Resíduos sólidos geram debate na Câmara

por Assessoria Comunicação publicado 20/09/2007 20h40, última modificação 17/06/2021 10h11
“No momento em que as questões mundiais estão voltadas para o meio ambiente, nada melhor do que debatermos os problemas gerados pelos resíduos sólidos, oferecendo informações técnicas úteis e necessárias para minimizá-los.” A afirmação é da presidente da Comissão de Urbanismo e Obras Públicas, vereadora Roseli Isidoro (PT), na abertura do Seminário sobre Resíduos Sólidos, nesta quinta-feira (20). O evento, no auditório do Anexo II da Câmara de Curitiba, contou com a presença do presidente da Casa, João Cláudio Derosso (PSDB), e de vários palestrantes. Para ele, a importância desse debate não diz respeito somente a Curitiba. “Por isso, temos muitos representantes dos municípios vizinhos aqui reunidos”, disse Derosso, complementando que o encontro seria proveitoso para todos.
Conforme o diretor do Departamento de Meio Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente, Silvério Costa, no Brasil, o índice de reciclagem é de 11%. Das 154 mil toneladas de lixo produzidas por dia 78% são de lixo doméstico. Costa falou sobre a política nacional de resíduos sólidos e elaborou um diagnóstico dos programas que estão sendo implementados com as novas tecnologias. Foi apresentado na Câmara projeto que cria a Política Nacional de Resíduos Sólidos, cujos destaques são o saneamento básico, a redução, reutilização e reciclagem.
O presidente da Assomec, Antônio Wandscheer, disse que “os catadores são escravos da sociedade organizada”. Na sua opinião, é preciso transformá-los em empreendedores, condição que deve ser dada pelo poder público. Destacou, ainda, o projeto do consórcio intermunicipal do lixo. “Estamos trabalhando para atender as questões ambiental e financeira”, concluiu. Já Marilza Lima, representante da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, lembrou que a vida útil do aterro sanitário da Caximba expira no ano que vem, mas que ele deve deixar um passivo ambiental a ser administrado pelos próximos 30 anos.
O programa Desperdício Zero foi tema da palestra do representante da Secretaria Estadual do Meio Ambiente. Laerty Dudas comentou o sucesso da iniciativa, que já conta com 208 parceiros e disse que a solução se resume, basicamente, em educação, marketing, treinamento e capacitação de multiplicadores, que divulgam programas como o do reaproveitamento do óleo vegetal e da cozinha alternativa.
A empresa Lethieu, que é brasileira e atua em países como Alemanha, Bélgica, Irlanda África, explicou seu trabalho de tratamento de resíduos.
Responsabilidade
As ações de produção e reciclagem da empresa Tetra Pak foram detalhadas por Eliana Prado, do setor de comunicação da empresa. “O produto da Tetra Pak mais conhecido do consumidor é a caixinha de leite, aceita entre 95% dos usuários brasileiros”, explicou, informando que o material reciclado protege o alimento e o meio ambiente, sendo composto por 75% de papel, 20% de polietileno (plástico) e 5% alumínio, recursos naturais renováveis e totalmente recicláveis. Eliana comentou que a tecnologia da reciclagem que a empresa utiliza teve início no Brasil e atualmente está sendo exportada. Ano passado, com a reciclagem de embalagens longa vida, foram gerados R$ 80 milhões e mais de 45 mil toneladas de material. “Ainda é necessário trabalhar a educação pela reciclagem doméstica”, finalizou.
Com 30 anos de atividade, a empresa Tibagi Sistemas Ambientais, tem como principal objetivo implantar sistemas integrados para maximizar o reaproveitamento do lixo e diminuir os impactos ambientais, causados principalmente pelos aterros sanitários. A atividade foi explicada por Nilson Soares e consiste em três etapas: a coleta domiciliar seletiva (separação dos resíduos secos dos orgânicos), o tratamento mecânico e a compostagem acelerada, processo de transformação de materiais grosseiros em orgânicos utilizáveis na agricultura. Os produtos finais, de acordo com Soares, são materiais recicláveis (alumínio, papel, papelão e vidro), combustíveis sólidos alternativos, como o álcool, e composto orgânico, que retorna ao solo, como o húmus de altíssima qualidade. “A medida acarreta benefícios ambientais, aproveitamento do lixo, geração de empregos diretos e indiretos, entre outros”, garantiu.
Proposta
Não havia mais espaço para lixo no Aterro da Caximba, em Curitiba. Para tentar solucionar o problema, o Ministério Público (MP) fez um acordo com a Prefeitura de que produtos recicláveis não poderiam mais ser depositados no local. Os índices de reciclagem no Paraná chegam a apenas 25% de todo o lixo. Para falar sobre o assunto, Saint-Clair Honorato Santos, do MP, citou o exemplo da cidade paranaense de Bituruna, que utiliza a reciclagem como forma de trabalho. “A cidade proporciona dignidade à população e não necessita de aterro”, disse, completando que dos 399 municípios do Paraná, 250 possuem aterros sanitários, “verdadeiro empilhamento de lixo”, considerou.
Para Santos, os índices de reciclagem no Paraná não sobem porque o poder público não quer o lixo orgânico para fazer a compostagem. “O custo da instalação da proposta é baixo. Em Bituruna, não passa de R$ 13 mil ao mês, incluídos os salários e INSS de todos os trabalhadores da reciclagem”.
Em Curitiba, após o apelo do MP quanto às sacolas retornáveis nos supermercados, 48% acataram instantaneamente, enquanto alguns deram outras sugestões, acharam outra solução ou aguardam legislação para a mudança. Após a explanação dos palestrantes, foi aberto debate sobre a lei do Consórcio Metropolitano de Resíduos Sólidos. A mesa foi dirigida pelo vereador Serginho do Posto (PSDB).
Sugestão
Saint-Clair Santos comentou sobre o retorno das garrafas long neck, que são de responsabilidade do fabricante, além das indústrias de pneus, pilhas e baterias. “Tudo o que pode ser reciclado deve ser devolvido às indústrias”, considerou.