Rafael Greca:"por que copiar Bogotá, que copiou Curitiba?"

por Assessoria Comunicação publicado 07/10/2015 15h50, última modificação 04/10/2021 09h07

O espaço destinado à tribuna livre desta quarta-feira (7) foi ocupado pelo ex-prefeito e ex-ministro Rafael Greca de Macedo, que falou sobre as políticas públicas e o urbanismo de Curitiba. “Retorno com alegria à tribuna dessa Casa, onde na condição de vereador, ajudei a criar o grupo Pró-Cidade, que buscava discutir o urbanismo e as transformações vividas pela cidade. Em 1º de janeiro de 93, tive a alegria de, nesse mesmo espaço, ser investido na função de prefeito”, lembrou.

Sobre seu trabalho à frente da prefeitura, Greca destacou algumas ações, entre elas “o programa Tudo Limpo, o restaurante de R$ 1,00, a Fazenda Solidariedade, o Vale Vovó, as cartilhas curitibanas com a história da cidade para crianças. Além disso, construimos seis ruas da cidadania, 45 faróis do saber, implantamos 140 km de asfalto, adquirimos para o município 98 ônibus biarticulados e ainda implantamos 12 dos 20 parques da cidade. Todas essas ações não dependeram de recursos federais. Foram feitas apenas com a alegria de ser curitibano”, frisou.

Greca usou a tribuna no dia da votação do Plano Diretor. Como funcionário do Ippuc, ele destacou a importância dessa votação para o planejamento da cidade. “Convém restaurar a esperança dos curitibanos. Tenham a alegria de criar o novo, mas não queiram copiar São Paulo, que copiou Bogotá e Medelín. Essas cidades sul-americanas copiaram Curitiba. Estaríamos copiando a nós mesmos”, alertou.

Ele destacou a importância da Câmara enquanto reguladora das políticas da cidade. “Em 1721, o provedor Ouvidor Raphael Pires Pardinho, em visita à Curitiba, recomendou aos habitantes que não deixassem suas casas em abando no rocio da cidade e que não fossem indiferentes a um ser humano caído nas calçadas”, disse. “Se ouvíssemos os provimentos de Pardinho, não teríamos assistido ao incêndio nos últimos dias da antiga Casa de Portugal na rua Paula Gomes, um prédio público municipal abandonado. Se tivéssemos prestado atenção às palavras do ouvidor, não teríamos aquela quantidade de moradores de rua caídos entre a rua André de Barros e a Visconde de Guarapuava, todos à espera de que alguém tome uma iniciativa humanista”, acrescentou.

Greca estranhou que a secretária municipal de finanças Eleonora Fruet manifeste que será impossível cumprir 60% das metas previstas no orçamento de 2016 porque essas ações também dependem da transferência de recursos federais. “Isso é preocupante pois há questões urgentes como a linha Interbairros II, os terminais do Capão da Imbuia e da Vila Centenário. Outra situação inquietante é o término da Linha Verde, única obra financiada junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) que ainda não foi concluída”, reclamou.

Rafael Greca de Macedo esteve na Casa a convite do vereador Chico do Uberaba (PMN), que saudou o convidado e lembrou da sua trajetória: “Filho de Teresinha Greca e de Eurico de Macedo, o engenheiro Rafael Greca é casado com a jornalista Margarita Sansone e é funcionário concursado do instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc)”. Chico do Uberaba continou destacando o currículo do convidado. “Greca também é escritor, poeta e pesquisador da história da cidade, sendo membro de instituições culturais como a Academia paranaense de Letras e do instituto Histórico e Geográfico do Paraná”, disse.

Manifestações
O vereador Jorge Bernardi (Rede) louvou a presença do ex-prefeito Rafael Greca, mas disse que, ao término do mandato no executivo em 1997, Curitiba estava com uma dívida de aproximadamente R$ 350 milhões de reais. Segundo o vereador, essa quantia atualizada pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) para o mês de setembro de 2015 equivale a aproximadamente R$ 1,5 bilhão. “É proporcionalmente o dobro da dívida deixada pelo ex-prefeito luciano Ducci, que foi de R$ 572 milhões”, lembrou Bernardi.

Ele frisou que na época “não havia a Lei de Responsabilidade Fiscal, o que obrigou o município a autorizar empréstimos conhecidos como Antecipações de Receitas Orçamentárias (AROs), que hoje são extintas, para saldar a referida dívida”, disse Bernardi.

Jonny Stica (PT) rebateu as críticas de Greca às emendas ao projeto de lei que revisa o Plano Diretor da cidade. De acordo com o vereador, “Curitiba não está copiando nada de São Paulo. Cada cidade tem suas características e mesmo que a iniciativa fosse idêntica, geraria resultados diversos”, pontuou.