Pesquisador espanhol estuda síndrome pós-pólio em Curitiba

por Assessoria Comunicação publicado 14/07/2015 09h20, última modificação 01/10/2021 09h32

O pesquisador Juan Antonio Rodríguez Sánchez, professor titular de História da Ciência da Faculdade de Medicina da Universidade de Salamanca (Espanha), esteve em Curitiba para conhecer e entrevistar pacientes que sofrem da síndrome pós-pólio (SPP), uma “desordem neurológica” que atinge pessoas infectadas pelo vírus da poliomielite (paralisia infantil) pelo menos 15 anos antes.

Ele também esteve na Câmara Municipal, que no ano passado criou uma associação voltada ao atendimento de pacientes com SPP. A visita do pesquisador é fruto de uma cooperação entre Espanha e Portugal, que pretendem estudar formas de tratamento para efeitos tardios da poliomielite e de prevenção para a síndrome pós-pólio.

A pólio foi erradicada no Brasil em 1994, mas recentemente descobriu-se que parte das pessoas que foram infectadas acabam desenvolvendo a síndrome. Só em 2010, ela foi incluída no Catálogo Internacional de Doenças (CID). Na Espanha, a erradicação aconteceu em 2002 e em toda a Europa em 2012.

“Quando esquecemos a pólio, esquecemos as pessoas que vivem com sequelas, as que sentem os efeitos tardios da doença e também as que sofrem com a síndrome pós-pólio. É um apoio a todas essas pessoas”, disse Sánchez. Um dos principais conhecimentos que o pesquisador quer levar do Brasil é o que ele chamou de “movimento associativo”. “Queremos saber como se cria uma associação e qual o entendimento e o envolvimento de todas as partes – política, administrativa, os profissionais de saúde e os pacientes”, resumiu.

Na Câmara Municipal, o pesquisador entrevistou, durante duas horas, o presidente da Comissão de Acessibilidade, Zé Maria (SD), que participou ativamente da criação da Associação do Grupo de Apoio da Síndrome do Pós-Pólio do Paraná (AGASPP-PR), realizada no fim do ano passado na Câmara Municipal (leia mais). “Com a entidade, os pacientes conseguiram um local para receber atendimento. Por isso, muitas pessoas que só ficavam em casa saíram da comodidade e deixaram de lado a vergonha, reivindicando seus direitos e usufruindo de melhor qualidade de vida”, afirmou.

O secretário da AGASPP-PR, Marcos Figueroa, que também esteve na Câmara, conta que a AGASPP-PR já atendeu mais de 500 pessoas com a síndrome da pós-pólio. Figueroa também tem dificuldades de locomoção e precisa de uma muleta para andar. “É muito importante ver pessoas de outros países buscarem informações conosco. Hoje estamos sendo referência para a Espanha. O que eu insisti para o pesquisador foi na questão da mobilização das pessoas para terapia e tratamento da síndrome”, comentou.

Cooperação internacional
No Brasil, a Universidade de Salamanca mantém um convênio de cooperação com a Fundação Oswaldo Cruz (Fio Cruz). A professora Dilene Raimundo do Nascimento, pesquisadora da Casa de Oswaldo Cruz (FioCruz), acompanhou a visita de Juan Sánchez a Curitiba a convite de Zé Maria. “As pessoas passaram anos e anos sentindo efeitos tardios da poliomielite e sendo chamadas de preguiçosas, até mesmo por dificuldades para trabalhar. Agora, com a classificação no CID, elas podem pedir tratamento, assistência médica e até mesmo aposentadoria”, contou.

Em Curitiba, eles também visitaram o Centro Hospitalar de Reabilitação Ana Carolina Xavier, referência no tratamento de pessoas com deficiência física. O hospital torna os pacientes aptos à reintegração na família e na sociedade.