Palácio Rio Branco voltará às características originais

por Assessoria Comunicação publicado 18/04/2011 15h40, última modificação 09/08/2021 08h43
A reforma do Palácio Rio Branco (1895-1896), da Câmara Municipal de Curitiba, revelou algumas características originais do prédio que serão novamente expostas. Uma delas é a pintura. Por baixo da tinta látex utilizada nas últimas reformas do prédio, há desenhos a base de cal e pigmentos naturais, que em partes serão novamente expostos e protegidos por uma resina acrílica que não deixa a cal sair.
“O restaurador vai abrir as paredes com bisturi e deixar à mostra alguns desenhos originais, trabalho que chamamos de janela de testemunho”, explicou o arquiteto Claudio Forte Maiolino, diretor da Albatroz Arquitetura, Construção e Restauro Ltda., que está executando a obra. Trata-se de uma composição de flores que complementam a pintura do teto e de algumas paredes do Palácio que ainda conservam características originais.
Na fachada, uma equipe trabalha para descobrir as cores de cada detalhe, já que os registros fotográficos da época da inauguração são em preto e branco. “Nesta restauração estamos voltando o máximo possível ao que era original".
“O restauro é importante do ponto de vista histórico, já que o prédio guarda a memória política do estado e abrigou a assembleia legislativa até 1957. A rua Barão do Rio Branco, onde está localizado, também já foi a rua do comércio mais importante da cidade” lembrou o presidente da Câmara, João Cláudio Derosso.
O piso será diferente do que se viu nos últimos anos durante as sessões. Ao invés do carpete vermelho que cobria todo o plenário, será mantido o projeto inicial de assoalho de madeira. “Por baixo existia um assoalho de tábuas corridas, mas a forma original é toda trabalhada em losangos, como um mosaico, e vamos mostrar isto”, complementou.
O piso de mármore da escadaria da entrada, que estava manchado e corroído pela ação do tempo, também já foi retirado e será substituído por um novo, mantendo as características originais.
No telhado, todas as telhas tiveram que ser trocadas. Também foi necessário trocar o ripamento, mas o madeiramento da estrutura foi tratado e mantido.
O teto também recebeu reforço. Ele foi feito com uma técnica de estuque, que consistia em fazer um forro de madeira e depois assentar uma espécie de argamassa, para aplicar a pintura. “Consolidamos este estuque pela parte de trás, através de injeção de resinas, para evitar que não caiam pedaços”, explicou Maiolino.
No porão do prédio, que era utilizado para as reuniões das comissões, está prevista a retirada das divisórias. Os arcos da estrutura deverão ser mantidos à mostra. As janelas deste ambiente foram levadas para restauro e, assim como as demais, também devem manter a cor inicial, que está sendo pesquisada.
Tecnologia
Segundo Maiolino, com o passar do tempo, a antiga edificação foi perdendo algumas características. “Ao longo dos anos, o prédio foi sendo adaptado para se adequar às tecnologias. Houve necessidade de pontos de energia elétrica, telefonia, automação e estas coisas foram descaracterizando a construção”, disse o arquiteto. Agora, toda a fiação elétrica e lógica está sendo refeita.
Projeto estrutural
Estrutura portante foi a técnica utilizada no século XIX para erguer o Palácio Rio Branco. Ou seja, não existe fundação, mas sim paredes grossas, de aproximadamente um metro de espessura, que seguram o prédio. A movimentação do solo, causada principalmente pelo trânsito de veículos pesados em volta do prédio, fez com que as paredes apresentassem rachaduras que comprometeram a estrutura.
Para conter isto, no início da restauração foram criados três anéis metálicos, que envolvem o prédio e mantêm rachas e paredes no lugar. Uma das cintas está no térreo, outra nas tribunas e a terceira, no telhado.
História
A conclusão da construção do palácio Rio Branco foi entre 1895 e 1896. Foi inicialmente chamado de Palácio do Congresso, quando abrigou a Assembleia Legislativa do estado. Em 1957, o espaço foi cedido para a Câmara Municipal de Curitiba, que se instalou definitivamente em 1963 e mudou o nome para o atual. Pelo valor histórico e cultural do prédio para o Paraná, foi tombado pelo governo do Estado em 1978.
Investimento
A previsão de custo da obra é de R$ 858.967. Derosso ressaltou que os recursos que estão sendo utilizados são oriundos de economias realizadas pelo Legislativo municipal. “A criação do Fundo em 2008, possibilitou a reforma sem onerar o município”, complementou o presidente. O fundo foi criado para receber os valores economizados pelo Legislativo a cada ano fiscal, a partir de 2009. Desta forma, a instituição pode realizar melhorias de infraestrutura e de qualificação profissional dos servidores sem despesas adicionais para a cidade. Anteriormente a isto, os valores eram devolvidos à prefeitura. Desde o ano de 2000, a Câmara economizou mais de R$ 26,5 milhões.