No Tribuna Livre do CMC Podcasts, uma política educacional mais inclusiva

por Alex Gruba | Revisão: Brunno Abati* — publicado 18/04/2024 07h05, última modificação 18/04/2024 08h47
Vereadora Professora Josete trouxe duas convidadas para aprofundar o debate de importante tema educacional para Curitiba.
No Tribuna Livre do CMC Podcasts, uma política educacional mais inclusiva

As professoras Josete, Adriane e Luciana pedem ações mais concretas na inclusão educacional de Curitiba. (Foto: Reprodução CMC Podcasts)

A inclusão de pessoas com deficiência ou com transtornos no sistema de educação brasileiro tem como marco de referência a Lei Brasileira de Inclusão, também conhecida como Estatuto da Pessoa com Deficiência, aprovada em 2015. Embora saliente que a lei nacional traga importantes avanços, a vereadora Professora Josete ainda sente falta de ações que concretizem o objetivo de incluir todas as pessoas com deficiência em instituições de ensino regulares em Curitiba. Foi por isso que a parlamentar municipal trouxe esse tema para ser debatido no Tribuna Livre do CMC Podcasts.

O debate foi enriquecido pela presença de duas professoras que, além da experiência em sala de aula, são mães de filhos com deficiência ou com transtorno do espectro autista (TEA). Uma das convidadas foi Adriane Alves da Silva, diretora do Sindicato dos Servidores do Magistério Municipal de Curitiba (Sismmac), e Luciana Milcarek, fundadora e voluntária da Associação Paranaense da Síndrome de Williams e Transtorno do Espectro Autista. “Tivemos avanço no atendimento desses jovens na rede pública municipal, mas pouco da legislação é realmente cumprido”, afirmou a vereadora Professora Josete.

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Para a vereadora, a legislação pede que estabelecimentos de ensino tenham um profissional de apoio escolar para atendimento a alunos com deficiência ou com TEA. O problema, no entanto, seria o fato de que, muitas vezes, esse apoio se limita ao auxílio com alimentação, com higiene ou com locomoção. “O que a gente precisa é de um profissional com formação pedagógica. Como é o caso de crianças com transtorno do espectro autista. Eles não precisam desse profissional de cuidado, eles precisam de atendimento pedagógico”, ressaltou a parlamentar.

Josete criticou a contratação de estagiários para esse tipo de serviço no município de Curitiba. Diretora do Sismmac, Adriane Silva exemplificou a importância do vínculo que o profissional de apoio pedagógico precisa ter com esses estudantes. Segundo Silva, crianças com TEA costumam ser hipersensoriais, com qualquer mudança no ambiente escolar causando a desorganização desses alunos. “O vínculo é fundamental. Sendo um estagiário, ele não tem o preparo necessário”, disse a integrante do Sismmac, ressaltando que, sem o apoio adequado, há uma sobrecarga do professor em sala de aula.

Sociedade civil e recado para as lideranças políticas

Para a vereadora Josete, a participação da sociedade civil é importante para garantir que as políticas educacionais inclusivas sejam uma política de estado e não de governo. Para Luciana Milcarek, economizar na política educacional inclusiva é uma “economia burra”, pois vai exigir gastos sociais com essas pessoas no futuro. “Há inúmeros benefícios para essas crianças em escola regular”, disse Micarek. Ela exemplificou com o caso do seu filho, que começou a regredir em seu comportamento ao frequentar uma escola “especial”. “A gente luta por essa inclusão porque passamos por esse processo e a inclusão funciona”, salientou.

Enzo Milcarek, filho de Luciana, ilustra o benefício de uma política inclusiva eficiente. Mesmo com Síndrome de Williams e TEA, Enzo concluiu o Ensino Médio, faz um curso de programação web e integra o programa de jovem aprendiz da Petrobras. O sonho do jovem, atualmente com 18 anos, é estudar Turismo na faculdade. Enzo gravou um recado para os governantes, pedindo urgência na implementação de profissionais de apoio em todas as escolas. “Uma criança feliz logo será um adulto feliz”, resumiu Luciana Milcarek.

 

Tribuna Livre do CMC Podcasts

A política educacional inclusiva foi um dos temas do Tribuna Livre do CMC Podcasts, que é um espaço para os vereadores de Curitiba trazerem até dois convidados para debates de assuntos relevantes para a cidade. O CMC Podcasts conta também com outros programas produzidos pela Diretoria de Comunicação Social da Câmara Municipal de Curitiba, com episódios temáticos elaborados de acordo com as comissões permanentes da casa. Há também o Curitibou?, programa de entretenimento para falar de curiosidades e de curitibanices. Os episódios podem ser acompanhados no YouTube ou no Spotify.

 

*Notícia revisada pelo estudante de Letras Brunno Abati.                            Supervisão do estágio: Alex Gruba.