Nesta quarta-feira (23), a Câmara Municipal de Curitiba promoveu a entrega do prêmio Inspirações Curitibanas a 26 mulheres cujas atuações profissionais foram positivamente impactantes para a cidade. A cerimônia foi presidida pela vereadora Maria Leticia (PV), criadora da honraria. A mesa foi composta por: Poliana Schiavon; advogada e assessora jurídica da vereadora Maria Leticia; Giselle Alessandra Schmidt, advogada e presidente da Comissão de Diversidade Sexual e de Gênero da Ordem dos Advogados do Brasil, seção Paraná (OAB-PR); Ilane Teixeira da Costa, assessora da vereadora Maria Leticia e Aline Castro, idealizadora do Dia de Rainha, projeto que trabalha com mulheres em situação de rua e também fundadora da Fuá Acessórios, que produz tecidos étnicos. Além do prêmio Inspirações Curitibanas, algumas homenageadas receberam os prêmios Mulheres Empreendedoras e Cultura e Divulgação.

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Veja as fotos da entrega do prêmio no Flickr da Câmara.

Saudação

A vereadora Maria Leticia agradeceu a presença de todos e comentou que o prêmio Inspirações Curitibanas já existe há quatro anos, com duas edições anuais, sempre visando premiar mulheres das mais diversas áreas como a ecologia, a ciência, a educação, a inclusão, a arte e a cultura. “Vocês, homenageadas, mostram que podemos fazer coisas incríveis, e isso é possível quando nos unimos com vontade e determinação. A ideia do prêmio Inspirações Curitibanas é o de valorizar a trajetória de todas vocês”, disse Maria Leticia. No entendimento da vereadora, o prêmio não só exalta o valor de cada uma das homenageadas como também serve de impulso à pauta da valorização e do empoderamento da mulher.

Maria Leticia destacou que as mulheres enfrentam muitas resistências em suas caminhadas e, em sua opinião, essa resistência instiga as mulheres a continuarem seus trabalhos, mesmo que ainda haja mulheres que apresentam comportamentos misóginos e refratários aos avanços femininos. “É o caso da já falecida ex-primeira ministra da Inglaterra Margaret Thatcher, que em 11 anos de mandato, teve apenas 3 mulheres à frente dos ministérios. É um grande problema, pois a questão da equidade entre gêneros é comum na trajetória das mulheres, mas encontrar mulheres que não concordam com essa equidade é doloroso”, disse ela.

A vereadora apontou que, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres representam 52% da população brasileira, mas nos espaços políticos a presença feminina ainda não é a ideal. “Aqui na Câmara Municipal, por exemplo, somos em 7 mulheres de um total de 38 vereadores, ou seja, a representação feminina no Legislativo Municipal é de somente 20%. Na Câmara Federal, esse número é de 15% e na Assembleia Legislativa do Estado do Paraná, 18%. Isso significa que, embora sejamos a maioria da população, estamos sub-representadas, ou seja, pautas pertinentes às mulheres são discutidas e decididas, pela maioria masculina”, constatou Maria Leticia.

Para a vereadora, os trabalhos de cuidados, por exemplo, são vistos como atividades exclusivamente femininas, fato que resulta numa injustiça que se verifica em salários menores, poucas oportunidades e desvalorização do trabalho. Ela trouxe outros dados do IBGE que indicam que as mulheres, além do tempo dispendido em atividades profissionais, gastam uma média de 7 horas a mais com tarefas caseiras. “Essa estatística”, frisou Maria Leticia, “dá a dimensão das dificuldades enfrentadas pelas mulheres”. Para ela, quando se fala em “nova política”, “nova economia”, “nova ecologia”, etc, está se falando de mulheres e “quando uma mulher brilha, ela não o faz para ofuscar as demais mulheres, mas para brilhar junto com as outras”, afirmou a parlamentar. Ela finalizou sua fala dizendo que, quanto mais as mulheres ocuparem espaços de liderança, mais justa e desenvolvida será a sociedade.

Agradecimento

Gisele Schmidt declarou ser uma honra participar da homenagem representando a Ordem dos Advogados do Brasil, seção Paraná (OAB-PR). Ela concordou com Maria Leticia em relação ao fato de que as mulheres estão sub-representadas, mas, para a advogada, as mulheres estão representadas em todos os segmentos. “Sejam mulheres cis, mulheres trans, mulheres negras, mulheres quilombolas, nós estamos ocupando espaços e nos destacando em todas as áreas do conhecimento humano”, afirmou Gisele. Ela citou como exemplo um júri simulado realizado em um curso do qual participa, em que os envolvidos eram em sua maioria mulheres e, de acordo com ela, as mulheres tiveram um desempenho melhor do que os homens que atuaram na atividade. 

Aline Castro, que é natural de Brasília, mas reside em Curitiba há 30 anos, comentou ser mãe de uma adolescente e militante há vinte anos. “Sou idealizadora do Dia de Rainha, que é um projeto que trabalha com mulheres em situação de rua e também sou fundadora da Fuá Acessórios, que produz tecidos étnicos voltados ao povo preto. Além disso, há também a Fuá Social, que promove oficinas em escolas da periferia, lidando com mulheres e crianças em situação de vulnerabilidade”, disse Aline. Ela lembrou que teve a segunda melhor votação nas eleições para conselheira tutelas em sua regional, mas teve seu mandato cassado ao pedir “Lula Livre”, na época em que o presidente se encontrava preso em Curitiba.

Para ela, realmente é necessário que as mulheres ocupem espaços, mas sempre com a consciência de que o enfrentamento à hostilidade contra as mulheres é uma realidade. Tal situação, de acordo com ela, lhe provocou adoecimentos de ordem física e mental, o que fez com que ela se afastasse das atividades políticas temporariamente. “Estou pronta pra a briga de novo. Sou como a haste fina: qualquer brisa verga, mas nenhuma espada corta”, concluiu.

Homenageadas

Daniela Kozelinski: nascida em 1977, na cidade de Ji-Paraná, Rondônia, ela se formou em Educação Física pela Unicentro, na cidade de Irati, Paraná. Morando na cidade de Curitiba desde 2008, Daniela viu sua vida mudar com o nascimento de sua filha Laura, diagnosticada com o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Em 2016, conheceu a UPPA, e em 2020 foi eleita presidente da entidade. Além da UPPA, participa da Federação das Mulheres do Paraná e está sempre envolvida nos movimentos sobre autismo, pessoas com deficiência e mulheres. 

Karina Gallon Basso: designer, tem pós-graduação em Gestão da Criatividade e Inovação e MBA em Marketing e Negócios Digitais. Saiu das agências de comunicação para peitar o mundo, usando sua criatividade e percepção na disseminação das palavras dos feminismos. É idealizadora da PEITA, uma marca em prol do Movimento de Libertação de todas as mulheres que, com suas camisetas, é ferramenta de enfrentamento contra as opressões diárias. A primeira e maior mensagem da marca é a "Lute como uma garota", que ocupa as ruas, encoraja e transforma vidas desde 8 de março de 2017. 

Angela Hilgemberg Zanlorenzi: farmacêutica bioquímica com pós-graduação em Gestão Hospitalar, Administração e Gestão de Pessoas. É a presidente estadual e a vice-presidente nacional da Rede Feminina de Combate ao Câncer. Ingressou na vida voluntária para cumprir uma promessa que fez ao falecido marido, dentro do Hospital Erasto Gaertner, de um dia retornar e, de alguma maneira, ajudar os pacientes oncológicos.

Anna Lucia Pacheco Boechat: designer gráfica, é apaixonada por todo tipo de trabalho manual. Ela se dedica ao processo do upcycling, que transforma resíduos ou produtos inúteis e descartáveis em novos materiais ou produtos de maior valor, uso ou qualidade. É a responsável pela criação e produção dos acessórios da marca curitibana @IDODSGN, que mescla técnicas artesanais e experimentações, visando ao consumo e produção mais conscientes, e tem como diferencial o uso de sacolas e tampinhas plásticas como matéria-prima. 

Carolina Fayad Portes Alves: jornalista em formação em Curitiba, criou o Baseado em Notícias, em 2022, e hoje atua na administração e na redação da página. É criadora também do Hempreende, evento semestral da comunidade cannábica para a troca de conhecimentos entre novos e pequenos empreendedores. Carolina também atua como assessora de imprensa e mídias sociais para empresas e organizações da área da cannabis e integra a Marcha da Maconha de Curitiba.

Claudia Juliane Pacheco de Oliveira Ramos: curitibana, tem 35 anos e é mãe de 2 crianças - Joaquim e Flora. É relações públicas, mestre em Comunicação e empresária. Abriu, em 2016, uma casa de trocas femininas, A Tenda, onde acontecem encontros entre mulheres em suas fases menina, mulher, gestante e idosa, além de encontros com indígenas e comunidades tradicionais. Publicou em 2020 seu primeiro livro – “A mamãe sangra - de forma independente”, alcançando 30 países. Também é professora de terapias integrativas da Unicesumar, desde 2020. 

Fabíola Schutzenberger Machado: é bióloga, psicóloga e perita criminal da Polícia Científica do Paraná desde 2009. Atuou durante 10 anos realizando perícias em locais de morte violenta. Atualmente é responsável pelo Museu Paranaense de Ciências Forenses, onde trabalha com a divulgação científica e a divulgação da importância que o trabalho da perícia criminal tem para a sociedade. 

Fabíola Vila dos Santos: começou a jogar basquete aos 10 anos e pratica essa atividade até hoje em competições estaduais e master. Por influência e amor pelo esporte, formou-se em Educação Física e o primeiro emprego foi como técnica de basquetebol no Círculo Militar do Paraná. Paralelamente aos estudos e às atividades profissionais como técnica de basquetebol, passou em concurso público para lecionar no Colégio Militar de Curitiba. 

Giorgia Barbosa da Conceição: também conhecida como Miss G, nasceu em Curitiba, em 1981. É uma das principais responsáveis pela disseminação da arte burlesca no Brasil. Atua como diretora de teatro, desde 2002, e como atriz, desde 1998. É bacharel em Artes Cênicas pela Faculdade de Artes do Paraná e mestre em Artes Cênicas pela Universidade Federal da Bahia, onde desenvolveu a dissertação “A Burla do Corpo: estratégias e políticas de criação”, tornando-se a pioneira na pesquisa sobre o burlesco no Brasil. 

Gisele Silveira Lasserre: desenvolvedora de software e empreendedora social, obteve o primeiro lugar no Prêmio Empreendedora Curitibana 2021. Em 2023, conquistou o prêmio de startup mais popular da Prefeitura Municipal de Curitiba e foi selecionada pelo desafio HP Equity Challenge. Fundou, em 2017, o projeto de impacto socioambiental Tech Girls. 

Ida Cristina Gubert: graduada em Ciências Biológicas, é mestre em Genética, doutora em Farmacologia Bioquímica e Molecular e pós-doutora em Ética em Investigação. É professora titular no Departamento de Patologia Básica da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Atua na área de Imunologia, com ênfase em Imunologia Aplicada, principalmente nas áreas de Imunologia e Saúde Pública e de Bioética e Ética na Pesquisa. Atualmente é Coordenadora do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos do Setor de Ciências da Saúde da UFPR. 

Janaine Priscila Nunes dos Santos: curitibana, é formada em Serviço Social e especializada em Direitos Humanos. Foi conselheira do Conselho Regional de Serviço Social do Paraná e atualmente compõe a Comissão Permanente de Ética do referido Conselho. Trabalha na Defensoria Pública do Estado do Paraná há 10 anos, na Comarca de Curitiba. Desde 2016, atua na Defensoria Pública da Casa da Mulher Brasileira, nos atendimentos individuais às mulheres em situação de violência, além de realizar palestras e ser colaboradora do Núcleo de Defesa e Proteção dos Direitos das Mulheres da Defensoria Pública (Nudem).

Jéssica Paula da Silva Mendes: graduada, especialista e mestre em Psicologia, trabalha desde 2015 na Defensoria Pública do Estado do Paraná. A psicóloga atua na sede da Casa da Mulher Brasileira de Curitiba desde a sua inauguração, em junho de 2016, prestando assistência às mulheres em situação de violência doméstica e familiar. Colaboradora do Nudem desde 2020, também é professora universitária e pesquisadora do Observatório dos Direitos de Gênero. 

Julia Romão Zanetti da Cruz: conselheira pública municipal, faz parte da Iniciativa Reversa, evolução de um projeto de upcycling que foca na reutilização de mangueiras de incêndio descartadas para a transformação em acessórios. A Iniciativa Reversa trabalha hoje dentro da Associação Corbélia com catadores de recicláveis. São 40 toneladas de lixo por mês destinadas somente a essa associação pelo programa EcoCidadão, da Prefeitura de Curitiba, além de resíduos que chegam através de catadores independentes e de parcerias com empresas. 

Juliana Cidali de Oliveira Purcino: filha, mãe, esposa e empreendedora, é formada em Letras e lecionou por 12 anos em escolas de regiões periféricas de Curitiba. Num acidente, apenas o pai sobreviveu e ela passou a cuidar dele -   foram 90 dias no hospital e mais cinco anos de cuidados em casa. A bijuteria foi sua fuga e se tornou o ofício definitivo de Juliana, que fundou a Preta Fina Acessórios, marca que compõe a rede da economia criativa na cidade de Curitiba. 

Katia Boccaletti Marques Picoli: com o nome artístico de Kátia Piccoli, é artista visual, com formação em publicidade e propaganda. Nos últimos 20 anos, tem se dedicado também ao teatro de formas animadas, participando da produção de várias peças. Realizou, ainda, várias exposições de bonecos e de artes visuais em Curitiba e região metropolitana. Domina várias técnicas de pintura, escultura e modelagem, principalmente em papel machê. Tem desenvolvido estudos e pesquisas sobre economia criativa junto a um grupo de artistas, cuja visão é compartilhada. Faz parte do Instituto Agroecologia em Movimento, na área de Cultura e Divulgação. 

Lorena Mello Rodrigues: bióloga, trabalhou por 12 anos na área da saúde e, em 2018, resolveu mudar hábitos de consumo para viver em um maior equilíbrio com a natureza. Fundou em 2019 a Macaia Eco, uma marca de produtos ecológicos que tem como objetivo mostrar às pessoas como é possível levar uma vida em harmonia com o meio ambiente, criando alternativas sustentáveis e produtos que possibilitam a redução de resíduos e do consumo de plástico. É consultora do Lixo Zero, auxiliando empresas no gerenciamento de resíduos e na conquista de certificações.

Maria Balbina Zanetti Oliveira: conhecida como Bina Zanette, é produtora cultural em Curitiba. Atua há 24 anos na organização de eventos e projetos culturais e é proprietária da Santa Produção, empresa especializada em coordenação de eventos de grande porte, shows musicais e espetáculos teatrais. Possui experiência de 12 anos como agente de artistas, dentre eles, Karol Conka. Durante 8 anos coordenou e dirigiu o Festival Psicodália e realiza, desde 2012, a programação anual no Teatro do Paiol. Atualmente, compõe a equipe dos festivais Rock in Rio (RJ), The Town (SP), Festival de Curitiba (PR), Favela Sounds (DF), Curitiba Jazz Festival (PR) e Tribaltech (PR). 

Olga Estefânia Duarte Gomes Pereira: enfermeira sanitarista, possui diversas especializações, mestrado em Educação e doutorado em Meio Ambiente. Trabalha na Escola de Saúde Pública da Secretaria Estadual de Saúde do Paraná. Foi a primeira coordenadora da Política de Saúde do Trabalhador do Município de Curitiba, assim como da Comissão de Saúde do Trabalhador do Conselho Municipal de Saúde de Curitiba, onde contribuiu com as primeiras conferências de saúde. É militante dos Fóruns de Mulheres de Saúde. 

Sandra Salomão Cury Riechi: professora estadual aposentada, depois de lecionar por 36 anos. Ela foi diagnosticada, em 2012, com a doença de Parkinson e começou a frequentar a Associação de Parkinson do Paraná. Em 2018 tornou-se a presidente da entidade. Junto com sua equipe, trabalha incansavelmente para que a Associação de Parkinson do Paraná continue sendo a melhor do Brasil. 

Vanessa Ricetti Ricardo: jornalista por formação, se dedica, desde 2009, ao jornalismo cultural. Pós-graduada em Cinema, participou de algumas produções cinematográficas de Curitiba. De 2009 a 2013, trabalhou no jornal impresso "O Pestana", dedicado à arte e a cultura locais. Em 2013, fundou o Jornal “A Cena”, hoje um portal de notícias voltado à cultura, lazer e entretenimento em Curitiba e região. 

Helen Cristine Almeida Anacleto: jornalista, é mestre e é doutoranda em Comunicação. Sua paixão pelo esporte foi o que pavimentou seu caminho para o jornalismo. Já trabalhou como repórter na Banda B, Gazeta do Povo, Transamérica, BandNews e RICTV. Atualmente, é professora universitária na Universidade Positivo e trabalha como jornalista na RPC, onde, desde o início de 2022, exerce a função de apresentadora do telejornal “Boa Noite Paraná”. 

Patrícia Pereira: conhecida como Pagu Leal, é atriz, dramaturga, produtora cultural, professora de ética, oratória e performance comunicativa. Há 29 atua profissionalmente em várias funções das Artes Cênicas, não só em Curitiba como também em outras cidades brasileiras. Como dramaturga, já teve 11 textos encenados. Teve seu próprio programa de humor, "Coisas de casal", na RPC, onde atuava e assinava o roteiro.