Prisão de Lula gera debates em plenário

por Assessoria Comunicação publicado 09/04/2018 14h20, última modificação 26/10/2021 10h44

Na manhã desta segunda-feira (9), alguns vereadores discutiram em plenário a prisão do ex-presidente Lula. Goura (PDT) e Professora Josete (PT) lamentaram, enquanto Osias Moraes (PRB) comemorou e Cristiano Santos (PV) repudiou os ataques sofridos por jornalistas durante a cobertura da imprensa.

Para Goura, “vivemos um grave momento da vida nacional. “Não vejo motivo para comemorações”, disse o vereador, que acredita não se tratar de uma prisão “simples”, mas do Lula, “maior expressão política do país nos últimos anos e que, inclusive, lidera a campanha presidencial”. No entendimento do vereador o fato pode desestabilizar a já fragilizada democracia brasileira. “Vivemos um período de incentivo ao ódio e à intolerância e os eventos ocorridos em frente à sede da Polícia Federal no Santa Cândida provam isso”, destacou, defendendo que manifestantes pacíficos foram atingidos.

Goura questiona o papel da prefeitura de Curitiba no episódio. “Em vez de entendimento para evitar o confronto, a prefeitura foi à justiça exigir um interdito proibitório. Ódio e preconceito mobilizados todos os dias para dividir a sociedade brasileira, mas o Brasil é maior do que o ódio.” Goura acredita que o momento vai provocar a reflexão necessária para que o país se torne mais inclusivo e humano.

No entendimento da vereadora Professora Josete o país passa por um momento de crise. “Uma ação que vem sendo construída de forma mais clara a partir do impeachment da presidente Dilma, que foi eleita com  54 milhões de votos”. Ela destacou que a chamada “pedalada fiscal” - conduta que justificou o afastamento da ex-presidente, veio a ser legalizado após sua saída. Para ela a postura do Supremo Tribunal Federal (STF) é irresponsável. “Mais do que uma injustiça com a presidente Dilma, foi um desrespeito à vontade do povo brasileiro”. Para Josete algumas atitudes do judiciário mostram que a justiça está a serviço de interesses econômicos.

“A partir disso o que se viu foi uma ação coordenada entre Ministério Público, Polícia Federal, STF e a grande mídia que nos coloca num momento de crise institucional.” A vereadora também lembrou que o setor financeiro, parte do empresariado nacional e parte da elite brasileira construíram o que ela chamou de “um processo de criminalização do ex-presidente Lula”. “Temos gestores que reforçam essa política parcial e antidemocrática e isso pode ser verificado quando o município de Curitiba pede interdito proibitório a ocupações em toda a cidade. Estão impedindo que as pessoas se manifestem em favor de um projeto de nação”. Para Josete, “Lula é um inocente preso, portanto Lula é um preso político”. Ela leu o primeiro parágrafo de uma carta aberta manifestada pelo Conselho Federal de Economia (Confecon). Para a entidade, o Brasil está num estado de exceção.

Contraponto

Para Osias Moraes, a prisão de Lula é o desfecho de um tempo importante em nossa política. “Tudo começou no mensalão e culminou na Lava Jato”. O vereador lembrou que há algum tempo havia a cultura do político que “rouba mas faz”. “Acredito sinceramente que a imagem do nosso país está mais clara, mais lúcida.” Segundo ele, policiais, delegados, juízes e promotores – com suas devidas atuações – têm sido fundamentais para a clara separação entre política e lei. “Devemos eliminar a falsa crença de que uma única pessoa tem o poder de salvar o nosso país como se a lei fosse obrigada a fazer distinção de pessoa para pessoa de acordo com o cargo que ocupa ou ocupou. A lei é para todos.”

Cristiano Santos repudiou os ataques sofridos pela imprensa durante a cobertura da prisão do presidente Lula. “Profissionais foram agredidos, impedidos de fazer suas transmissões e isso não pode passar em branco”. De acordo com Santos, o papel da imprensa não é julgar, mas sim informar, levar à população os fatos acontecidos e tem feito isso ao longo de toda a operação Lava Jato. “Não é a imprensa que está dizendo que o Lula é culpado. Ele teve direito à ampla defesa.” Para o parlamentar, Lula se elegeu com promessas de avanço social e hoje seu legado é o de órgãos públicos entupidos de militantes. “Afundou o BNDES, a Petrobras, favoreceu grandes grupos de empresários, está tudo aí escancarado. Parabéns ao juiz Sérgio Moro”, acrescentou.