Rede municipal de ensino pode implantar rodas de conversas integradas

por Pedritta Marihá Garcia — publicado 23/03/2021 15h30, última modificação 23/03/2021 15h30
Projeto protocolado na CMC cria diretrizes para o aprimoramento da educação especial, por meio de rodas de conversas integradas com foco na inclusão de estudantes com deficiência.
Rede municipal de ensino pode implantar rodas de conversas integradas

As rodas de conversas integradas terão, entre outras finalidades, a de assegurar a integração de políticas de atendimento entre a sala de aula regular e o atendimento especializado. (Foto: Carlos Costa/CMC).

Está em tramitação na Câmara Municipal de Curitiba (CMC) o projeto de lei da vereadora Flávia Francischini (PSL) que estabelece diretrizes para o aprimoramento da educação especial, por meio das "rodas de conversas integradas", que serão realizadas com a finalidade de apoiar os estudantes com deficiência e seus familiares na inclusão escolar, no âmbito do sistema público de ensino da educação básica da cidade. A iniciativa começou a tramitar no dia 10 de março, com sua leitura no pequeno expediente da sessão plenária.

Conforme a proposta (005.00081.2021), as unidades que integram a rede municipal da educação básica deverão implantar as rodas de conversas, assegurando a participação dos estudantes com deficiência e de suas famílias, preferencialmente de forma a não prejudicar o tempo da jornada escolar dos alunos. Também poderão participar desses encontros, professores, funcionários ou membros do conselho escolar, além de profissionais que possam agregar conhecimentos e esclarecimentos aos temas que serão debatidos e entidades sociais que quiserem participar de forma voluntária.

As rodas de conversas integradas terão, entre diversas finalidades, a de abordar a problemática da aprendizagem inclusiva e da acessibilidade assegurada no cotidiano escolar; de debater preocupações e sugestões dos pais e familiares, pertinentes ao desenvolvimento dos atendimentos educacionais especializados; de assegurar a integração de políticas de atendimento entre a sala de aula regular e o atendimento especializado; e de apontar as deficiências nos trabalhos realizados com os alunos com necessidades especiais.

Segundo Flávia Francischini, o projeto vai apoiar os estudantes com deficiência, seus familiares, professores, pedagogos e toda a comunidade na relação com o sistema público municipal de ensino. “A ideia surgiu em debate com a Rede de Mães Inclusivas (REMI), mães que possuem filhos com algum diagnóstico, alguma deficiência, e que através das suas experiências diárias, trouxeram a carência e necessidade de que existissem, nas escolas públicas, reuniões e palestras para que a comunidade escolar aprenda a conviver e a incluir essas crianças”, informou.

A vereadora também argumenta que a regulamentação vai aprimorar o Estatuto da Pessoa com Deficiência (lei federal 13.146/2015), que garante a educação como direito da pessoa com deficiência, “assegurados sistema educacional inclusivo em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda a vida, de forma a alcançar o máximo desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e sociais, segundo suas características, interesses e necessidades de aprendizagem”.

Encontros mediados
O projeto ainda regulamenta que os encontros serão intermediados. O mediador será eleito por votação dos presentes entre aqueles que se habilitarem à função. Quem for escolhido vai mediar as rodas de conversa por um ano e, além de coordenar os trabalhos, terá a função de assegurar a participação do grupo nas audiências públicas municipais relacionadas à educação, “de forma a fazê-lo representar as respectivas escolas, no tocante à educação inclusiva”; e de remeter ao Conselho Tutelar as principais queixas e eventuais denúncias que forem feitas nas rodas de conversa.

A matéria também estabelece a previsão, no calendário escolar e com periodicidade mínima semestral, de audiências públicas sobre as políticas de inclusão, com a finalidade de atualizar informações, obter dados e detectar eventuais problemas em sua execução. Os debates deverão contar com a presença dos mediadores escolares e representantes da Secretaria Municipal da Educação (SME) de Curitiba. Caberá, à Prefeitura de Curitiba, a regulamentação da lei para garantir a sua efetiva execução.

Tramitação
Protocolado no dia 9 de março, o projeto de lei começou a tramitar oficialmente na CMC no dia seguinte, após ser lido no pequeno expediente da sessão plenária. Atualmente, a matéria está sob a análise da Procuradoria Jurídica (Projuris) para instrução técnica. Depois, segue para as comissões temáticas do Legislativo. Durante a análise dos colegiados, podem ser solicitados estudos adicionais, juntada de documentos faltantes, revisões no texto ou o posicionamento de outros órgãos públicos afetados pelo teor da proposta. Depois de passar pelas comissões, o projeto segue para o plenário e, se aprovado, para sanção do prefeito. A lei, se sancionada, entrará em vigor 90 dias após sua publicação no Diário Oficial do Município.