Pandemia digitalizou campanhas eleitorais, avaliam especialistas

por Fernanda Foggiato — publicado 15/11/2020 20h53, última modificação 15/11/2020 20h53
Especialistas analisaram impacto da Covid-19 na comunicação pública e campanhas eleitorais.
Pandemia digitalizou campanhas eleitorais, avaliam especialistas

O jornalista Sergio Lerrer foi um dos entrevistados sobre a comunicação pública em tempos de pandemia. (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)

A digitalização das campanhas políticas e Casas Legislativas, em meio à pandemia da Covid-19, foi mote de debates durante a cobertura da apuração das eleições deste domingo (15). A transmissão foi realizada pelo site e redes sociais da Câmara Municipal de Curitiba (CMC), com foco na nova composição da Casa.

Para o jornalista Sergio Lerrer, fundador do Pro Legislativo, a agenda digital foi impulsionada, em diferentes esferas, como na economia e na política, pela pandemia, mas ainda precisa evoluir. No caso do poder público, ir além da propaganda, passando por uma “transição educativa”.

Em relação ao pleito deste domingo (15), o especialista em comunicação pública acredita que a “radical digitalização” das campanhas democratizou o processo eleitoral, permitindo que candidatos com poucos recursos e repasses partidários conseguissem destaque nas redes sociais. “Os partidos brasileiros não têm prévias, não discutem e têm muito do chamado caciquismo.”
 
Desde a redemocratização do país, opinou Lerrer, falta um papel mais operante e independente ao vereador na mediação de políticas públicas. “[As Câmaras Municipais] estão de forma geral como tribunais políticos para aprovar ou desaprovar atos políticos dos prefeitos. Ela tem que ser um fórum de discussão permanente”, declarou. “[O vereador] precisa ter uma atuação local, mas com uma visão mais global.”

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Na avaliação do professor Aryovaldo de Castro Azevedo Junior, professor do Departamento de Comunicação Social e membro do grupo de pesquisa de Comunicação Eleitoral da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o distanciamento social “dificultou ainda mais aquilo que não é fácil, já que o corpo a corpo era a principal ferramenta entre candidatos e eleitores”. Os protocolos de segurança em função da pandemia, completou, “começaram a ganhar viés ideológico” no Brasil e em outros países, como nos Estados Unidos.

Direto da sede do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), a CMC ouviu a coordenadora-geral da Transparência Eleitoral Brasil, Ana Cláudia Santano. Segundo ela, voluntários da organização passaram o dia em diferentes locais de votação, colhendo informações sem se identificarem. Além de Curitiba, os observadores atuaram em Belém, Belo Horizonte, Fortaleza e João Pessoa.