Por segurança, mulheres agredidas podem ganhar isenção nos ônibus
Da realização do boletim de ocorrência até a conquista da medida protetiva, mulheres vítimas de violência estariam isentas de pagar ônibus em Curitiba – segundo a vereadora Maria Letícia (PV), autora do projeto de lei, é para que dificuldades financeiras não impeçam as denúncias. “A cidade só tem uma Delegacia da Mulher, no Centro. Mas e as mulheres que vêm dos bairros distantes, e depois não têm dinheiro? O boletim de ocorrência é só o começo. Tem o exame, o inquérito policial, o Ministério Público. A medida protetiva pode demorar de 48 horas a meses”, explica.
A proposição foi protocolada na Câmara de Curitiba nesta quarta-feira (4) e ainda tramitará pelas comissões temáticas antes de estar apta à votação no Legislativo (005.00020.2017). O projeto de lei tem três artigos: no primeiro, a vereadora cria a isenção da tarifa do transporte público coletivo para mulheres vítimas de violência doméstica. Depois diz que o benefício é por tempo determinado, compreendendo o tempo entre a denúncia e a medida protetiva. Por fim, dá prazo de 60 dias para a norma entrar em vigor após a publicação no diário oficial.
“Eu sou médica legista e trabalho no atendimento a essas mulheres vítimas de violência”, relata Maria Letícia, “é comum elas perguntarem se vão ter vale [transporte] ou refeição. Não é segredo que muitas delas não têm dinheiro, dependem economicamente do parceiro. Algumas até emprestam dinheiro para fazer a denúncia, mas muitas não conseguem. Nós ainda não conhecemos o tamanho da violência doméstica por problemas desse tipo”. Na justificativa, a vereadora aponta que, no Mapa da Violência 2012, o Brasil aparece como 7º país onde mais se mata mulheres no mundo. Entre as capitais nacionais, Curitiba é a 4ª colocada.
No documento, Maria Letícia afirma que a isenção no transporte público para mulheres agredidas ajudará no “distanciamento do ciclo de violência”. “Elas poderão buscar atendimento nas assessorias jurídicas populares, entre outros serviços, o que diminui os casos de reincidência”, completa. A vereadora estreia neste ano na Câmara de Vereadores, fazendo parte da maior bancada feminina da história do Legislativo de Curitiba, composto por oito mulheres entre os 38 parlamentares.
Reprodução do texto autorizada mediante citação da Câmara Municipal de Curitiba