População debate o legado da Copa de 2014 para Curitiba

por Assessoria Comunicação publicado 10/08/2011 15h15, última modificação 11/08/2021 09h39
A audiência pública promovida pela Câmara Municipal e prefeitura de Curitiba, na Rua da Cidadania do Terminal do Carmo, na noite desta terça-feira (9), aprofundou o debate realizado anteriormente sobre as consequências da Copa Fifa 2014 para o conjunto de habitantes da cidade. Recepcionados pelo administrador da regional do Boqueirão, Emílio Trautwein, os vereadores Pedro Paulo (PT), presidente da Comissão da Copa, Juliano Borghetti (PP), relator, Renata Bueno (PPS), e as engenheiras do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), Suzana Costa e Zelinda do Rosário, puderam expor ao público presente as obras previstas para a capital e debater as experiências já vividas em outros países e cidades-sede.
Responsáveis pelo acompanhamento técnico do conjunto de obras relacionadas à realização do evento desportivo em Curitiba, Suzana e Zelinda apresentaram as sete obras que serão financiadas pelo programa PAC da Copa (Corredor Aeroporto - Rodoferroviária, Sistema Integrado de Mobilidade, Corredor Cândido de Abreu, Reforma da Rodoferroviária, novo trecho da Linha Verde Sul, ampliação do Terminal do Santa Cândida e as obras na Marechal Floriano Peixoto), mudanças no aeroporto Afonso Pena e as estruturas temporárias exigidas pela Fifa, como os Fan Parks.
“O evento é privado e realizado pela Fifa, mas os governos enxergam nele interesse público, pelo legado que trará para a cidade”, disse a engenheira Suzana, informando que a expectativa é que o Brasil receba 600 mil turistas estrangeiros, sendo que 100 mil visitarão Curitiba. “Fomos procurados por vários países durante o sorteio das eliminatórias, no Rio de Janeiro, interessados em que as suas seleções se estabeleçam no Paraná para o Mundial”, declarou Zelinda. O assessor jurídico da ONG Terra de Direitos, Thiago Hoshino, alertou para a necessidade de Curitiba não repetir casos de desrespeito aos direitos humanos verificados em outros países, como as situações de despejo e limpeza social registradas na África do Sul, quando obras provocaram migrações forçadas. “A grande discussão sobre a Copa de 2014 é a distribuição dos ônus e bônus. É papel do poder público garantir os legados sem irregularidades e desrespeito à população mais pobre”, comentou.
Thiago citou o documento elaborado pela urbanista da USP, Raquel Rolnik, que também ocupa a Relatoria Especial do Conselho de Direitos Humanos da ONU sobre o Direito à Moradia Adequada. Ela estaria recebendo denúncias de outras cidades-sede, em que a preparação para o campeonato mundial de futebol estaria criando mais problemas do que trazendo soluções para o conjunto dos moradores. “Nós temos que aprender com os erros dos outros, para que eles não se repitam na nossa cidade”, afirmou o assessor da Terra de Direitos.
Suzana e Zelinda afirmaram que estes cuidados estão sendo tomados em Curitiba, no sentido de aproveitar ao máximo os recursos adicionais que a cidade recebeu por sediar jogos da Copa 2014. “Todas as obras já fazem parte do planejamento da cidade e estão sendo adiantadas. A estimativa é que elas tragam retornos positivos por até dez anos no futuro”, explicou Suzana. Para a engenheira Zelinda, o evento abrirá uma janela de oportunidades, que precisa ser utilizada pela população. “Tem que ir atrás da qualificação necessária, pois a Fifa prioriza contratos com empresas locais, por exemplo”, disse a engenheira.
Para o presidente da Comissão da Copa, o debate é importante e anima as audiências públicas. “Este é o momento certo para críticas e reflexão. Por isso, estamos promovendo essas audiências por toda Curitiba. Temos esses desafios que envolvem o direito à moradia, mas também outros tantos que precisarão ser resolvidos até 2014. A mão de obra para a realização de tantas mudanças na infraestrutura é um exemplo. A necessidade de promover um turismo saudável, sem a exploração sexual de adolescentes é outro. Não é só repassar informações, é localizar as sugestões e assimilar as mudanças que elas implicam”, completou Pedro Paulo.
O público também buscou informações sobre o plano de drenagem da cidade, a colocação de caixas eletrônicos com moeda estrangeira, a capacidade da rede hoteleira, o plano cicloviário para a cidade, a preparação do mercado imobiliário para o evento, a abrangência da zona de exclusão, melhorias no Parque Iguaçu, atividades culturais para crianças e jovens e o apoio ao esporte amador.