Programa de prevenção à diabetes é apresentado na Tribuna Livre da Câmara
Angela Nazario contou que, em 2030, a estimativa é que 21,6 milhões de brasileiros sejam diabéticos. (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)
Com o tema “Diabetes: educação e monitorização da doença em Curitiba”, a Tribuna Livre da Câmara Municipal debateu a importância da prevenção desta doença, que é a principal causa de cegueira e de amputação de membros no mundo, e no Brasil. No plenário, a presidente do Instituto da Pessoa com Diabetes (IPD), Angela Nazario, apresentou os números do programa de prevenção que a entidade desenvolve na rede municipal de ensino da capital paranaense.
A participação da convidada, que é médica endocrinologista, foi uma iniciativa de Alexandre Leprevost (União). O vereador tem a prevenção e combate à diabetes como uma de suas bandeiras. No mundo, 537 milhões de pessoas vivem com a doença. No Brasil são 16,8 milhões de diabéticos, sendo que o nosso país é o segundo no planeta com o maior número de mortes em decorrência de diabetes tipo 1. Em Curitiba, são cerca de 60 mil pessoas vivendo com o diagnóstico da doença.
O vereador é autor da lei municipal 16.083/2022, que criou o Programa ABC Diabetes, de conscientização de crianças e adolescentes sobre a doença. O intuito da norma era que o Dia Mundial da Diabetes, 26 de outubro, passasse a ser referência para a distribuição, nas escolas públicas e privadas, de material didático alinhado às cartilhas do projeto KIDS e da Federação Internacional de Diabetes.
Hoje, por coincidência, a Tribuna Livre foi realizada no Dia Nacional da Diabetes, informou o vereador, em plenário. “O Instituto da Pessoa com Diabetes é uma organização sem fins lucrativos, comprometida com a saúde e que realiza um trabalho muito especial e acolhedor na nossa cidade. E neste dia de conscientização sobre o diabetes, trago essa pauta tão importante na área da saúde e que eu defendo desde o início do meu trabalho aqui na Câmara”, disse Leprevost.
O parlamentar lembrou, ainda, que a Câmara Municipal destinou mais de R$ 1,2 milhão para a prevenção e combate à diabetes. Para o orçamento do ano passado, por exemplo, que foi aprovado em 2022, partiu dele a articulação de emenda coletiva em que foram destinados R$ 940 mil para a compra de sensores de monitoramento de glicemia com o sistema Libre, aparelho usado na pele, sem a necessidade de furar o dedo do paciente.
Leprevost acrescentou que, no começo de junho, o plenário aprovou projeto de lei de sua autoria que torna vitalício o laudo da diabetes mellitus tipo 1 (DM1) - doença que é autoimune e o tratamento, portanto, permanente. Hoje renovado a cada três meses, o documento é necessário para que o paciente tenha acesso a serviços públicos, como à insulina distribuída no Sistema Único de Saúde (SUS). A proposta aguarda a sanção ou o veto do Poder Executivo (005.00172.2023).
IPD atua na execução no Programa ABC Diabetes
O IPD, explica o requerimento de Alexandre Leprevost para a realização da Tribuna Livre, “é uma organização sem fins lucrativos, comprometida com a saúde, o bem-estar e a qualidade de vida da sociedade”. “Um lugar que acolhe, representa e informa todas as pessoas com diabetes, a fim de garantir o direito à saúde com base na universalidade, na integralidade e na equidade do acesso aos serviços, programas e ações de prevenção”, acrescenta a proposição (076.00014.2024).
Angela Nazario contou que, em 2030, a estimativa é que 21,6 milhões de brasileiros sejam diabéticos, e que a maior causa de mortes e complicações com a doença são a falta de diagnóstico correto, a falta de acesso ao tratamento com insulina e a falta de informação. Por isso, acrescentou a médica, o Programa ABC Diabetes tem sido fundamental para o trabalho de educação da população, e consequentemente para a prevenção.
“Aqui no plenário, quantos de vocês têm mais de 45 anos e nem sabe se têm ou não têm diabetes, ou algum fator de risco que contribua para que vocês desenvolvam diabetes? Isso é uma coisa de educação. Uma pessoa só saberá se um profissional de saúde disser para ela”, argumentou a convidada da Tribuna Livre, reforçando a importância do trabalho educativo.
Através de um acordo de cooperação com a Secretaria Municipal de Educação (SME), em 2023 a instituição desenvolveu o programa na rede municipal de ensino, quando R$ 100 mil em recursos provenientes de emenda parlamentar foram aplicados. Em um ano de trabalho, 183 crianças e adolescentes matriculados foram atendidos pelo programa; 586 famílias participaram do evento on-line “Escola de Pais”; e 127 pessoas participaram do mesmo evento, na versão presencial.
Além disso, foram realizados 81 atendimentos virtuais realizados pela equipe multidisciplinar do instituto; nove escolas municipais em lista de espera aguardando liberação da SME para a participação no programa; e 68 pacientes, crianças e adolescentes, com diagnóstico da DM1, atendidas por um profissional da equipe no Hospital de Clínicas (HC) da UFPR. A presidente do IPD também explicou que 140 mil pessoas foram alcançadas através das lives e vídeos postados no portal da entidade e nas suas redes sociais.
A convidada ainda contou ao plenário que o IPD pretende beneficiar 150 crianças com os sensores de monitoramento da glicose. “Achamos este projeto muito importante, para mostrar dados, para que, no futuro, as crianças nas escolas tenham um sensor para facilitar a vida delas. Hoje uma criança da rede pública tem que furar o dedo em torno de 6 a 10 vezes no dia para medir a sua glicemia e tomar uma decisão se ela come, se ela aplica ou não a insulina. E o sensor, ele libera esta criança da picada, que deixa a criança constrangida dentro da sala de aula, de mexer com agulha, com sangue dentro da escola.”
O sonho da instituição, relatou, é ter uma sede própria. “Queremos ter uma sede e poder prestar um serviço melhor à comunidade. Não temos uma sede hoje, somos uma sede virtual. Vamos às escolas, ao hospital, nós dependemos disso para atuar.” Ainda segundo Angela Nazário, ter um local físico para atendimento vai ampliar o alcance do IPD, na medida que a entidade terá um espaço adequado para educar profissionais de saúde e da educação, e diminuir os custos que a cidade tem com o tratamento da diabetes.
Ela ainda respondeu a diversas perguntas feitas pelos vereadores inscritos na Tribuna Livre: Amália Tortato (Novo), João da 5 Irmãos (MDB), Maria Leticia (PV), Professor Euler (MDB), Rodrigo Reis (PL) e Tico Kuzma (PSD). "A diabetes leva a uma maior mortalidade cardiovascular; é a principal causa de cegueira e hemodiálise no Brasil e no mundo; e é a principal causa de amputações de membros no mundo. Se pudermos evitar, prevenir essas complicações, a gente vai estar melhorando muito esses custos”, finalizou a médica endocrinologista.
O que é a Tribuna Livre da Câmara de Curitiba?
A Tribuna Livre é o canal de interlocução entre a sociedade e os vereadores de Curitiba. Os temas são de livre escolha, sugeridos pelos próprios parlamentares. Conforme o Regimento Interno (RI) do Legislativo, os debates ocorrem nas quartas-feiras, durante a sessão plenária, após o espaço do pequeno expediente.
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