Operação Centro Seguro ganha apoio dos vereadores de Curitiba

por José Lázaro Jr. | Revisão: Ricardo Marques — publicado 19/03/2025 17h45, última modificação 19/03/2025 17h54
Os vereadores aprovaram uma moção de apoio ao projeto da Prefeitura de Curitiba com o Governo do Paraná para o Centro.
Operação Centro Seguro ganha apoio dos vereadores de Curitiba

Moção de apoio ao Centro Seguro foi protocolada pelo vereador Eder Borges, em coautoria com outros parlamentares. (Fotos: Carlos Costa e Rodrigo Fonseca/CMC)

Passado um mês do lançamento da Operação Centro Seguro, os vereadores da Câmara Municipal de Curitiba (CMC) aprovaram, nesta quarta-feira (19), uma moção de apoio à iniciativa do Executivo. A Operação Centro Seguro é uma ação conjunta da Prefeitura de Curitiba e do Governo do Paraná para reforçar a segurança na região central da cidade, combinando efetivo da Guarda Municipal e das polícias Militar, Civil e Penal, além de funcionários da Fundação de Ação Social (FAS).

A moção de apoio foi protocolada pelo vereador Eder Borges (PL), em coautoria com os parlamentares Bruno Rossi (Agir), Guilherme Kilter (Novo), Renan Ceschin (Pode) e Sidnei Toaldo (PRD). No requerimento, aprovado em votação simbólica, os autores destacam que “as ações [da Operação Centro Seguro] incluem o cumprimento de mandados, patrulhamento terrestre e aéreo, bloqueios de trânsito e táticos, abordagens policiais, fiscalização de veículos e pessoas, além do acolhimento social para pessoas em situação de rua” (416.00019.2025).

População em Situação de Rua e Guarda Municipal: temas mobilizaram debate

Durante as duas horas e meia de debate em plenário, ontem e hoje, que foram transmitidas ao vivo pelo canal da CMC no YouTube, diferentes opiniões sobre como enfrentar o problema social da população em situação de rua foram mobilizadas pelos vereadores. O incidente na dispersão do público que assistia à transmissão da premiação do Oscar, em frente ao Cine Passeio, no domingo de Carnaval, no dia 2 de março, após a Guarda Municipal apreender duas pessoas por pichação, também dividiu os vereadores em plenário.

As altercações mais acirradas opuseram Olimpio Araujo Junior (PL) e Professora Ângela (PSOL), mas João Bettega (União) e Giorgia Prates - Mandata Preta (PT) também trocaram críticas mutuamente, em divergências que envolveram Eder Borges, Kilter, Da Costa (União), Laís Leão (PDT) e Camilla Gonda (PDB). No debate, houve acusações entre os parlamentares, com ameaças de judicialização das falas em plenário, seja por suposta violência política de gênero ou denúncia de falsa imputação de crime.

Rafaela Lupion (PSD), Delegada Tathiana Guzella (União) e Fernando Klinger (PL) ativeram-se mais diretamente ao teor da moção, enquanto o líder do governo na CMC, Serginho do Posto (PSD), dadas as menções à FAS e à Guarda Municipal, entrou no debate para prestar contas das ações do Executivo neste um mês de Operação Centro Seguro. “Não há ausência de serviços por parte da Prefeitura. Sabemos que o problema da situação de rua vai além da segurança”, frisou o parlamentar.

“Em 2025 já foram realizadas 7.855 abordagens sociais, com algumas pessoas sendo abordadas mais de uma vez”, enumerou Serginho do Posto, informando que “[na gestão Eduardo Pimentel] a FAS implantou oito equipes fixas, com 52 servidores, atuando exclusivamente com abordagem social na Regional Matriz [que engloba o Centro de Curitiba]”. “Essas equipes estão focadas na insistência por adesão deste público aos serviços ofertados pelo Município”, garantiu o parlamentar.

Serginho do Posto listou as políticas públicas de assistência social, saúde e trabalho voltadas à superação da situação de rua, destacando a Casa de Acolhida e Regresso (CAR), que é o atendimento primário para as pessoas em desabrigo e migrantes que chegam a Curitiba. Sobre os pedidos de mais valorização da Guarda Municipal, disse que a questão salarial passa “por um debate constante”, mas que a corporação tem remuneração inicial de R$ 4 mil, acima do pago por outras capitais e da proposta de piso nacional, que é de R$ 3,8 mil.

Pedido de triagem da população de rua  foi repetida pelos vereadores

Bastante verbalizada por João Bettega, a proposta de fazer uma triagem da situação legal das pessoas em situação de rua atendidas pela FAS foi a ideia mais recorrente durante o debate da moção na Câmara de Curitiba. “A triagem seria um ótimo primeiro passo, porque separaria bandidos, drogados e quem quer buscar trabalho. Não adianta fazer atividade no Centro, se não tratar a raiz do problema”, insistiu o vereador.

A ideia tinha sido abordada por Eder Borges, associada às políticas de identificação facial, em meio a outras propostas do vereador para o Centro, que incluem a mudança de local do projeto Mesa Solidária, a restrição de uso dos banheiros públicos para permissionários da Prefeitura e taxistas, a extensão do policiamento aos arredores do Mercado Municipal e da rua Trajano Reis, a extinção da linha de ônibus Alferes Poli e o remanejamento da estação-tubo à rua Lourenço Pinto. “Tem foragidos utilizando o Mesa Solidária”, opinou.

Professora Angela e Laís Leão defenderam a ocupação do Centro por projetos culturais e sociais como medida para o reforço da segurança pública. “Segurança não se faz apenas com polícia e repressão. Assistência social, acesso à cidadania, iluminação, a ocupação das ruas com cultura e esporte, tudo ajuda na segurança. Construir essas condições, com o comércio, moradores e fazedores de cultura é um caminho. Eu desejo que a segurança pública não seja utilizada como mera retórica para esconder o desejo de repressão aos pobres e às festas populares”, defendeu a vereadora do PSOL.