"Os heróis do Contestado seguem esquecidos", diz Bernardi
Empunhando a bandeira dos sertanejos do Contestado, o vereador Jorge Bernardi (Rede) utilizou a sessão plenária desta quarta-feira (19), na Câmara Municipal de Curitiba, para cobrar do Poder Público o resgate desse trecho da história do Paraná. “Amanhã completa 100 anos do fim da Guerra do Contestado, em que de 3 mil a 8 mil pessoas morreram inutilmente”, resgatou o parlamentar.
“Os verdadeiros heróis do Contestado, os sertanejos que lutaram por um direito assegurado pela posse, continuam esquecidos da história. Nesses 100 anos, eu não vejo do Estado, nem da Prefeitura de Curitiba, nenhuma homenagem aos heróis que tombaram, tanto os que moravam na região em disputa [no Oeste do Paraná e de Santa Catarina], quanto os que sobreviveram ao conflito”, protestou Jorge Bernardi. O vereador é autor do livro “A Guerra do Contestado em Quadrinhos”, lançada em 2015.
“Foi desta Câmara de Vereadores, que em 1912 partiu o coronel João Gualberto, então candidato à prefeitura”, relatou Bernardi. “Dizem que ele comprou todas as cordas que haviam na cidade, com as quais pretendia trazer amarrados os "jagunços catarinenses", como se falava, pois imaginava que isso traria a ele grande popularidade.” Durante sua exposição sobre o assunto, o vereador se manteve na defesa dos sertanejos, criticando a exploração internacional das riquezas da região - “um dos motivos da revolta”.
No dia 22 de outubro de 1912, na Batalha do Irani, no confronto entre 200 sertanejos e 70 militares, que não durou 30 minutos, morreu João Gualberto e o monge José Maria, que liderava o movimento messiânico na região – que depois, segundo a lenda recuperada por Bernardi, teria ressuscitado, levando à formação de vários redutos no interior de Santa Catarina e do Paraná. “Nas razões do conflito está a questão da terra, já que as elites desses Estados venderam as áreas a grupos multinacionais, expulsando os posseiros que viviam há séculos na área”, reforçou.
A região do Contestado, alertou o vereador da Rede, até hoje é uma das mais deprimidas economicamente. “Na emancipação do Paraná de São Paulo, as divisas entre Paraná e Santa Catarina não ficaram bem definidas. Esse problema dos limites interestaduais, a disputa pela terra, a madeira e a erva-mate, o movimento messiânico, o sentimento monárquico nas populações injustiçadas [em oposição à Proclamação da República], a postura nacionalista dos sertanejos e a luta inconsciente deles por direitos humanos são importantes para entender a guerra”, disse.
Jorge Bernardi falou das batalhas nos redutos de resistência à República, descrevendo o papel de líderes sertanejos, como Maria Rosa, de 15 anos, “apelidada de Joana DArc do Sertão, que comandou 6 mil homens”. Falou também de Adeodato, líder do último foco de resistência, que só foi detido pelas forças policiais meses depois de cessado o conflito em 2015 – “arbitrado pelo presidente Cleveland, cujo nome inspirou a cidade de Clevelândia” – e morreu cinco anos depois, numa tentativa de fuga da prisão.
Adeodato comandava 5 mil homens e contra ele, pela primeira vez no Brasil, foram usadas aeronaves. Os sertanejos resistiram a sete expedições militares. “Os rebeldes chegaram a dominar 25 mil quilômetros quadrados”, explicou, “e no acordo de limites, dos 47 mil km² em disputa, 27 mil km² ficaram com Santa Catarina e 20 mil km² com o Paraná”. A “palestra” de Bernardi, contudo, foi interrompida devido ao barulho no plenário. O vereador se irritou. “Eu sei que a questão do Contestado não gera interesse, dado o desrespeito dos vereadores com as 8 mil pessoas que morreram no confronto”, disse.
“Os verdadeiros heróis do Contestado, os sertanejos que lutaram por um direito assegurado pela posse, continuam esquecidos da história. Nesses 100 anos, eu não vejo do Estado, nem da Prefeitura de Curitiba, nenhuma homenagem aos heróis que tombaram, tanto os que moravam na região em disputa [no Oeste do Paraná e de Santa Catarina], quanto os que sobreviveram ao conflito”, protestou Jorge Bernardi. O vereador é autor do livro “A Guerra do Contestado em Quadrinhos”, lançada em 2015.
“Foi desta Câmara de Vereadores, que em 1912 partiu o coronel João Gualberto, então candidato à prefeitura”, relatou Bernardi. “Dizem que ele comprou todas as cordas que haviam na cidade, com as quais pretendia trazer amarrados os "jagunços catarinenses", como se falava, pois imaginava que isso traria a ele grande popularidade.” Durante sua exposição sobre o assunto, o vereador se manteve na defesa dos sertanejos, criticando a exploração internacional das riquezas da região - “um dos motivos da revolta”.
No dia 22 de outubro de 1912, na Batalha do Irani, no confronto entre 200 sertanejos e 70 militares, que não durou 30 minutos, morreu João Gualberto e o monge José Maria, que liderava o movimento messiânico na região – que depois, segundo a lenda recuperada por Bernardi, teria ressuscitado, levando à formação de vários redutos no interior de Santa Catarina e do Paraná. “Nas razões do conflito está a questão da terra, já que as elites desses Estados venderam as áreas a grupos multinacionais, expulsando os posseiros que viviam há séculos na área”, reforçou.
A região do Contestado, alertou o vereador da Rede, até hoje é uma das mais deprimidas economicamente. “Na emancipação do Paraná de São Paulo, as divisas entre Paraná e Santa Catarina não ficaram bem definidas. Esse problema dos limites interestaduais, a disputa pela terra, a madeira e a erva-mate, o movimento messiânico, o sentimento monárquico nas populações injustiçadas [em oposição à Proclamação da República], a postura nacionalista dos sertanejos e a luta inconsciente deles por direitos humanos são importantes para entender a guerra”, disse.
Jorge Bernardi falou das batalhas nos redutos de resistência à República, descrevendo o papel de líderes sertanejos, como Maria Rosa, de 15 anos, “apelidada de Joana DArc do Sertão, que comandou 6 mil homens”. Falou também de Adeodato, líder do último foco de resistência, que só foi detido pelas forças policiais meses depois de cessado o conflito em 2015 – “arbitrado pelo presidente Cleveland, cujo nome inspirou a cidade de Clevelândia” – e morreu cinco anos depois, numa tentativa de fuga da prisão.
Adeodato comandava 5 mil homens e contra ele, pela primeira vez no Brasil, foram usadas aeronaves. Os sertanejos resistiram a sete expedições militares. “Os rebeldes chegaram a dominar 25 mil quilômetros quadrados”, explicou, “e no acordo de limites, dos 47 mil km² em disputa, 27 mil km² ficaram com Santa Catarina e 20 mil km² com o Paraná”. A “palestra” de Bernardi, contudo, foi interrompida devido ao barulho no plenário. O vereador se irritou. “Eu sei que a questão do Contestado não gera interesse, dado o desrespeito dos vereadores com as 8 mil pessoas que morreram no confronto”, disse.
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