Profissionais se reúnem e discutem educação

por Assessoria Comunicação publicado 10/05/2006 17h15, última modificação 09/06/2021 10h06
Com o auditório do Anexo II da Câmara de Curitiba lotado por profissionais da educação pública e privada, foi realizado na manhã desta quarta-feira (10) o Fórum Municipal de Educação e Psicomotricidade Relacional. A iniciativa do gabinete do vereador Aladim Luciano (PV) e do Centro Internacional de Análise Relacional – CIAR teve como objetivo instigar ações que elevem o nível de participação ativa dos profissionais que atuam na área, efetivando o conceito de educação e cidadania e que venha potencializar de forma direta a atuação na creche, educação infantil e ensino fundamental. “Esse é um tema extremamente importante e que deve servir de interesse comum, para o desenvolvimento do ser, onde a criança passa ser a protagonista da sua própria história e agente de transformação”, disse Aladim.
Anne Lapierre, analista corporal didata, presidente da Sociedade Internacional de Análise Corporal e criadora da Análise Corporal da Relação, na França, falou sobre “O lugar do corpo na educação”. Lapierre disse que, “hoje, as escolas são de ensino, não de educação, onde o trabalho do professor é fazer o aluno aprender, seja através de métodos coercitivos ou não. Que os professores estão preparados para ensinar e não educar. O que estamos propondo é a nova forma de aprender e fazer aprender. Uma tomada de consciência do corpo como lugar de organização e interação, usando-se os cinco sentidos. Pois, a educação é uma coisa muito mais ampla, ambiciosa, não só de conhecimento”.
Para a analista, as crianças precisam elaborar seus medos e fantasias. "O plano emocional e racional tem origem muito mais profunda e a dificuldade psico-afetiva e de comunicação está relacionada com a primeira infância. A escola como lugar de educação precisa praticar uma profilaxia. São dois momentos distintos. Um que é o da liberação, quando quase tudo é permitido, e outro quando o professor volta a ser professor com suas exigências e regras, pois a criança tem a necessidade de uma estrutura que as contenha, para que fique bem claro uma coisa da outra", afirmou. “Esse método questiona o ensino tradicional, com a participação corporal para aquisições de novas noções, sendo pré-requisito a organização e atividades criativas, que vão permitir, através de experiências corporais, a descoberta na qual a criança está permanentemente vinculada”, acrescentou.
Valor terapêutico
Para o mestre em educação especial pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro, José Leopoldo Vieira, diretor do Ciar Curitiba e terapeuta pós-graduado na área de movimento humano pela Boston University nos EUA, Analista Corporal da Relação e Psicomotricista Relacional Didata pela Sociedade Internacional de Análise Corporal – SIAC, França, a psicomotricidade é uma grande paixão. “É trabalhar brincando, uma prática preventiva de valor terapêutico que possibilita um tempo e um espaço onde a criança pode expressar sua liberdade e autenticidade, além de sua habilidade motora ser potencial cognitivo que baixa sua tensão e atende a demanda afetiva e emocional”, afirmou o mestre. Segundo Vieira, esse novo método de aprender proporciona a prevenção de dificuldades de expressão motora, verbal e gráfica, estimulando um ajuste positivo da agressividade, da inibição e dos limites da frustração, medos, dependência, além de distúrbios do comportamento.
Vieira mostrou, através de filme, diversas formas de interagir com criança na escola. Brincadeiras simples, com o uso de bolas, arcos, caixas de papelão, mas de grande valor para a vivência de grupos, privilegiando a comunicação não verbal. “A criança separa bem o espaço simbólico corporal. Ela sai de uma relação de medo daquele professor que parece que sabe tudo e passa a respeitar. Tudo faz parte do processo de educação. Da transmissão do concreto para o abstrato, como a percepção do lugar no grupo e na sociedade. A integração entre grupos sociais eleva a aceitação das diferenças, promovendo maior percepção de si mesmo e do outro. O prazer do movimento e o de brincar desenvolve na criança a criatividade”, afirmou.
Conhecimento
Para Vieira, atualmente na educação “há grande demanda desse novo profissional e da substituição da exclusão pela inclusão”. Lembrou, ainda, que esse novo método de educar consagra os quatro pilares da educação: aprender a conhecer, que indica o interesse para o conhecimento e liberta da ignorância; aprender a fazer, ter coragem, correr riscos, errar mesmo na busca de acertar; aprender a conviver, o caminho do entendimento, e a ser, que talvez, seja o mais importante por explicitar o papel do cidadão e o objetivo de viver. “São ações transformadoras de forma transdisciplinar, valorização do conhecimento trazido pelo educando à escola, acumulado pela experiência, pela vida, pelos valores e pelo processo de socialização. As crianças precisam de criatividade, mas é muito importante a família estar inserida no processo. A psicomotricidade auxilia o professor e o aluno na construção de valores necessários às conquistas cotidianas”. O mestre concluiu citando o lema de André Lapierre, juntamente com Anne lapierre, criadores da psicomotricidade: “transformar a escola é, quem sabe, a longo prazo transformar a sociedade”.
Segundo o vereador Aladim Luciano, devido à grande repercussão dos temas e da importância dos palestrantes, o fórum será repetido na manhã desta quinta-feira (11).