Prazo extra para quitação das multas anticovid será votado com urgência
Alexandre Leprevost obteve apoio do plenário para apressar votação de projeto de lei. (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)
Nesta quarta-feira (15), os vereadores da Câmara Municipal de Curitiba (CMC) decidiram pôr em regime de urgência o projeto de lei que dá mais prazo para o pagamento das multas anticovid. Em vez de esperar a tramitação pelas comissões da CMC, que pode demorar meses, a iniciativa de Alexandre Leprevost (Solidariedade) será votada em plenário no dia 1º de março (005.00008.2023). “A pandemia não está erradicada, mas já está sob controle. Agora, precisamos olhar para a sustentabilidade futura dos empresários da cidade”, afirmou o parlamentar.
O prazo para a quitação das multas por descumprimento de medidas sanitárias na pandemia terminou em dezembro, logo os devedores que ainda não regularizaram sua situação correm o risco de serem negativados pela Prefeitura de Curitiba, caindo na dívida ativa do Município. “Temos que reconhecer as dificuldades que os empresários tiveram [durante a pandemia, com as restrições sanitárias] e apoiá-los, para que possam seguir em frente. São eles que ainda estão pagando as consequências da pandemia”, justificou Leprevost. O projeto dá até junho de 2023 para a quitação das multas.
O requerimento de pedido de urgência (411.00001.2023) foi apoiado por diversos vereadores em plenário, com falas que misturaram o reconhecimento da necessidade de se votar logo o projeto de lei - “é óbvio que é urgente, pois se deixar para depois, quando a dívida estiver paga, não tem mais o que fazer”, argumentou Professor Euler (MDB) - e o mérito da proposta. “A prorrogação já traz benefício à população, pois o comerciante não precisará pôr dinheiro neste mês. Até junho, não pagarão juros, nem irão para a dívida ativa”, reforçou Tico Kuzma (Pros).
Na linha do que tinha defendido em agosto do ano passado, quando sugeriu ao Executivo que estudasse a viabilidade de anistiar os comerciantes multados durante a pandemia de covid-19 (205.00259.2022), Alexandre Leprevost afirmou que o prazo dará tempo para essas tratativas avançarem junto ao Executivo. “Se não conseguirmos a isenção, por conta de aspectos legais trazidos pelo Tribunal de Contas do Estado do Paraná, pelo menos um descontão de 80%, 90%”, anunciou.
“Temos que lutar pela anulação das multas”, concordou Rodrigo Reis (União), dando o exemplo dos empresários do setor de festas, bastante impactados pelas restrições sanitárias. Pastor Marciano Alves (Solidariedade) frisou que “o maior gerador de riquezas em uma cidade é o comerciante, é o empresário”, enquanto Eder Borges (PP) defendeu que “muitas pessoas trabalhando honestamente foram multadas injustamente”. A fala foi ecoada por Zezinho Sabará (União), que relatou um caso na sua vizinhança, quando um jovem cabeleireiro foi multado em R$ 5 mil por estar cortando o cabelo do sobrinho na loja fechada.
“A prefeitura se excedeu no combate à pandemia”, disse Rodrigo Marcial, referindo-se a casos como o relatado por Zezinho Sabará. Também Mauro Bobato (Pode) questionou as restrições, aplicadas de forma linear pelo Executivo, quando a densidade urbana e hábitos de consumo do Batel e do Umbará, no exemplo do parlamentar, “são realidades diferentes”. “Curitiba tem uma condição fiscal boa, então quem sabe converter a multa em contrapartida social”, sugeriu Bobato. Apenas Noemia Rocha (MDB) falou contra a isenção, lembrando que o recurso das multas vai para o Fundo Municipal da Saúde.
Segunda prorrogação
Se a CMC acatar o novo prazo proposto por Alexandre Leprevost, será a segunda vez que uma prorrogação para a quitação das multas terá sido aprovada pelos vereadores. A sanção financeira a quem descumpriu medidas sanitárias durante a pandemia foi criada pela lei municipal 15.799/2021, de janeiro daquele ano, na qual o valor das multas variavam de R$ 150 a R$ 150 mil. Elas só pararam de ser aplicadas em março de 2022, por decisão do Legislativo.
No mesmo ano de 2021, só que em dezembro, a CMC, por iniciativa de vários vereadores e em regime de urgência, aprovou a lei 15.942/2021, evitando a cobrança imediata das multas e dando até o final de 2022 para a regularização das sanções por descumprimento das medidas sanitárias. O último levantamento divulgado pela Prefeitura de Curitiba fala em mais de R$ 25 milhões em multas, decorrentes do vistoriamento da Aifu (Ação Integrada de Fiscalização Urbana) em cerca de 4,3 mil estabelecimentos comerciais.
Reprodução do texto autorizada mediante citação da Câmara Municipal de Curitiba