Plenário já pode votar redução de IPTU para pessoa com deficiência

por Pedritta Marihá Garcia | Revisão: Alex Gruba — publicado 28/05/2024 10h00, última modificação 27/05/2024 18h27
Projeto encerrou seu trâmite pelas comissões permanentes da Câmara de Curitiba.
Plenário já pode votar redução de IPTU para pessoa com deficiência

Quatro projetos estavam na pauta da Comissão de Acessibilidade. (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)

A proposta de lei complementar que pretende contemplar com a redução do IPTU as pessoas com deficiência (PcD) que recebem o Benefício de Prestação Continuada (BPC) recebeu o aval da Comissão de Acessibilidade e Direitos da Pessoa com Deficiência. Agora, a matéria já pode ser votada pelo plenário da Câmara Municipal de Curitiba (CMC). A votação no colegiado aconteceu nesta segunda-feira (27), após a sessão plenária. 

Na prática, o projeto inclui a PcD na ementa da lei complementar 44/2002, que hoje cita apenas a pessoa idosa. Também pretende acrescentar um inciso ao artigo 1º da norma, que já prevê a redução do IPTU para aposentados e para pensionistas do sistema previdenciário oficial com idade superior a 65 anos; aposentados por invalidez junto ao sistema previdenciário oficial; e os beneficiários do BPC segundo a Lei Orgânica de Assistência Social (Loas). 

Além de receber o BPC, a PcD só pode ter um imóvel, de uso exclusivamente residencial, e o valor venal não pode ultrapassar R$ 214 mil. Ainda, a renda bruta familiar deve ser inferior a três salários mínimos (002.00003.2023). A iniciativa é de Pier Petruzziello (PP) e, na Comissão de Acessibilidade, foi relatada pelo vereador Alexandre Leprevost (União). No voto favorável,  o relator disse que o projeto visa garantir e oportunizar maior dignidade da pessoa com deficiência em situação de vulnerabilidade, que necessita de atenção, inclusão social e autonomia financeira. "Assim, não existem óbices ao mérito, tampouco à regular tramitação legal que possamos verificar."

Aprovado reconhecimento de surdez parcial como deficiência auditiva

Alexandre Leprevost também foi favorável ao projeto de lei que tem o objetivo de reconhecer a surdez parcial – unilateral total ou bilateral parcial – como deficiência auditiva na capital do Paraná. A iniciativa visa a garantir em lei que pessoas com essa condição física tenham os mesmos direitos assegurados às pessoas com deficiência pela legislação curitibana (005.00015.2024). A matéria é de autoria de Noemia Rocha (MDB).

No texto,
é considerada “deficiência auditiva” a limitação a longo prazo da audição, lateral total ou bilateral parcial ou total, a qual, em interação com uma ou mais barreiras, obstrui a participação plena e efetiva da pessoa na sociedade, em igualdade de condições com as demais pessoas. A vereadora explica que a surdez, unilateral total ou bilateral parcial, tem impactos significativos na qualidade de vida das pessoas afetadas e, por isso, precisa ser reconhecida como uma deficiência.

"Ao analisar o conjunto de esclarecimentos trazidos pela autora, vemos que restam atendidos princípios atinentes a esta comissão, trazendo entendimento atual e reconhecendo a surdez unilateral como deficiência auditiva, proporcionando assim, maior respeito as pessoas que sofrem com referida perda auditiva", diz o voto do relator. O projeto ainda precisa passar pelas comissões de Saúde e Bem-Estar Social, e de Direitos Humanos, Defesa da Cidadania, Segurança Pública e Minorias.

Proibição da arquitetura hostil segue tramitando

O projeto de lei que proíbe a instalação de arquitetura hostil em espaços livres da cidade foi avalizado, após receber parecer favorável de Beto Moraes (PSD), e continuará seu percurso nas comissões temáticas. Com um substitutivo geral, a matéria visa combater as “intervenções hostis”, caracterizadas por equipamentos urbanos instalados e obras realizadas com objetivo de afastar pessoas indesejadas em determinado local.

A ideia é proibir, por exemplo, a instalação de bancos divididos por barras ou a colocação de pontas de aço (ou espinhos) em degraus, beirais de canteiros ou janelas para que pessoas não fiquem nesses locais. Para essa regulamentação, pretende-se alterar o Código de Posturas de Curitiba para que a legislação passe a proibir a instalação de arquitetura hostil (005.00106.2022, com substitutivo geral 031.00073.2023). O texto foi originalmente apresentado pelo ex-vereador e agora deputado estadual Renato Freitas (PT) e ganhou a coautoria dos colegas de bancada Professora Josete, Angelo Vanhoni, Giorgia Prates  Mandata Preta.

No voto pelo trâmite regimental, Beto Moraes não observou impedimentos. Antes de estar pronta para votação em plenário, a matéria ainda precisa tramitar pelas comissões de Direitos Humanos; de Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Assuntos Metropolitanos; de Serviço Público; e de Urbanismo, Obras Públicas e Tecnologias da Informação.

Novo símbolo da pessoa idosa nas placas de atendimento prioritário

Quarto e último item da pauta, a proposta de Marcos Vieira (PDT) com o objetivo de alterar o símbolo da pessoa idosa nas placas de atendimento prioritário também recebeu parecer pelo trâmite regimental. A iniciativa diz que “as placas, adesivos, pinturas e imagens representativas com pictogramas antigos, que indicam atendimento prioritário aos idosos, serão substituídos por nova imagem representativa”, com o símbolo "60+" (005.00002.2024). 

A relatoria deste projeto ficou sob a responsabilidade de Toninho da Farmácia (PSD). "Diferente do símbolo da pessoa com deficiência que é padronizado globalmente, não há símbolo oficial padronizado da pessoa idosa, a adoção do símbolo no atendimento prioritário igual ao utilizado pelo CONTRAN para as vagas de veículos é possível e facilitará o reconhecimento e padronização", analisou o relator. A próxima etapa é a análise da Comissão de Direitos Humanos.

Qual a função da Comissão de Acessibilidade?

A Comissão de Acessibilidade tem, entre outras funções, elaborar parecer sobre matérias relacionadas aos direitos da pessoa com deficiência e à acessibilidade para pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida às edificações, às vias e aos espaços públicos, ao transporte, ao mobiliário, aos equipamentos urbanos e aos sistemas e meios de comunicação. O colegiado se reúne mensalmente, às segundas-feiras, após a sessão plenária. São membros os vereadores Pier Petruzziello, presidente; Marcos Vieira, vice-presidente; Alexandre Leprevost, Beto Moraes e Toninho da Farmácia.