Projetos Nova Escola e Ecoparque foram temas da Tribuna Livre

por João Cândido Martins de Oliveira Santos | Revisão: Ricardo Marques — publicado 14/06/2023 17h35, última modificação 15/06/2023 11h52
Fundamentado num empreendimento imobiliário, o projeto pretende proporcionar educação, qualificação profissional e geração de renda.
Projetos Nova Escola e Ecoparque foram temas da Tribuna Livre

A Tribuna Livre dessa quarta (14) teve a presença do empresário Francisco Simeão, cofundador dos projetos Escola Nova e Ecoparque. (Rodrigo Fonseca/CMC)

A Tribuna Livre dessa quarta (14) teve a participação do empresário e ex-secretário estadual da indústria e comércio Francisco Simeão, que é um dos cofundadores do projeto educacional Nova Escola. O convite foi feito pelo vereador Professor Euler (MDB), para quem o projeto é inovador e sem similar no Brasil. “Esta é uma ideia que, se puder ser aplicada no máximo possível de municípios do Brasil, vai fazer diferença”, disse o parlamentar.

Estavam presentes durante a realização da Tribuna Livre as seguintes autoridades: Leverci Silveira Filho, secretário municipal extraordinário para o desenvolvimento da Região Metropolitana de Curitiba; Renato Adur, superintendente de relações institucionais da Casa Civil do governo do estado; e Ocalil Vieira, presidente Câmara Municipal de Nova Tebas-PR.

Euler explicou que, durante uma conversa com Simeão, na qual o empresário esclareceu os fundamentos do projeto, percebeu que estava falando com alguém especial. “Ele me disse: eu não faço negócio se esse negócio não me trouxer o lucro da alma”, afirmou o vereador que esclareceu que o “lucro da alma” pode ser atingido quando o empreendimento está acompanhado por preocupações de ordem social. Ainda para Euler, Curitiba tem espaço para que o projeto seja implantado e, de acordo com ele, os demais vereadores podem ajudar a propagar a ideia para que ela seja disseminada pelo Brasil.

Educacional e imobiliário

O empresário Francisco Simeão explicou que o projeto, surgido em 1994, tem dois pilares fundamentais: um educacional e outro de natureza imobiliária. A ideia, no campo do ensino, é proporcionar educação de qualidade em tempo integral a alunos na faixa etária dos 11 aos 14 anos provenientes de famílias de baixa renda selecionados na escola pública. “Em 1998, as crianças que entraram no projeto em 1994 começaram a prestar vestibular, e tivemos 100% de aprovação. De lá pra cá, o resultado é de 100% de aprovação em todas as franquias, sendo muitos classificados nas primeiras colocações desses certames. “Nesses 28 anos, os alunos do Nova Escola se tornaram médicos, engenheiros, advogados e professores, entre outras categorias profissionais”, afirmou o empresário. Ainda de acordo com ele, o projeto significa uma revolução no ensino básico com a inclusão no currículo de política, cidadania, empreendedorismo, computação e inglês. 

Posteriormente, foi criado o projeto Bom Aluno Ecoparque, cujo grande mérito, segundo Simeão, é o desenvolvimento educacional dos alunos acompanhado pela geração de riqueza na base. Ele contou que, após experiências empresariais na Amazônia, percebeu que era possível inocular nas pessoas de baixa renda o desejo de ganhar salários melhores. “Essas pessoas passaram a ter a ambição de crescer na vida, ao ponto de termos de convencê-los de que poderiam trabalhar no máximo 12 horas por dia. Eles queriam trabalhar 16 horas, mas havia riscos”, explicou o empresário. 

Ecoparque

Em seguida, o empresário comentou os aspectos imobiliários do projeto Ecoparque. No seu entendimento, trata-se do melhor empreendimento imobiliário do mundo, e que preza pela preservação do meio ambiente. “Como o projeto Bom Aluno Ecoparque, não há nada parecido no mundo, e posso afirmar que também é o projeto de maior valor político no Brasil hoje”, garantiu. Um vídeo produzido para a divulgação do projeto esclareceu que uma vila da cidadania será construída em cada um dos Ecoparques e, para estimular professores e alunos, as escolas de ensino fundamental terão a meta de atingir nota 8 no Ideb. O esforço dos profissionais de ensino que atingirem nota 7 no Ideb será premiado com mil dólares para cada um no final do ano, e os melhores 200 alunos e 50 professores de cada empreendimento ganharão 500 dólares e uma viagem à Disney de dez dias com tudo pago. “O primeiro voo para Orlando está previsto pra 2026 com 200 alunos e 50 professores do Ecoparque Cascavel”, informou Simeão.

O empresário disse que o projeto tem o apoio dos governos federal e estadual. “Os alunos no Ecoparque serão formados em computação, jardinagem, panificação, carpintaria, cuidado com idosos, etc". Tal qualificação em tempo integral possibilitará, de acordo com Simeão, que os pais dessas crianças tenham mais tempo disponível para buscar melhores remunerações em trabalhos com carteira assinada e que possam iniciar suas microempresas. “Além disso, o projeto oferece a casa dos sonhos. Habitações sustentáveis populares com os preços do Minha Casa Minha Vida”, informou.

Os Ecoparques serão compostos por edifícios de 15 andares com distância de 50 metros entre eles. Serão apartamentos de alto padrão. Só no Paraná, nos próximos 10 anos, o Ecoparque poderá entregar mais de 80 mil residências sustentáveis. “Esse projeto imobiliário é uma ferramenta para que consigamos atingir o nosso objetivo educacional. É a nossa alavanca e queremos ajudar quem quer ser ajudado. Se o indivíduo está satisfeito em ganhar R$2.500,00 por mês, ele não está inserido no espírito do projeto. Nossa meta é que esses trabalhadores recebam R$8.000,00 por mês, como acontece nos Estados Unidos”, garantiu Simeão.

Outra intenção do projeto educacional é que haja empresário mirins com 14 anos, proprietários de 99% das ações da sua empresa, sendo que o 1% restante seria do responsável legal. Ainda sobre a proposição imobiliária, Simeão disse que o valor do imóvel é de R$ 300 mil, mas vai ser negociado por R$219 mil, que é o patamar da Caixa. “A construção de uma fábrica dessas é orçada em R$200 milhões. Com 45 unidades espalhadas pelo país, poderíamos resolver o déficit habitacional no Brasil”, declarou.

Perguntas

Em resposta a Herivelto Oliveira (Cidadania), Simeão disse que a principal obrigação de um empresário é gerar lucro e, de acordo com ele, seria uma hipocrisia negar isso. Mas nada impede, conforme o empresário, que o empreendedorismo também abarque pretensões educacionais. “É interessante para o empresariado que as pessoas ganhem mais, pois, assim, elas consomem mais. E para ganhar mais, é necessário que a qualificação profissional seja uma realidade”, disse. Pier Petruzziello (PP) indagou quais foram as maiores dificuldades enfrentadas na criação do projeto e quais seriam os maiores desafios. Simeão entende que essa reformulação do ensino é fundamental para que o projeto seja levado a efeito. “Os educadores do Ecoparque não precisariam ser professores concursados. Poderíamos contar com o apoio de pessoas contratadas e aposentados”, propôs o empresário. Simeão disse que a ideia é implantar 3 parques no estado do Paraná.

A vereadora Indiara Barbosa (Novo) perguntou sobre qual seria exatamente o papel da administração pública na implantação do projeto. Simeão disse que o projeto pode ajudar a “desfavelizar” o Brasil, mas, para isso, seria necessária a iniciativa do poder público no sentido de desapropriar essas áreas e transferir essas populações para os Ecoparques, onde eles poderão adquirir seus imóveis com preços compatíveis com o Minha Casa, Minha Vida. Tito Zeglin (PDT), 1º vice-presidente da Câmara, lembrou ter sido o autor da concessão do título de cidadão honorário de Curitiba a Francisco Simeão. “Ofereci o título não pelo que você já fez por nossa cidade, mas pelo que ainda pode vir a fazer”, afirmou o parlamentar. Amália Tortato (Novo) se disse feliz por saber que esse empreendimento pode despertar a ambição nas pessoas pela busca de uma vida mais confortável. “Devemos acreditar no melhor das pessoas”, afirmou a parlamentar.