Prefeito e vereadores defendem celebração do Dia da Consciência Negra

por Assessoria Comunicação publicado 20/11/2013 11h55, última modificação 21/09/2021 07h28

Na abertura do Dia da Consciência Negra em Curitiba, o prefeito Gustavo Fruet elogiou a ação da Câmara Municipal na defesa da lei municipal que torna o dia 20 de novembro feriado na capital do Paraná. “Eu quero agradecer aos vereadores pela decisão que tomaram, pela atitude de levar isso até o fim. Sei que o presidente da Casa, Paulo Salamuni (PV), conduziu a questão com muita responsabilidade. A Câmara Municipal cumpriu a sua parte”, reconheceu o prefeito, durante cerimônia realizada na manhã desta quarta-feira (20), na Praça Zumbi dos Palmares. “Às vezes o tensionamento é necessário”, ponderou Fruet.

“Ninguém esperaria que esse debate sobre o feriado provocaria talvez a maior discussão sobre o assunto da consciência negra da história de Curitiba. Mas para isso avançar é preciso que a solução seja construída, não em apenas uma gestão ou em uma geração. Não quero que um assunto tão importante seja objeto de um debate negativo, então vamos buscar o entendimento, inclusive com quem não está hoje aqui na Praça Zumbi dos Palmares. Sou favorável ao feriado, mas agora que a questão foi judicializada vamos esperar as manifestações do Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal”, pontuou o prefeito.

Falando em nome do Legislativo, Salamuni agradeceu aos 15 parlamentares que compareceram à abertura das atividades do Dia da Consciência Negra. “As pessoas tem que entender a dimensão do que estamos fazendo. Precisam olhar por cima da montanha em vez de ficarem rodeando o próprio umbigo”, reclamou o vereador. “Essa mesma Câmara Municipal que aprovou o feriado do Dia da Consciência Negra há pouco tempo discriminava as pessoas pela cor. Multava os brancos e açoitava os negros. Nós vamos continuar brigando para reparar essas injustiças históricas e para defender a constitucionalidade do que aprovamos. Tem que prevalecer a vontade popular”, defendeu Salamuni.

Hoje o município lançou a campanha “16 Dias de Ativismo”, período que começa no Dia da Consciência Negra e vai até o Dia Internacional dos Direitos Humanos, em 10 de dezembro. Durante a campanha, várias ações de conscientização serão feitas pela prefeitura de Curitiba, inclusive pelo fim da violência contra as mulheres. “Ainda existem injustiças na cidade. Curitiba  precisa discutir muito a inclusão social, pois tem regiões da cidade sem escolas e unidades de saúde”, admitiu o prefeito Gustavo Fruet.

Vereadores presentes no ato da Praça Zumbi dos Palmares defenderam que o Dia da Consciência Negra tem valor como resgate de “um momento triste” da história nacional. “Sem a contribuição da população negra, o Brasil não seria tudo que é hoje em dia. É uma história que precisa ser mais valorizada”, argumentou Geovane Fernandes (PTB). Na mesma linha, Carla Pimentel (PSC) reconheceu que “a injustiça sofrida por esse povo é um fato histórico”, e Toninho da Farmácia (PP) insistiu na validade da lei municipal: “Tinha que ser feriado, por questão de respeito”.

“A presença dos vereadores aqui na Praça Zumbi dos Palmares é um agravo ao "não feriado". Nós fazemos questão de participar das atividades do Dia da Consciência Negra, mostrando nossa posição em favor dessa homenagem”, frisou Valdemir Soares (PRB). “Comemorar essa data é combater o racismo social e econômico. A Câmara desempenhou um papel importante quando aprovou essa lei e insistiu até o final”, concordou o líder do prefeito no Legislativo, vereador Pedro Paulo (PT).

Para Tico Kuzma (PROS), as atividades de hoje reforçam o Dia da Consciência Negra no calendário oficial de Curitiba e, segundo Serginho do Posto (PSDB), além de resgatar uma dívida histórica, as atitudes tomadas mostram que Curitiba é uma terra que preza pela boa convivência entre todas as etnias. “A manifestação do município é importante como reconhecimento dos erros cometidos pela humanidade no passado e sinal que gostaríamos de caminhar no sentido da igualdade”, atestou Jonny Stica (PT), acompanhando os demais vereadores no evento.

“É uma pena que o Tribunal de Justiça ainda não tenha reconhecido a legitimidade do feriado, mas não é por isso que a prefeitura de Curitiba e a Câmara Municipal vão deixar de valorizar o Dia da Consciência Negra”, disse Beto Moraes (PSDB). “A comemoração de hoje relembra a figura do líder Zumbi do Palmares, uma pessoa que muito fez e está na história desse país. Por isso é importante que o Dia da Consciência Negra comece na praça que tem o nome dele, aqui no Pinheirinho, e que é uma das mais bonitas da cidade”, reforçou Tito Zeglin (PDT).

“Nós que já acompanhamos o movimento negro ficamos satisfeitos de, nesta data, termos dados oficiais atestando uma realidade que até então era pouco conhecida e divulgada”, disse a Professora Josete (PT), referindo-se ao trabalho “Vidas Perdidas e Racismo no Brasil”, divulgado ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Os dados mostram que a população negra tem quatro anos a menos de expectativa de vida, em média, quando comparados aos brancos, por serem mais vítimas de homicídios, acidentes de transporte e suicídio.

“Na hora de negociar os direitos trabalhistas, os patrões dizem que não tem dinheiro para aumentar o salário do funcionário. Pelo menos agora nós sabemos que, só hoje, eles ganharam R$ 160 milhões. A próxima negociação vai ser mais dura, pois o dinheiro não pode virar um rolo compressor que esmaga a dignidade das pessoas”, adiantou Cacá Pereira (PSDC). “Nós entendemos o Dia da Consciência Negra como uma data extremamente necessária para que a sociedade possa compreender a importância desse povo”, Vagner Silva, assessor da vereadora Dona Loudes (PSB), que representou a parlamentar na atividade.

O vereador Mestre Pop (PSC) compareceu ao evento vestido de capoeirista, na presença de seus alunos. “Eu concordo com a causa do movimento negro. Há 30 anos eu sou professor de capoeira, essa luta criada no Brasil por negros trazidos de Angola para serem escravos aqui. A capoeira é uma das manifestações da cultura negra que nós vamos divulgar no dia de hoje”, disse o parlamentar. Quando a Associação Comercial do Paraná (ACP) e o Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon) ingressaram com uma ação na Justiça Estadual e obtiveram, no Tribunal de Justiça (TJ), uma liminar que suspendendo o feriado, Mestre Pop fez duras críticas às instituições.

“Essa data é um marco de resistência, de uma resistência que atravessou o oceano e enfrenta o racismo velado. O movimento negro não quer só contribuir, nós queremos é participar da história”, anunciou Almira Maciel, do Movimento Negro Unificado. Ela e diversos outros representantes de movimentos sociais estiveram no evento, inclusive secretários municipais e o cônsul do Senegal, Ozeil Moura dos Santos. Durante todo o dia, serão realizadas  atividades culturais e manifestações pelo centro da cidade. A programação pode ser consultada na internet, na página da prefeitura de Curitiba.