Reclamação sobre entulhos vira debate sobre papel do vereador
"Se eu tivesse [uma retroescavadeira], eu faria", afirmou Toninho da Farmácia (PDT) em plenário, na segunda-feira (22), ao pedir que a Prefeitura de Curitiba recolha entulhos da praça em frente à Unidade de Saúde Vila Verde, no bairro Cidade Industrial de Curitiba (201.00281.2017). O parlamentar diz que é serviço para "equipe de roçada profissional", pois "exige caminhão, retroescavadeira". Na ocasião, ele contou que havia procurado a administração regional, sem obter uma solução para o problema.
No dia seguinte à queixa, na terça-feira (23), Toninho da Farmácia voltou ao plenário para retomar o assunto. Disse que foi procurado pela prefeitura. "Se a coordenadora técnica [da Regional da CIC] se sentiu ofendida, então quero pedir desculpas. Mas queremos a solução daquela situação, que aquele terreno seja limpo. Não quero atingir qualquer pessoa que seja. Peço desculpas, ma acho que todos têm compromisso em trabalharmos juntos. O terreno nunca ficou abandonado da forma que está. Fui lá [na Regional], mas saí sem solução, por isso fiz o pronunciamento aqui, defendendo o direito do povo", desculpou-se.
Atribuições do vereador
Toninho apontou que o desabafo na tribuna era para alertar a prefeitura, "no começo de uma gestão", pois ele tinha duas preocupações: com a população e com a imagem do prefeito Rafael Greca. "Eu sou da base do prefeito, não adianta dizer que não sou, porque sou. Mesmo estando na base, é meu dever e obrigação defender o cidadão que mora no bairro", afirmou, citando que na praça fica o ponto final da linha de ônibus Bosch. "O mau cheiro faz as pessoas aguardarem [o ônibus] do outro lado da rua."
"O prefeito não tem como saber que lá tem praça cheia de entulho se não levarmos a informação até ele", justificou Toninho da Farmácia, depois de elogiar o secretário do Governo Municipal, Luiz Fernando Jamur, para em seguida atribuir a responsabilidade pelo acúmulo de entulhos na praça à administração regional. Ele foi aparteado por Jairo Marcelino (PSD), que apoiou o raciocínio, mas disse não ser papel do vereador fiscalizar a realização, ou não, de roçadas.
"Não é função do vereador tapar buraco, mandar cortar grama", disse Marcelino, membro da Câmara Municipal desde 1983, já no oitavo mandato consecutivo. "E, de fato, o prefeito não tem que saber [do entulho]. Isso cabe à [administração] regional, que está cheia de funcionários. Que vá correr o bairro, [pois] é serviço dos gestores", respondeu. Toninho discordou. Disse entender que fiscalização também é atribuição dos vereadores. Rogério Campos (PSC) e Oscalino do Povo (PTN) também pediram mais atenção à manutenção das vias públicas nos bairros periféricos da cidade.
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