Novo binário: Câmara pede consulta da Prefeitura de Curitiba à população

por Fernanda Foggiato | Revisão: Ricardo Marques — publicado 17/06/2024 17h55, última modificação 18/06/2024 08h59
Vereadores de Curitiba aprovaram sugestão à Prefeitura de Curitiba sobre a implantação de novo binário no bairro São Lourenço.
Novo binário: Câmara pede consulta da Prefeitura de Curitiba à população

“A população não foi ouvida”, justificou autor da sugestão ao Executivo, vereador Eder Borges, sobre o novo binário. (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)

Reclamações sobre o binário implementado nas ruas Matheus Leme e Nilo Peçanha, no bairro São Lourenço, na semana passada, repercutiram na sessão da Câmara Municipal de Curitiba (CMC), na manhã desta segunda-feira (17)O plenário da Casa endossou uma indicação de sugestão que pede ao Executivo a realização de chamamento público, “devidamente divulgado”, para ouvir a população sobre as obras.

“Na quinta, na sexta-feira, começou a, como se diz, pipocar de mensagens da população daquela região, desesperada com a situação”, relatou o autor da sugestão, vereador Eder Borges (PL). Segundo ele, moradores e pessoas que trafegam pela região reclamam do percurso maior e de engarrafamentos, além do risco à segurança de alunos de escolas de grande porte localizadas nas imediações.

“Pessoas que demoravam cinco minutos pra chegar a determinado local estão relatando que agora estão levando meia hora”, citou o parlamentar. “Imagine quando tiver show na Pereira [Paulo Leminski], então, o que vai virar aquilo”, ponderou Borges. “Eu fico pensando, por que isto? Por que foram mexer em algo que estava bom, que estava funcionando?", indagou.

A população não foi ouvida. Se houve chamamento, e deve ter havido, por certo que houve, este chamamento não chegou à população e as pessoas não puderam participar", opinou, ainda, o autor. “Nós pedimos que se reveja isto, […] e, se a população quiser, que seja desfeita esta obra, que [o Executivo] assim o faça.”

No debate da indicação à Prefeitura, outros vereadores falaram da falta de participação popular. “Eu gostaria de entender como uma intervenção tão agressiva no trânsito daquela localidade é feita sem uma conversa com as pessoas do entorno”, acrescentou Alexandre Leprevost (União). “Por enquanto, está nítido que fizeram uma verdadeira lambança, […] eu recebi inúmeras reclamações de que aquilo lá está um caos”, opinou. 

“Inclusive recebei vídeos de ônibus circulando na frente das escolas da região em alta velocidade, […] é uma bomba-relógio. É preciso, sim, que este binário seja repensado, com uma engenharia de trânsito eficiente”, complementou Dalton Borba (Solidariedade). “Acredito que todos os vereadores, ou a maior parte deles, tenham recebido reclamações. E a impressão que fica é que não houve planejamento”, declarou Indiara Barbosa (Novo). Ela apresentou um pedido de informações oficiais ao Executivo sobre o novo binário, lido no pequeno expediente desta segunda, em que pergunta sobre os estudos que embasaram o binário. 

Executivo está atento e pode fazer ajustes, dizem vereadores

Herivelto Oliveira (Cidadania) confirmou que também recebeu reclamações, mas que a superintendente de Trânsito de Curitiba, Rosângela Battistella, explicou a ele “que as coisas vão se acertando no meio do caminho”. Conforme o vereador, o Executivo poderá reavaliar alguns dos pontos questionados pela população. Bruno Pessuti (Pode) complementou que a Urbs e a Secretaria Municipal da Defesa Social e Trânsito (SMDT) já sinalizaram a redução da velocidade dos ônibus. No entanto, o vereador disse acreditar que o ideal é alterar o trajeto de veículos do transporte coletivo, minimizando o risco aos estudantes. 

A Prefeitura já está acompanhando desde o início que foi feita esta alteração. Mas eu quero lembrar que foi, sim, feita audiência pública, […] eu estava lá, ouvimos as considerações dos órgãos [públicos]. Todavia, sempre há a possibilidade de se melhorar”, pontuou Mauro Ignácio (PSD). "É preciso, sim, que a Prefeitura continue avaliando os impactos, e este é um compromisso do Ippuc [Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba].” 

Outras sugestões relacionadas ao tema não chegaram a ser votadas devido ao fim do prazo regimental da sessão plenária. Apesar de avalizadas pelo plenário, de forma simbólica (sem o registro no painel eletrônico), as indicações não são impositivas, pois são apresentadas quando há pedidos para área de competência exclusiva do Executivo.