Parque Pirata Zulmiro: 10 curiosidades sobre a lenda de Curitiba

por Fernanda Foggiato e José Lázaro Jr. | Revisão: Ricardo Marques — publicado 04/07/2024 10h20, última modificação 22/07/2024 08h54
Figura lendária de Curitiba, Pirata Zulmiro ganhou um parque temático em sua homenagem no bosque Gutierrez, no bairro Vista Alegre.
Parque Pirata Zulmiro: 10 curiosidades sobre a lenda de Curitiba

Símbolo histórico de Londres, Placa Azul do parquinho do Pirata Zulmiro foi doada pela Sociedade Britânica do Paraná. (Foto: Carlos Costa/CMC)

Curitiba ganhou, no final de junho, um novo ponto de lazer para a criançada, repleto de história. É o parquinho do Pirata Zulmiro, localizado no bosque Gutierrez, no bairro Vista Alegre. O espaço de 760 m² imortaliza a figura lendária do corsário britânico que se escondeu na cidade, no século 19, e a busca por seu tesouro perdido.

Aqui na Câmara Municipal de Curitiba (CMC), a história Pirata Zulmiro já foi tema de dois podcasts, gravados com o pesquisador e escritor Marcos Juliano Ofenbock. Ele foi o responsável por comprovar a existência do britânico, antes considerado uma lenda urbana da capital do Paraná.

Veja a lista de 10 curiosidades que você precisa saber antes de visitar o parque em homenagem ao pirata que morou e morreu em Curitiba: 


  • Zulmiro estudou na mesma escola que o príncipe Harry.  Filho de uma tradicional família europeia, ele nasceu em Cork, na Irlanda, por volta de 1798. Com o nome de batismo de Francis Hodder, Zulmiro estudou no Eton College, em Berkshire, tradicional escola da aristocracia britânica. O príncipe Harry e a família real estudaram lá, assim como J. K. Rowling, da série Harry Potter, inspirou-se no colégio para criar Hogwarts

  • Francis Hodder foi membro da Marinha Inglesa. No entanto, após matar um colega numa briga de bar, viu-se obrigado a desertar, para não ser condenado à morte. Nos anos seguintes, tornou-se um pirata renomado.

  • Pirataria era monitorada pela monarquia portuguesa. Registros históricos da Câmara de Curitiba revelam cartas-régias de dom João VI à Câmara de Curitiba, nas décadas de 1720 e 1735, determinando a realização de diligências para recuperar tesouro do navio pirata, naufragado em Paranaguá. Já documento de 1726 alerta ao “grande perigo” de piratas invadirem o litoral da Capitania de São Paulo, da qual, à época, o Paraná fazia parte.

  • Um inglês, um russo e um espanhol se encontram na Ilha da Trindade, litoral do Espírito Santo. Depois de desertar da Marinha Inglesa, Zulmiro se associa ao russo Zarolho e ao espanhol José Sancho para formar o bando que ficou famoso por pilhagens nos mares do oceano Atlântico. Sancho morreu na costa da África, Zarolho morreu na Índia, onde entregou o mapa do tesouro. Zulmiro fugiu da Marinha Inglesa graças à ajuda do comandante da embarcação, que era seu amigo de juventude.

  • João Francisco Inglês foi o nome do pirata em Curitiba. Largado pelo seu amigo na Barra do Superagui, em 1829, com a promessa de desistir da pirataria, Zulmiro subiu a Serra do Mar e fixou residência onde hoje fica o bairro Pilarzinho. Como o jornal “A República” ligava o lote 614 a Zulmiro, foi possível identificar que ele morou na região onde está localizada hoje a Universidade Livre do Meio Ambiente. Ele viveu lá até falecer, aos 90 anos de idade, em 1889, viúvo

  • João Francisco Inglês foi casado com uma ex-escrava. Registros da Igreja Católica, do óbito de Zulmiro, mostraram que ele era viúvo de Rita de Tal, uma grafia geralmente associada a ex-escravos. Ofenbock localizou o registro de casamento com a escrava Rita na igreja Matriz de Curitiba no dia 4 de fevereiro de 1829, uma africana escravizada que ele arrebatou ao chegar na cidade, ainda menina, mas que depois foi alforriada pelo próprio.

  • Curitiba está conectada ao maior roubo da história da pirataria: o tesouro do Pirata Zulmiro seriam as relíquias da Catedral de Lima, retiradas às pressas da cidade peruana por comerciantes espanhóis, em 1821, durante confronto dos colonizadores com tropas britânicas. O navio com madonas e baús de ouro teria sido roubado pelo bando pirata de por Francis Hodder.

  • Tesouro da Catedral de Lima foi enterrado na costa brasileira. A história é que, numa noite de bebedeira, Zulmiro confidenciou a um compatriota, de passagem por Curitiba, quem ele era e onde tinha escondido a pilhagem do navio espanhol, na Ilha da Trindade. A caverna onde estava o butim colapsou, décadas atrás, dificultando muito a checagem, segundo expedições anteriores feitas para a Ilha da Trindade.

  • A Câmara de Curitiba processou Zulmiro por “excesso de terras”. O pesquisador Marcos Juliano Ofenbock encontrou registros em jornais da época. Em 1887, o periódico “19 de Dezembro” noticiou que os vereadores passariam a cobrar uma taxa extra de João Francisco Inglês pelo “excesso de terras”. Em 1921, no jornal “A República”, aparece a Câmara de Curitiba vendendo terrenos do ex-pirata, no Pilarzinho.

  • Parquinho do Pirata Zulmiro tem Placa Azul, símbolo histórico de Londres. Doada pela Sociedade Britânica do Paraná, a placa celebra a relação bilateral entre Curitiba e o Reino Unido. Com direito a uma caça ao tesouro fictícia e a outras atrações, o parquinho fica no bosque Gutierrez, no bairro Vista Alegre (acesso principal pela rua Eng. Rômulo Gutierrez, pelo Portal do Sol). 
     

Quer saber mais sobre a história do Pirata Zulmiro? Assista ao episódio do CMC Podcasts:


 

  Restrições eleitorais