No Dia do Combate ao Abuso de Crianças, CMC lembra caso Rachel Genofre
Em alusão ao Maio Laranja, CMC adota iluminação de apoio à campanha de conscientização. (Foto: Carlos Costa/CMC)
Os vereadores de Curitiba pediram a atenção da sociedade, nesta terça-feira (18), para as atividades relacionadas ao Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. A data é uma referência à morte da menina Araceli Sanches, em 1973, brutalmente assassinada aos oito anos de idade, mas os parlamentares da Câmara Municipal de Curitiba (CMC) destacaram a condenação, neste mês, de Carlos Eduardo dos Santos, pelo homicídio de Rachel Genofre (leia mais).
Onze anos depois do crime, Santos foi identificado pela Polícia Civil graças à parceria entre os estados do Paraná e de São Paulo para compartilhamento de dados. Preso por outros crimes em Sorocaba, o criminoso teve seu perfil genético associado ao encontrado na vítima. Rachel Genofre foi encontrada morta, aos nove anos de idade, dentro de uma mala na Rodoferroviária de Curitiba, com sinais de violência sexual, em 2008.
A CMC aprovou, em outubro de 2020, uma homenagem póstuma a Rachel Genofre, indicada para denominar um logradouro público da cidade, após pedido da família (confira aqui). Por iniciativa dos ex-vereadores Jairo Marcelino e Bruno Pessuti, em 2019 e em 2020, os membros da Polícia Científica e da Polícia Civil, responsáveis pela conclusão do caso, receberam votos de congratulações da CMC. Hoje, os advogados da família de Rachel receberam a mesma distinção – Samir Mattar Assad (077.00114.2021), Daniel da Costa Gaspar (077.00115.2021) e Ana Laura Paglioza (077.00116.2021).
“Foi um caso muito emblemático [da Rachel Genofre]”, comentou Carol Dartora (PT), autora dos votos de congratulações aos advogados. “Foi um trabalho conjunto dos investigadores com os movimentos de mulheres da cidade, que não deixaram o caso cair no esquecimento”, relembrou a vereadora. Antes, no início da sessão, Maria Leticia (PV) havia destacado que o assunto precisa ser discutido e que a sociedade “deve investir na prevenção do crime, pois mesmo que o agente seja penalizado, as crianças abusadas podem não ter reparo suficiente para não terem sequelas”.
Citando dados da Secretaria de Segurança Pública do Paraná, Maria Leticia alertou para que, em três meses, de janeiro a março deste ano, foram registrados 2.773 casos de lesão corporal, ameaças e estupro de vulneráveis no Paraná – mais de um por hora. “E estão [os números] subestimados, pois as escolas, que são o local onde há mais identificação dos casos, ainda não voltaram a funcionar [por causa da pandemia]”, acrescentou.
A Sargento Tânia Guerreiro (PSL), que faz do combate à pedofilia sua principal pauta na CMC, anunciou que viajará ao Rio de Janeiro para, na noite de hoje, participar da cerimônia que iluminará o Cristo Redentor de laranja, ao lado da ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves. “Só Jesus para curar essas crianças que estão hoje sofrendo em seus lares; que são abusadas, na maioria as vezes, por quem deveria cuidar delas”, disse a parlamentar. Em Curitiba, o Maio Laranja é lei municipal desde 2018, por iniciativa de Thiago Ferro (leia mais).
Médica legista, Maria Leticia disse que agradece por não estar de plantão no dia que Rachel Genofre foi encontrada, pelo elevado grau de violência do caso. Mas Tânia Guerreiro, então policial militar, lembrou que trabalhou na investigação, e que a última imagem da menina foi de quando ela atravessou a rua Voluntários da Pátria, ao lado do colégio em que estudava. “Não tínhamos muitas câmeras de vídeo pela cidade”, lamentou. O mesmo sentimento foi depois compartilhado pelo Jornalista Márcio Barros (PSD), que estava de plantão no dia do crime.
“Se tivéssemos monitoramento lá na Rodoferroviária, teriamos solucionado o caso com mais brevidade”, concordou o vereador, para quem a CMC deve apoiar a implantação em Curitiba do projeto da Muralha Digital, que cria uma rede de videomonitoramento na cidade. Ele pediu que os pais tenham atenção redobrada, que “os cuidados têm que ser constantes” para evitar situações como essa, referindo-se ao fato da menina ir sozinha para a escola. Depois, Carol Dartora e Professora Josete (PT) comentaram que é preciso sensibilidade para não revitimizar a menina ou os pais. “Ninguém deveria ter medo de sua filha ir para a escola. Historicamente o espaço público é hostil e perigoso para as mulheres”, disse Dartora.
“As escolas precisam poder educar as crianças a se autoproteger. Ela têm que saber identificar em que momento podem estar sendo molestadas, abusadas. E a escola tem um papel nisso, com técnicas e linguagens adequadas a cada faixa etária. O conhecimento é importante para se autoproteger até da própria família”, acrescentou Josete. O vereador Alexandre Leprevost (SD) somou-se às falas e lembrou que nesta quarta (19), na Tribuna Livre, por iniciativa do parlamentar, a CMC volta a discutir o assunto, com a participação do conselheiro tutelar João Carlos Pires de Camargo Alves (076.00021.2021).
Dia Contra a Homofobia
Em alusão ao Dia Internacional Contra a Homofobia, Carol Dartora elogiou a Câmara Municipal de Curitiba por ter se iluminado com as cores do movimento LGBTI na noite de terça, 17 de maio. “Devemos usar a nossa voz para combater essa violência”, afirmou, emendando que está reunindo as assinaturas para pedir o desarquivamento do projeto de lei da parlamentar que regulamenta o uso do nome social em procedimentos administrativos no Município (leia mais). “A identidade de gênero é a manifestação da própria personalidade da pessoa e, como tal, cabe ao Estado o papel de reconhecê-la e nunca não constituí-la”, defendeu.
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