Recuperação de rios deve ser integrada com a RMC
A reunião da Comissão da Água desta quinta-feira (10) reuniu vereadores e diversos representantes de entidades com conhecimento na área de preservação ambiental e a questão da água em Curitiba. A intenção foi ouvir opiniões diferentes da administração pública para auxiliar na elaboração do relatório da comissão e de leis que possam ser propostas na Câmara para melhorar a condição da água em Curitiba. Entre as decisões tomadas durante a reunião, por proposta do vereador Algaci Tulio (PMDB), a comissão decidiu chamar autoridades municipais da região metropolitana para que a questão seja discutida em conjunto, já que a água que chega em Curitiba tem influência direta dos municípios vizinhos, assim como a água que sai.
Estiveram presentes na reunião o promotor Roberson Fonseca de Azevedo, da promotoria do Meio Ambiente do Ministério Público; a professora do departamento Teoria e Prática de Ensino do Setor de Educação da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Christiane Gioppo; a presidente do Museu Marinho, Cristina Portela; o presidente do Instituto Mata Atlântica, Luiz Antônio Idalêncio, e representantes do Rotary Clube Internacional, Alcino de Andrade Tigrinho, Ronei Luiz Andretta e o governador do Distrito 4730 do Rotary, Estefano Ulandowski. Os vereadores que compõem a comissão são Francisco Garcez (PSDB), presidente, Caíque Ferrante (PRP), relator, Jonny Stica (PT), Algaci Tulio (PMDB), Julieta Reis (DEM), Zé Maria (PPS), Juliano Borghetti (PP), Tico Kuzma (PSB) e Felipe Braga Côrtes (PSDB).
"Reunimos pessoas hoje que têm informações de estudos que vêm sendo feitos há muito tempo e, com isto, estamos complementando nosso arquivo de denúncias, para que possamos fazer visitas a alguns locais e complementar nosso relatório", ressalta o vereador Francisco Garcez, presidente da comissão.
A ideia de complementar os trabalhos da comissão com a RMC foi referendada por todos os vereadores. "Sugeri um debate com a região metropolitana porque não adianta discutirmos só em Curitiba se o rio não tem fronteira. É importante esta discussão para entendermos o que cada município está fazendo na área. Esta comissão, aos poucos, está juntando elementos para cobrar uma postura das entidades responsáveis pela água", ressalta Algaci Tulio.
A proposta surgiu após o depoimento do presidente do Instituto Mata Atlântica, que mora em Piraquara há 30 anos e revela que há somente 30% de esgoto saneado na cidade. "A cidade comporta as nascentes do Rio Iguaçu. Piraquara é uma área de mananciais e infelizmente nos últimos dez anos não tivemos quase investimentos na questão de saneamento", explica. Segundo ele, o esgoto vai direto para os rios e Curitiba recebe água de Piraquara para abastecimento. "A lei deve estabelecer rigor para a preservação da água porque ela é um alimento, usa-se para beber, cozinhar. Esta contaminação está trazendo sérios problemas às pessoas e animais", alerta. Além de leis mais rígidas e um investimento pesado em saneamento na cidade de Piraquara, ele defende a educação nas escolas “As crianças são uma semente boa. Na mão delas está o futuro e o que você ensina elas aprendem.” O vereador Juliano Borghetti concordou com a opinião do presidente do instituto. "Acredito que seja importante começar desde cedo a trabalhar nas escolas com a educação para as crianças com relação às questões ambientais. É necessário ter uma matéria para ensinar as crianças. Outro ponto importante é multar as empresas que não seguem as normas exigidas e jogam lixo e poluentes nas águas" afirma.
O promotor Azevedo informou que o Ministério Público vem acompanhando as questões ambientais referentes à água. Ele contou que já existe uma ação civil pública do MP contra a Sanepar para retirar os esgotos dos fundos de vale. "Poderemos ser úteis à comissão na parte que necessite de encaminhamento judicial, para que tomemos as providências cabíveis", complementa.
A equipe do Rotary falou sobre um trabalho chamado Fórum Pró Barigui, de recuperação do rio, que o clube vem fazendo há dois anos. Foi proposto aos vereadores que sugiram a realização de áreas de contenção de rios, para que não haja infiltração das águas poluídas em aquíferos, como o Karst e Guarani.
Contaminação
A professora Christiane Gioppo trabalha com educação ambiental e realizou um estudo do rio Pinheirinho, que fica no bairro Novo Mundo, juntamente com alunos do Colégio Estadual Newton Ferreira da Costa, no bairro Lindóia. Ela alertou para a emissão de metais pesados e hormônios lançados nos esgotos que vão direto para os rios. De acordo com ela, apesar da água ser tratada, não é medido o nível de chumbo e mercúrio e também hormônios que ainda ficam na água que é ingerida pela população. "Estes metais pesados e resíduos de anticoncepcionais femininos podem trazer problemas genéticos para crianças que vão nascer", diz.
Requerimento
A Comissão da Água também encaminhou requerimento à prefeitura para que inclua no Anel de Conservação Sanitário Ambiental de Curitiba o Rio Pinheirinho. O pedido foi realizado por estudantes de Biologia da UFPR e do Colégio Estadual Newton Ferreira da Costa, durante uma visita da comissão à escola, na semana passada. Após um trabalho coordenado pela professora Christiane Gioppo, eles traçaram um diagnóstico do rio, que integra a bacia do Belém, e constataram que muitas pessoas que moram próximas não sabem se suas casas despejam esgoto diretamente no Pinheirinho. "Foi um compromisso que fiz com os alunos e o colégio de fazer este requerimento e agora estamos cumprindo", diz o vereador Francisco Garcez.
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