Primeira moeda social eletrônica de Curitiba é lançada na Câmara

por Assessoria Comunicação publicado 13/08/2015 19h15, última modificação 01/10/2021 10h47

A equipe técnica do NeuroBanco lançou a primeira moeda social eletrônica de Curitiba, nesta quinta-feira (13), durante audiência pública na Câmara de Vereadores. Ela circulará primeiro em estabelecimentos comerciais dos bairros da Regional Boqueirão, onde a instituição sem fins lucrativos pretende financiar projetos sustentáveis. Organizada pelo vereador Tiago Gevert (PSC), a atividade discutiu o impacto da iniciativa na economia popular da cidade e pode gerar novas proposições no Legislativo (leia mais).

Idealizada pelo economista Lutero Couto, que antes de presidir o NeuroBanco dirigiu o Parque de Tecnologia Social (PTS Brasil), a moeda social eletrônica é uma novidade em Curitiba. “A lógica de um banco comunitário é diferente da experiência da iniciativa privada, pois no NeuroBanco não temos clientes. Todos são associados de uma agência local de desenvolvimento econômico”, explicou. “Contudo, não somos filantropos. Acreditamos que o trabalho é melhor projeto social para o Brasil. Vamos investir em projetos sustentáveis, nos pequenos negócios”, afirmou.

Diferente das experiências em papel e outros materiais, o projeto prevê o uso dos celulares como facilitadores da experiência de economia solidária. A moeda social neuro funcionará no ambiente virtual, utilizando uma tecnologia segura de troca de dados entre aparelhos. “Não precisa ser smartphone. Até nos celulares analógicos antigos as pessoas poderão trocar valores pela lista de contatos, usando mensagens SMS", atestou José Roberto Ângelo, analista de sistemas do NeuroBanco.

Couto, Ângelo e o advogado Edivaldo Ostroski falaram em nome da instituição sem fins lucrativos, que pretende iniciar o projeto-piloto na Vila Pantanal, no bairro Alto Boqueirão. “A diferença entre o real e o neuro existe, pois apesar de as moedas sociais ainda não terem um marco regulatório no Brasil, as regras são diferentes”, explicou. “O neuro, por ser moeda social, não pode ser "trocado" por reais. Ele não é conversível, nem substitui a moeda oficial. Ele é um meio de troca consensual, entre um grupo determinado e possui circulação restrita”, enumerou Ostroski. O neuro foi avalizado pelo Banco Central em 2014.

Investidor-anjo
Por ocasião do lançamento da moeda social eletrônica, um empresário que participava da audiência pública resolveu fazer o primeiro investimento no banco comunitário. Nílson Altair de Souza, CEO da Gift do Brasil, com sede em Curitiba e que atua no segmento da higiene bucal, ex-presidente do Observatório Social da cidade, aportou R$ 1,8 mil no NeuroBanco. Ele recebeu simbolicamente, em troca, uma coleção do que seriam as notas, se o neuro não fosse eletrônico.

“Não coloquei dinheiro para utilizar depois os neuros. Quero investir na iniciativa de mudar a realidade social, com educação financeira e apoio a projetos sustentáveis no Boqueirão”, declarou. “O NeuroBanco fez mil "coleções de neuro". Sou um vendedor. Vou ajudá-los a vendê-las e a obter capital para mobilizar as pessoas”, completou Souza. Lutero Couto agradeceu o apoio e disse que o banco comunitário não trabalha com recursos públicos.

O procurador Edson Peters, do Ministério Público do Paraná (MP-PR), e o pastor Arno Heinrichs, da Comunhão Cristã Shalom, endossaram a iniciativa. "O papel mais importante da justiça é para que a riqueza não fique nas mãos de uma minoria", disse Peters.

A audiência pública também contou com a participação de André Braga, secretário municipal de Economia Solidária e Combate à Pobreza de Maricá, no Estado do Rio de Janeiro. A cidade foi a primeira no Brasil a adotar uma moeda social eletrônica. O relato da experiência carioca inspirou o vereador Tiago Gevert a propor mudanças em projeto de lei que tramita na Câmara de Vereadores sobre políticas públicas de economia solidária (leia mais).