Redução de carga horária de disciplinas no ensino médio é debatida na CMC

por Pedritta Marihá Garcia — publicado 12/05/2021 17h58, última modificação 12/05/2021 17h58
A redução da carga horária das disciplinas de Arte, Filosofia e Sociologia na grade curricular do ensino médio do Paraná, de duas para uma aula por semana, foi debatida na Tribuna Livre.
Redução de carga horária de disciplinas no ensino médio é debatida na CMC

Para o professor Jair Mario Gabardo Junior, a instrução normativa da SEED para diminuir a carga horária das três disciplinas de humanidades representa um retrocesso nos avanços educacionais dos últimos anos. (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)

A redução da carga horária das disciplinas de Arte, Filosofia e Sociologia na grade curricular do ensino médio do Paraná, de duas para uma aula por semana, foi debatida na Tribuna Livre da Câmara Municipal de Curitiba (CMC) desta quarta-feira (12). A convite de Carol Dartora (PT), o presidente da Associação do Professorado de Arte do Paraná (APROAP), Jair Mario Gabardo Junior, apresentou aos vereadores os impactos da medida para a comunidade escolar. A fala ocorreu no final da sessão plenária, que foi transmitida pelas redes sociais e está disponível no canal do YouTube do Legislativo

Graduado em Dança pela Unespar (Universidade Estadual do Paraná) e doutorando em Educação na linha de pesquisa Linguagem, Corpo e Estética pela UFPR (Universidade Federal do Paraná), Jair Gabardo Junior é professor na rede pública estadual de ensino, contratado por PSS (processo seletivo simplificado). Ao plenário, ele afirmou que a instrução normativa da SEED (Secretaria de Estado da Educação e do Esporte) para diminuir a carga horária das três disciplinas de humanidades representa um retrocesso nos avanços educacionais dos últimos anos.

O presidente da APROAP defendeu que Arte, Filosofia e Sociologia são disciplinas necessárias para a formação cultural e o desenvolvimento individual dos alunos. Ao diminuir o número de aulas por semana, os estudantes das escolas públicas do Paraná, “passam a ter reduzida a possibilidade de experimentação e experiência” que essas disciplinas “privilegiam em suas esferas educativas”. “Redução de saber não é o ideário da educação e isso não somos só nós que falamos”, disse, ao considerar “pouco substancial” o argumento da SEED para diminuir a carga horária dessas disciplinas “para a inclusão de outras disciplinas como educação financeira, para a adequação da base nacional comum curricular”.

Ainda segundo Jair Gabardo Júnior, a redução da carga horária dificulta não só a aplicação de um plano pedagógico, como torna “o trabalho impraticável”, principalmente com o aumento do número de turmas e escolas, e com aulas sendo ministradas em ambiente digital, em função da pandemia da covid-19. Ele citou como exemplo sua própria rotina como docente que, “com o rateio das aulas”, agora só tem quatro turmas por semana. “Como um professor sobrevive dando apenas quatro aulas semanais? Eu estou com apenas quatro aulas e estou em duas escolas diferentes, com dois projetos pedagógicos diferentes.”

A mudança na grade curricular do ensino médio, complementou o professor, teria sido “arbitrária” porque não passou por consulta à comunidade escolar. Aos vereadores, Jair Gabardo Junior solicitou a apresentação de uma moção de apoio às escolas, professores e alunos do ensino médio da rede estadual de ensino à elaboração de grade “de saberes comuns e não hierárquicos” cujos componentes curriculares de Artes, Filosofia e Sociologia façam parte de uma carga horária coerente com as demandas epistemológicas e pedagógicas.

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