"Precisamos falar sobre saúde", diz diretor do Pequeno Princípe
“A gente só consegue conversar sobre o dinheiro que a prefeitura está nos devendo e não sobre saúde. Temos aqui o maior conhecimento sobre pediatria do continente, e o gestor do SUS não quer conversar sobre isto”, reclamou José Álvaro Carneiro, diretor corporativo do Hospital Pequeno Príncipe. A afirmação foi feita à Comissão de Saúde, Bem-Estar Social e Esporte da Câmara de Curitiba nesta quinta-feira (24), durante uma visita à instituição.
A diligência teve o objetivo de conversar com a direção sobre sua atual situação financeira, já que 63% do atendimento do HPP é feito pelo SUS, e assim com os demais hospitais conveniados, o hospital tem sofrido com atrasos no repasse de recursos públicos. “A situação da rede conveniada ao Sistema Único de Saúde, o SUS, não é boa em Curitiba. Queremos saber como está o Pequeno Príncipe, pois outras instituições correm o risco de fechar”, disse Noemia Rocha, presidente do colegiado.
Segundo José Álvaro Carneiro, os atrasos no repasse de verbas da União começaram em 2013, e a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) – gestora do SUS em Curitiba – deve cerca de R$ 10 milhões com encargos financeiros e juros. “O parcelamento de parte desta dívida só foi acertado em juízo porque os hospitais conveniados entraram com uma ação no Ministério Público”, completou.
Entretanto, para o diretor corporativo do hospital, este não é o principal problema da rede contratualizada. “A Prefeitura de Curitiba está sendo obrigada a pagar em dia os repasses. Mas ela é imatura em pensar que os problemas financeiros estão acima das questões relacionadas à saúde”, disse, ao informar aos vereadores que a SMS não “está aberta a ouvir ideias e debater as demandas da rede”.
José Álvaro Carneiro explicou que a pauta da rede contratualizada vai além do repasse de recursos em dia: “O poder público precisa repensar os custos da saúde e revisar a tabela do SUS. Perceber que a estrutura dos hospitais conveniados precisa de investimentos e repensar o sistema de regulação de saúde [acesso dos usuários aos serviços de saúde. Hoje, o HPP funciona como uma UPA pediátrica porque faltam pediatras nos postos de saúde”.
A presidente da comissão reconheceu as dificuldades apontadas pelo diretor e reforçou o compromisso de levar as demandas da rede conveniada ao prefeito Gustavo Fruet. “Temos visitado os hospitais justamente para conhecer a realidade e saber como ajudar enquanto Comissão de Saúde. Além disto, temos acompanhado de perto a questão do repasse de recursos e acredito que é fundamental o pagamento em dia para manter o atendimento à população. Os pacientes não podem ser prejudicados”, frisou.
Prestação de contas
Noemia Rocha e Chicarelli convidaram a direção do Hospital Pequeno Princípe para as audiências públicas das secretarias municipais de Saúde e Finanças, que acontecerão na próxima semana na Câmara de Curitiba – terça (29) e quarta-feira (30). “O momento é ideal para que vocês, da rede contratualizada, sejam ouvidos pelo Executivo”, destacou Chicarelli.
A comissão pré-agendou uma reunião com o prefeito Gustavo Fruet – depois de 30 de setembro – para debater a pauta defendida hoje por José Álvaro Carneiro, em nome da rede conveniada. A visita ao Pequeno Príncipe foi a sexta feita pela comissão, que já esteve no Hospital Erasto Gaertner, Hospital Evangélico, Hospital Madalena Sofia e UPAs da Fazendinha e do Boa Vista (saiba mais em cada link). Reuniões com representantes de outras instituições também já foram realizadas (leia mais).
Também fazem parte do colegiado de saúde: Mestre Pop (PSC), Paulo Rink (PPS) e Valdemir Soares (PRB).
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