Povos nômades foram o tema da tribuna livre
A convite da vereadora Dona Lourdes (PSB), a tribuna livre da sessão plenária desta quarta-feira (17) foi ocupada por Claudio Domingos Iovanovitchi, fundador da Associação de Preservação da Cultura Cigana e membro titular do Conselho Estadual de Povos e Comunidades Tradicionais do Paraná. Ele abordou o assunto "políticas públicas para povos nômades em Curitiba".
Iovanovitchi iniciou sua fala agradecendo o convite de Dona Lourdes e disse trazer boas notícias. “Com apoio da Fundação Cultural de Curitiba (FCC), a cidade tem se tornado uma referência no respeito e no cultivo das tradições dos povos nômades. Propostas envolvendo música, dança e artes cênicas vinculadas a estes povos têm sido adotadas pelo órgão”, destacou.
Por outro lado, ele apontou algumas discrepâncias do poder público municipal no que diz respeito aos povos nômades. De acordo com Iovanovitchi “é o caso da Fundação de Assistência Social (FAS) que, por meio do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (Comtiba), cria inúmeras travas burocráticas às demandas dos povos nômades e de outros grupos vulneráveis”.
Da mesma forma, segundo Iovanovitchi, a Secretaria Municipal de Educação não consegue estabelecer um diálogo razoável com os povos nômades. Segundo ele, “a Secretaria Estadual de Educação (SEED) promove a qualificação específica dos professores para que eles consigam lecionar junto às minorias. No âmbito municipal, isso não acontece, o que configura uma espécie de exclusão”.
“Assim como os indígenas, também os povos nômades possuem suas subdivisões internas. Essa realidade deve ser compreendida pelo poder público”, afirmou. “O que não tem cabimento é o Estado nos classificar a todos com a expressão genérica "ciganos", e lidar com a cultura de forma superficial e preconceituosa.”
Outra questão abordada por Iovanovitchi foi a construção de um “Memorial Cigano”. A medida é prevista em lei (Lei Municipal nº. 10.576/2002), mas até o momento, não saiu do campo das projeções. “Povos nômades estão presentes em Curitiba há, no mínimo, 85 anos, não somos passantes”, reclamou. Ele também lembrou o fato de que famílias nômades circenses não dispõe de um espaço em Curitiba para realizar suas apresentações. Para ele, “o memorial poderia cumprir essa função”.
Iovanovitchi alertou que a forma mais adequada de aniquilar a autoestima de um povo é negando-lhe o direito de manifestar seu pensamento e sua forma de ser. “Somos 600 mil ciganos brasileiros e queremos mostrar toda a exuberância da nossa cultura. O futuro dos povos nômades passa por essa Casa de Leis”, concluiu o orador.
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