Prefeitura expõe à Câmara de Curitiba plano para prevenir ataques a escolas
Secretários Maria Bacila e Péricles de Matos buscaram tranquilizar pais com filhos na rede municipal afirmando segurança das escolas. (Fotos: Rodrigo Fonseca/CMC)
A realização de simulação de eventos críticos em todas unidades educacionais, a inclusão das escolas municipais no programa Muralha Digital, com câmeras de monitoramento ao vivo e botão de pânico, além de dez equipes da Guarda Municipal dedicada ao atendimento exclusivo das escolas, são os planos da Prefeitura de Curitiba para prevenir tragédias como as ocorridas em Santa Catarina e São Paulo. As ações foram apresentadas aos vereadores da Câmara Municipal de Curitiba (CMC), nesta terça-feira (11), pelos secretários de Educação, Maria Silvia Bacila, e de Defesa Social, Péricles de Matos.
Treinamento da comunidade
“O Programa Conhecer Para Prevenir, o CPP, treina todas as crianças, estudantes e profissionais [da rede municipal de Educação] para agir em situações de emergência, como tiroteios e incêndio, treinando rotas de fuga e estancamento de salas de aula. É um programa que trabalha na profilaxia, ele fortalece o tecido social das unidades”, disse a secretária de Educação, Maria Bacila. O CPP foi criado em 2005 para preparar a comunidade escolar para situações de risco e emergências.
“É um programa que já salvou muitas vidas em Curitiba, inclusive de pessoas doentes que ameaçaram as nossas unidades. São situações que nós buscamos não fazer alarde. Não são situações que nós publicamos, mas que temos registros de como o CPP já foi muito valoroso, [em situações de] assalto, de pessoas que ameaçaram estudantes com faca. As crianças e os profissionais sabiam agir nessas situações de extrema dificuldade”, disse a secretária de Educação. Maria Bacila também destacou a inclusão das escolas no programa Muralha Digital.
“Todas as nossas escolas, as 185, estão linkadas com a Muralha Digital e têm botão do pânico. Agora vamos começar a segunda etapa da instalação da Muralha Digital, nos Centros Municipais de Educação Infantil [CMEIs]”, anunciou a gestora pública, que expôs ter havido quatro acionamentos dos botões de pânico em março. “Nós trabalhamos com seriedade, fazemos simulação periodicamente, mas a discussão da segurança pública é muito maior. É um problema sério que não é só do Brasil, é do mundo todo, pois vivemos em uma sociedade doente”, opinou Bacila.
Vigiar e intervir
“Eu assevero a cada pai e mãe que têm seus filhos no sistema municipal de educação que tenham tranquilidade, pois temos tecnologia, protocolos e pessoas preparadas para fazer a intervenção. Das cidades do Brasil, Curitiba é a melhor preparada para enfrentar eventos dessa natureza, porque adaptamos as nossas estratégias e a nossa logística”, afirmou o secretário de Defesa Social e Trânsito, Péricles de Matos, a quem está subordinada a Guarda Municipal de Curitiba.
“Temos 406 câmeras instaladas nas 185 escolas e botão de pânico em todas elas, que podem ser acionados quando o funcionário municipal perceber qualquer anormalidade, e, imediatamente, a Muralha Digital protesta esse clamor e designa uma equipe da Guarda Municipal ou Polícia Militar do Paraná [PM-PR] mais próxima para o atendimento da ocorrência. Temos dez viaturas destacadas, nas regionais, para atendimento ao serviço de educação municipal, fazendo trabalho preventivo”, expôs Matos.
“A minha formação é em gerenciamento de crise”, contextualizou o secretário da Defesa Social, que é coronel da PM-PR, “e eu leciono essa matéria na Polícia Civil e no Guatupê. Esse tipo de crime é chamado de ‘copycat’, de ‘crime por cópia’, por reprodução. Ele nasceu nos EUA, dentro de uma cultura armamentista, em que um cidadão armado invade escolas, igrejas, shoppings e até quartéis, causando um número elevado de vítimas. Quando existe prevenção, conseguimos minimizar os efeitos”, discorreu o secretário.
“Quando estudamos um evento crítico dessa natureza, temos a fase pré-evento, o evento e o pós. No pós, aprendemos com o que aconteceu e revemos os protocolos de atuação. No evento, temos a intervenção da Guarda e da PM para impedir o aumento de vítimas. Na fase de preparação, que é a mais importante, agimos para impedir que ela venha a acontecer. A Prefeitura de Curitiba faz a lição de casa, temos o treinamento do Conhecer Para Prevenir e o nosso padrão de qualidade é proporcional ao dos países de primeiro mundo”, asseverou Matos.
Audiência pública
Diante de vários pedidos dos vereadores da CMC para abrir para perguntas dos parlamentares, o presidente Marcelo Fachinello (PSC) informou que a vinda dos secretários, conforme acordada com o líder do governo, Tico Kuzma (PSD), não previa interpelações, uma vez que há a sinalização de que uma audiência pública seja feita para discutir a segurança nas escolas. “Neste momento, eles vieram para expor de forma simples e direta as ações, para que os pais possam mandar seus filhos para as escolas [com tranquilidade]”, contemporizou o vereador.
“É importante divulgar tudo aquilo que a prefeitura já faz, para dar tranquilidade à sociedade curitibana”, reiterou Tico Kuzma, indicando que os secretários permaneceriam na sessão para responder pontualmente aos vereadores, que desde ontem têm apresentado sugestões ao Executivo sobre o tema da segurança nas escolas. Angelo Vanhoni (PT), Ezequias Barros (PMB), Rodrigo Reis (União) e Amália Tortato (Novo) registraram suas queixas em relação ao formato, julgando que, dada a presença dos secretários em plenário, hoje teria sido o dia para o debate.
Durante a sessão, Zezinho Sabará (União) relatou que foi incluído em um grupo de discussão on-line, em que famílias com filhos na rede municipal de educação planejam um ato amanhã, quarta-feira (12), na Câmara de Curitiba, no horário da sessão plenária. O vereador pediu que o secretário Péricles de Matos possa estar no Legislativo nessa ocasião, para falar com as mães e pais. O representante do Executivo confirmou ao presidente da CMC, Marcelo Fachinello, que estará à disposição para dialogar com a sociedade.
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