente quer que tudo volte a funcionar, com rigor e com controle”.
“Não adianta baixar a cabeça e fazer de conta que o problema não existe. É um esforço. É um momento que exige muita responsabilidade. Não dá para observar 40 mortes por dia, dentro da nossa cidade, e achar que isso é normal”, disse o diretor da SMS. Ele afirmou que as equipes estão cansadas, após um ano enfrentando a pandemia, mas que a administração está aberta a sugestões. “Onde há grandes concentrações de pessoas, há maior transmissão. Para conter a transmissão precisamos de conduta segura”.
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