ONG pede apoio da Câmara de Curitiba a projeto em defesa da infância
A psicóloga Jeniffer Tavares, fundadora do Instituto Desenhando Sorrisos, esteve na Câmara Municipal de Curitiba (CMC), nesta quarta-feira (22), para pedir o apoio dos vereadores ao projeto “Escola Que Cuida”. Convidada por Colpani (PSB), ela utilizou a Tribuna Livre para defender que alunos tenham conversas nas escolas sobre privacidade, intimidade e autoproteção do abuso sexual infantil. O instituto foi criado em 2015.
“[Isto é possível] De maneira lúdica, implícita, adaptada ao currículo escolar, dentro de cada competência, já a partir dos cinco anos de idade”, argumentou a psicóloga, cuja organização não-governamental (ONG) já capacitou 690 profissionais da Educação em Curitiba. Ela entende que uma forma de prevenir o abuso é dar às crianças a condição de identificar áreas do corpo que são íntimas, de falar de privacidade e de saber onde e como procurar ajuda. “Sem isso, são alvos fáceis”, apontou.
O projeto apoiado pelo Instituto Desenhando Sorrisos já tramita na CMC. Ele foi protocolado por Colpani em setembro de 2018 e está sob análise da Comissão de Serviço Público (005.00129.2018), último colegiado antes da votação em plenário. A proposição já recebeu pareceres favoráveis de Constituição e Justiça, Educação e Direitos Humanos. No colegiado atual, foi pedido informações à Secretaria Municipal de Educação sobre a aplicabilidade da proposta. A prefeitura respondeu que já desenvolve atividades neste sentido, pois reconhece a importância do assunto ser trabalhado com as equipes escolares.
A iniciativa de Colpani prevê elaboração de materiais didáticos, realização de palestras e mais atividades, adequadas às faixas etárias, que estabeleçam, dentre outros temas, a diferença entre toques apropriados ou não; como denunciar e buscar auxílio contra casos de abuso; e a conscientização de pais e professores aos “sinais de aviso” que devem ser observados a respeito do abuso sexual e da violência. O projeto ainda sugere afixação de cartazes e distribuição de cartilhas na rede municipal de educação.
“Estamos construindo este projeto juntos [com o Instituto Desenhando Sorrisos], chamado ‘Escola Que Cuida’. Queremos trazer o projeto para o plenário e, no dia em que for debatido, espero ter de novo a presença da Jeniffer Tavares aqui o plenário”. “As estatísticas [de abuso] não se alteram de ano para a ano, então o que estamos fazendo de errado? Precisamos de estratégias diferentes. Falar com as crianças sobre os seus corpos, sobre quem toca elas. Existe um tabu muito grande da sexualidade”, comentou a fundadora da ONG.
Os vereadores Edson do Parolin (PSDB), Mestre Pop (PSC) e Professor Silberto (MDB) relataram a dificuldade que enfrentam nas suas comunidades com a temática, por não haver pontos de referência na sociedade sobre o assunto. “As mães [do Parolin] me procuram, mas não tenho com quem falar, quem levar para dar essa capacitação no bairro”, comentou Edson. Pop questionou qual política pública existe na Prefeitura de Curitiba para resgatar a autoestima das crianças. “Não tem. E nessa ausência, quem faz [esse trabalho] são as igrejas”.
Professora Josete (PT), Bruno Pessuti (PSD), Maria Manfron (PP), Osias Moraes (PRB) e Mauro Bobato (Pode) também debateram a proposta com a psicóloga Jeniffer Tavares, que agradeceu a acolhida da CMC ao assunto. Espaço democrático de debates, a Tribuna Livre é prevista no Regimento Interno e ocorre às quartas-feiras, durante a sessão plenária – que inicia às 9h e termina às 12h. A íntegra do debate está disponível no canal da Câmara de Vereadores no YouTube.
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