Oposição critica possibilidade de reajuste zero a servidores; base reage

por Assessoria Comunicação publicado 01/11/2017 15h05, última modificação 21/10/2021 10h45

Seis vereadores criticaram a possibilidade de a Prefeitura não conceder o reajuste dos salários dos servidores públicos de Curitiba. Durante a sessão plenária da Câmara Municipal desta quarta-feira (1º), parlamentares da oposição e que se declaram independentes disseram que o chefe do Executivo não cumpriria o que foi assumido com o projeto de lei aprovado no Plano de Recuperação que adiava de março para outubro a data-base do funcionalismo (005.00196.2017), o que, segundo a prefeitura, serviria para dar um “alívio” às contas do Município.

Na imprensa, foi veiculada a notícia de que poderia ser concedido o reajuste de 1,5%. Segundo o líder do prefeito na Casa, Pier Petruzziello (PTB), a questão ainda não está encerrada. “Vamos aqui, com muita tranquilidade, tentar dar esse 1,5% ainda, se houver o entendimento de que vai custar mais de R$ 89 milhões de furo para a prefeitura, porque R$ 4 bilhões [dos R$ 8 bilhões] do orçamento de Curitiba fica para pagar folha”, pontuou.

O debate foi iniciado pelo vereador Felipe Braga Côrtes (PSD) para quem deveria, ao menos, haver a reposição da inflação, que segundo o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) gira em torno de 3%. “Segue o tempo e essa conta será cobrada. Todo funcionário merece ter reposto pelo menos o índice inflacionário do país”, cobrou.

Para o Goura (PDT), líder da oposição, muitos vereadores aprovaram os projetos do Plano de Recuperação convencidos de que os servidores teriam seus “direitos reservados” com o adiamento da data-base de março para outubro. “Temos visto em todo o Brasil um desmonte, uma tentativa de privatização, para a alegria de alguns e tristeza de muitos”. Para ele, “não pode haver política pública que prescinda de servidores públicos”.

Na sequência, Pier Petruzziello disse que há uma tentativa de se “chegar a um denominador comum”. “Direito sem dinheiro não é direito. Eu preciso ter da onde tirar para dar. Precisamos acabar com esse discurso demagogo e populista desse país”, complementou, fazendo referência à situação financeira do município.

Para ele, a oposição precisa pensar que “a cidade também é do servidor público, mas não é exclusivamente” e que em Curitiba há mais de 250 mil pessoas desempregadas, sobre as quais a oposição não se refere. “Vamos, Felipe, Euler, Goura, ver fábricas fechando na CIC. Vamos juntos lá. Quero que vocês vejam quantas pessoas foram demitidas”, convidou.

Petruzziello ainda criticou “discrepância” entre os discursos de Professora Josete (PT) e Professor Euler (PSD), para os quais o possível reajuste de 1,5% “já seria alguma coisa” e uma “esmola”, respectivamente. “Eu acho que não há discrepância. E para você, desempregado, saiba que vai pagar 4% a mais no seu IPTU”, respondeu Professor Euler, referindo-se ao projeto de lei do Executivo que reajusta o IPTU em Curitiba para 2018 (leia mais).
 
Em sua fala, Professora Josete discordou da maneira como o líder do prefeito se referiu ao gasto de R$ 4 bilhões com a folha de pagamento. “Não estamos falando de seres abstratos que não estão trabalhando no dia a dia, mas de professores, enfermeiros […] que estão lá na ponta, para que o cidadão tenha atendimento”, disse. “São servidores com uma média salarial de R$ 3 mil. Temos alguns que ganham pouco mais de R$ 1 mil. Não estamos falando de marajás”, pontuou.

A falta de diálogo com a sociedade e outros gastos da gestão foram criticados pela vereadora Noemia Rocha (PMDB). “Em casa a gente faz a mesma coisa [economiza], quando não se tem dinheiro, não fica gastando em árvore de Natal, não vai pular carnaval”, reprovou. Da mesma forma, Cacá Pereira (PSDC) acredita que o congelamento de salários reflete na economia, o que também gera desempregos e dificuldades aos empreendedores. “O reajuste, mesmo que de 1,5%, reflete por toda vida laboral do servidor”, disse.

Além do líder, nenhum outro vereador da base do prefeito debateu o assunto. Cinco servidores públicos e representantes dos sindicatos da categoria acompanharam a sessão e protestaram com cartazes com as inscrições “305 dias de gestão Rafael Greca” e “305 dias de retirada de direitos dos servidores”.