Orientação sobre perigos de sacudir bebês pode se tornar lei
Começou a tramitar, na Câmara Municipal, projeto de lei para instituir em Curitiba a Semana Municipal de Orientação sobre os perigos de sacudir o bebê, a ser realizada anualmente, na semana que compreende o dia 12 de outubro, quando se comemora o dia da criança (005.00103.2016).
De acordo com o texto, é preciso esclarecer sobre a “síndrome do bebê sacudido”, causada pelo ato de sacolejar o bebê, o que pode ocasionar lesões cerebrais, tais como hemorragias ou edemas, além de sequelas neurológicas. “Sacudir o bebê traz também risco de lesões na região cervical da coluna, o que pode deixar sequelas de paralisia, dizem especialistas”, reforça a justificativa.
Segundo a proposta, o objetivo é promover debates entre diversos setores da sociedade como empresas, poder público, escolas e comunidade; conscientizar a sociedade para a redução da prática de sacolejar as crianças pelo risco de lesões; realizar experiências lúdicas e técnicas quanto ao método correto de embalar os bebês; apoiar e incentivar a troca de experiências entre os pais de crianças na primeira fase da infância; e contribuir para a redução de traumas físicos e psicológicos causados pela forma incorreta de embalar os bebês.
Na justificativa da matéria, o autor argumenta que, embora o ato pareça corriqueiro e inofensivo, balançar o bebê pode causar traumatismo permanente quando executado de forma desnecessária. “Isso pode acontecer mesmo quando não há a menor intenção dos cuidadores”, pondera.
Na defesa do projeto, é citado o exemplo de quando o bebê se engasga e, no desespero, os pais o sacodem para que volte a respirar normalmente. “A maneira mais indicada para ajudar a criança a soltar o leite é virá-la de lado ou colocá-la de bruços sobre o antebraço, levemente inclinada para baixo. Nunca balançar com força”, explica a matéria.
De acordo com peça, as sequelas podem ser transitórias ou permanentes. Segundo especialistas, sacudir a criança pode acarretar retardo de desenvolvimento neuropsicomotor, surdez e até lesões oftalmológicas, sem que o diagnóstico seja relacionado às sacudidas bruscas. Em 30% dos casos, o bebê pode morrer.
“Considerando as fundadas razões para tomar todos os cuidados possíveis, a partir dos casos já relatados de "síndrome do bebê sacudido", o Poder Legislativo deve, dentro de seu campo de competência, promover todos os meios possíveis para conscientizar a população e assim, minimizar os efeitos desta prática”, conclui.
Tramitação
A proposta de lei foi lida no pequeno expediente da sessão plenária de 22 de agosto e atualmente está na Procuradoria Jurídica, para receber uma instrução técnica. Em seguida, será encaminhada para análise das comissões temáticas do Legislativo. Durante a análise dos colegiados, podem ser solicitados estudos adicionais, juntada de documentos faltantes, revisões no texto ou o posicionamento de outros órgãos públicos afetados pelo teor da matéria. Depois de passar pelas comissões, o projeto segue para o plenário e, se aprovado, para sanção do prefeito para virar lei.
Período eleitoral
Durante o período eleitoral, a Câmara de Curitiba não divulgará os autores das peças legislativas nas notícias que abordem requerimentos e projetos. A instituição faz isso em atendimento às regras eleitorais deste ano, pois no pleito municipal serão escolhidos a chefia do Executivo e os vereadores da próxima legislatura (2017-2020). Para que a comunicação pública do órgão não promova o desequilíbrio do pleito, a autoria ficará restrita ao SPL (Sistema de Proposições Legislativas). Para acessar esse dado, clique nos links destacados dentro dos textos.
Reprodução do texto autorizada mediante citação da Câmara Municipal de Curitiba