PL das Fake News gera nova discussão na Câmara de Curitiba

por Mauricio Geronasso*, especial para a CMC | Revisão: Brunno Abati* — publicado 04/05/2023 11h45, última modificação 04/05/2023 13h41
Projeto de lei tem dividido opiniões dos vereadores em plenário. Na última quarta, acusação de fake news gerou pedido de desculpas.
PL das Fake News gera nova discussão na Câmara de Curitiba

PL das Fake News retornou à pauta de discussões no plenário da Câmara de Curitiba. (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)

O adiamento da votação do PL das Fake News, em Brasília, na noite dessa terça-feira (2), foi comemorado por vereadores de Curitiba na manhã seguinte e criticado por outros, que acusaram as grandes empresas de tecnologia de interferir no assunto. A sessão dessa quarta (3) foi a segunda consecutiva em que a Câmara Municipal de Curitiba (CMC) discutiu temas nacionais. No dia anterior, o assunto já havia repercutido em plenário.

A decisão de adiar a votação do projeto de lei das Fake News (PL 2630/20) foi tomada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), após pedido do relator da proposta e consulta aos líderes partidários. A nova data de votação ainda não foi definida. O adiamento foi apoiado por sete partidos, enquanto PL e Novo foram contra. Os líderes partidários alegaram a necessidade de tempo para analisar o texto do relator, que recebeu mais de 90 emendas. 

A proposta do projeto de lei foi o tema dominante nas discussões políticas e pronunciamentos na CMC, nessa quarta, durante a sessão plenária. Alguns parlamentares afirmaram que a discussão da proposta foi contaminada pela polarização ideológica e pelas narrativas. Outros se posicionaram contrários ao texto e argumentaram que a proposta pode levar à censura e à perseguição política.

Projeto da censura
“Lei da censura. É assim mesmo que devemos chamar”, ressaltou o vereador Ezequias Barros (PMB). Crítico ao projeto de lei, o parlamentar citou a discussão dos “banheiros unissex” e casos de censuras contra igrejas católicas e evangélicas em países da América Latina, já levantados em plenário. “Em muitos casos, acontecem até prisão, como a que já aconteceu no Rio de Janeiro”, disse Barros, ao lembrar da prisão do pastor Felippe Valadão, em 2022.

Indiara Barbosa (Novo) também se mostrou crítica, afirmando que o projeto limita a liberdade de expressão. “Graças à pressão popular, o projeto foi retirado de pauta. A gente não precisa que o governo nos diga o que podemos falar ou escrever. Continuaremos vigilantes. Nosso papel é trabalhar por uma sociedade mais livre”, declarou a parlamentar.

A vereadora Amália Tortato (Novo) julga que a retirada de pauta do projeto sobre fake news foi uma vitória na luta pela liberdade e pela democracia. “A liberdade de expressão e a democracia não têm preço”, defendeu. Também, o vereador Rodrigo Braga Reis (União) afirmou que a lei representaria um “poder ditatorial”. “Essa é uma lei da mordaça. Não vamos poder falar o que pensamos, pois iremos receber processos pelas nossas ideias”, opinou.  

Liberdade e regulamentação
A Professora Josete (PT), por outro lado, avaliou que a discussão da proposta foi contaminada pela polarização e pelas narrativas. “A lei visa proteger o cidadão e a cidadã vítimas de fake news. O projeto trata sobre isso”, rebateu. O texto é criticado pela oposição ao Governo Federal e também pelas big techs, como Google, Tik Tok, Meta e Spotify. No entanto, Josete entende que é fundamental responsabilizar e punir quem abusa da liberdade de expressão. “Uma mentira pode se tornar verdade, pois dificilmente teremos meios para termos controle sobre. Por isso, entendo a importância desse projeto de lei”, disse.

“Independente do cargo que ocupamos, devemos ter garantida a liberdade de expressão, desde que essa liberdade não trate de fatos que são fake news e nem levem a incitação ao ódio e a crimes”, destacou. O uso da tribuna por alguns parlamentares para “debates não qualificados e não pautados na verdade” também foram destacados pela parlamentar durante sua fala.

Pedido de desculpas
Ao final da sessão, a vereadora Professora Josete se desculpou publicamente por ter cometido um equívoco ao destacar declarações da vereadora Amália. ”Peço desculpas pela afirmação equivocada”, finalizou. Ela havia acusado a parlamentar do Novo de errar a autoria do projeto de lei, atribuindo-o ao “comunista” Orlando Silva (PCdoB-SP), para reforçar a polarização ideológica, sem citar que o texto é do “ex-tucano” Alessandro Vieira (Cidadania-SE).

Na sessão, Amália Tortato pediu a exibição do vídeo da sessão passada para demonstrar que não fez aquilo que Josete a acusava de ter cometido. 

*Notícia elaborada pelo estudante de Jornalismo Mauricio Geronasso, especial para a CMC.
Supervisão do estágio: José Lázaro Jr.
*Notícia revisada pelo estudante de Letras Brunno Abati

Supervisão do estágio: Alex Gruba