"Presos do colarinho branco podiam limpar praças", sugere vereador
Um comentário de Bruno Pessuti (PSD), já no fim da sessão plenária desta terça-feira (8) da Câmara de Curitiba, mobilizou oito vereadores. O assunto do debate era a possibilidade de um convênio do município com o Governo do Paraná para que presidiários de bom comportamento pudessem trabalhar na manutenção dos equipamentos públicos em troca da redução de pena. “Marcelo Odebrecht [no tempo que esteve detido em Curitiba] poderia ter reduzido a sua pena fazendo limpeza das escolas”, exemplificou.
A ideia, do próprio Pessuti, aprovada em plenário no dia 5 de fevereiro (203.00006.2018), chegou ao prefeito Rafael Greca. “Ele ficou contente e encaminhou para o Jamur [secretário de Governo]”, relatou o vereador. “Não seria bom que presidiários de bom comportamento, que não cometeram crimes de alta periculosidade, fossem trabalhar na limpeza urbana? Há exemplos de sobra no Brasil e no mundo. Hoje, ele custa de R$ 3 mil a R$ 4 mil por mês, para que fique dentro do presídio fazendo absolutamente nada”, disse.
“A gente só pensa na imagem dos presídios superlotados”, continuou Bruno Pessuti, “mas temos também presos do colarinho branco, que poderiam estar limpando parques e praças. Muitos empreiteiros e milionários poderiam ser recuperados”. Thiago Ferro (PSDB), Tito Zeglin (PDT) e Ezequias Barros (PRP) apoiaram abertamente a iniciativa de dar ocupação aos presidiários. Zeglin e Barros, inclusive, deram exemplos de casos em que as pessoas em privação de liberdade foram utilizadas na construção civil – em troca, recebiam redução da pena, alimentação e, em alguns casos, remuneração pelo serviço.
“Já foi feito aqui em Curitiba, por uma empresa”, lembrou Zeglin. “Eu acompanhei e a experiência foi muito boa. O ônibus trazia os detentos e depois levava de volta. Temos que dar oportunidade para aqueles que querem se recuperar”, disse. O caso de Ezequias Barros foi em Campinas (SP). “Eram 70 pessoas, que trabalharam na construção de um prédio. Recebiam salário e alimentação. Tem gente com vontade de mudar de vida, de caminhar para novos objetivos”, disse o político do PRP.
Dentro dessa argumentação, Noemia Rocha (PMDB) sugeriu que “essa parceria carcerária” fosse usada na construção de casas de recuperação para dependentes químicos. Osias Moraes (PRB) lembrou a atuação das igrejas dentro dos presídios. “Eu, como cristão, vejo esse trabalho sendo feito há 30 anos. Semana passada, a Câmara homenageou a UNP [Universal nos Presídios]”, citou. “Há presidiários que querem uma oportunidade para recomeçar. Estão esperando uma nova chance”, acrescentou. Oscalino do Povo (Pode) também apoiou a iniciativa.
Professor Silberto (PMDB) levantou um senão sobre a presença dos presidiários nas escolas públicas. “Você colocaria seu filho em escola onde presidiários fazem o serviço [de manutenção]? A direção da escola não tem como acompanhar o tempo todo”, questionou. “Não pensamos em presos de mau comportamento”, respondeu Bruno Pessuti, lembrando que reformas nas escolas poderiam ocorrer fora do ano letivo. “Poderiam limpar pichações. Pegar pano e sabão e limpar as placas de trânsito cobertas pela poluição”, finalizou o autor da sugestão ao Executivo.
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