Professor Hespanha recebe cidadania honorária de Curitiba
A cidade de Curitiba ganhou mais um cidadão honorário nesta terça-feira (28). A homenagem foi conferida ao professor da UFPR, António Manuel Botelho Hespanha, em sessão solene realizada no Palácio Rio Branco. A iniciativa partiu do presidente da Câmara Municipal, Paulo Salamuni (PV), autor da lei municipal 14.414/2014.
A solenidade contou com a presença do prefeito Gustavo Fruet; do reitor da UFPR, Zaki Akel Sobrinho; do coordenador do curso de Direito da Uninter, André Peixoto; além dos vereadores Serginho do Posto (PSDB), Ailton Araújo (PSC), Pedro Paulo (PT) e Aladim Luciano (PV). Alunos e ex-alunos do homenageado também acompanharam a sessão.
Em nome da UFPR, o diretor da Faculdade de Direito da instituição, Ricardo Marcelo Fonseca, agradeceu aos 38 vereadores da Câmara de Curitiba pela aprovação da cidadania ao professor António Hespanha. Para ele, a homenagem é justificada em três níveis de atuação do cidadão português: o acadêmico, o institucional e as relações estreitas que o ligam com a capital paranaense.
“Hespanha, na sua artesania intelectual, maneja ferramentas multidisciplinares (da filosofia, antropologia e sociologia), a partir de um cuidado permanente com as implicações teóricas e metodológicas de cada passo da sua pesquisa. Suas lições de história, e da história do direito, são ponto de referência fundamental não só para o público português e brasileiro, mas para espanhóis, chineses, italianos e, mais recentemente, para os falantes de língua inglesa e francesa”, disse.
O relacionamento do homenageado com a UFPR – em 2013, António Hespanha recebeu o título de doutor “honoris causa” em reconhecimento à sua trajetória – também foi lembrado pelo diretor da instituição. “Ser doutor honoris causa pela universidade é algo para muito poucos. As raízes acadêmicas do professor estão agora fixadas em solo curitibano, para alegria de alunos e professores que, com ele, podem aprender e dialogar”, complementou Ricardo Fonseca.
O professor também destacou sua história em Curitiba, que começou em 1999, quando ele permaneceu apenas dois dias na cidade para uma conferência. Hespanha fez comparações entre a cidade e Portugal, com as influências na arquitetura, na culinária e na cultura, mas ressaltou que não foi a familiaridade que o aproximou dos curitibanos, e sim o caráter ecumênico da sua coletividade.
“A parte mais excitante da minha empatia pela cidade é aquilo que realmente não revela tradições portuguesas, é o seu caráter de caleidoscópio da cultura brasileira, multifacetado. Não deixo de apreciar e me emocionar com isso. Curitiba foi se entranhando dentro de mim e eu fui me entranhando dentro de Curitiba”, ressaltou António Hespanha.
Ainda conforme o homenageado, a cidade é um lugar de enriquecimento acadêmico, de elevadíssima inquietação intelectual e possui um corpo docente e discente com grande disposição para o diálogo com outras disciplinas. “Considero isso um teosouro inestimável. Receber essa homenagem me enriquece, não só por ser uma oportunidade de reconhecimento, mas de pertencimento. Já me sinto em casa. Agradeço ao povo de Curitiba pelo título”, disse.
“Algumas homenagens, ao serem aceitas, também são uma homenagem à cidade de Curitiba. Hoje, o professor Hespanha fez uma homenagem ao povo de Curitiba. A cidade fica maior com a sua presença e sua cidadania honorária”, finalizou o presidente do Legislativo e propositor da honraria, Paulo Salamuni.
Histórico do homenageado
António Manuel Botelho Hespanha nasceu em Coimbra, Portugal, em 1945. Formou-se em direito pela universidade da sua terra natal, em 1967, consolidando vasta carreira acadêmica dentro e fora de seu país. Entre 1994 e 2000, por exemplo, o professor atuou como investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. Já entre 1996 e 1999 foi nomeado pelo governo português como “comissário-geral da Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses”.
Os primeiros textos acadêmicos foram produzidos pelo homenageado no final dos anos 1960. De lá para cá, foram publicadas centenas de artigos científicos e livros. Entre suas obras, destaque para “A História do Direito na História Social” (1977); “História das instituições: épocas medieval e moderna” (1982); “As vésperas do Leviathan: instituições e poder político” (1994); “Cultura jurídica europeia: síntese de um milênio” (1996); e “O caleidoscópio do Antigo Regime” (2012).
A relação mais estreita entre Hespanha e a Universidade Federal do Paraná data de meados dos anos 2000, quando esteve em Curitiba participando de eventos e seminários nas áreas de História e Ciências Jurídicas. Em 2009, esse relacionamento foi consolidado com sua contratação como professor do programa de pós-graduação em direito, onde permaneceu por 45 dias. Ano passado, ele atuou como docente visitante, entre abril e junho.
Autoridades presentes
Também estiveram presentes no Palácio Rio Branco as seguintes autoridades: major intendente Rafaella Suzin, representante do comandante do Cindacta II, coronel aviador José Vagner Vital; procurador do Estado do Paraná e professor da UFPR, José Antonio Gediel; o coordenador do programa de pós-graduação de Direito da UFPR, Luis Fernando Lopes Pereira; e a vice-diretora da Faculdade de Direito da UFPR, Vera Karam de Schueiri.
A sessão desta terça foi a primeira após o fim do período eleitoral, que terminou no domingo (26), após o segundo turno. Antes disso, a última honraria entregue pelo Legislativo foi no dia 27 de junho, quando a desembargadora Maria Mércis Gomes Aniceto também recebeu a cidadania honorária. O título é conferido a personalidades nascidas em outras localidades que tenham contribuído de alguma forma para o desenvolvimento de Curitiba.
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