Negociação entre prefeitura e Guarda Municipal gera discussão
O presidente da Câmara Municipal, Ailton Araújo (PSC), precisou intervir na discussão sobre a Guarda Municipal, em plenário, nesta quarta-feira (30). Vereadores acusaram Chico do Uberaba (PMN) de “politizar” a negociação da Guarda Municipal com a Prefeitura de Curitiba, inflamando uma situação, que na opinião do líder do prefeito, Paulo Salamuni (PV), precisaria de “serenidade” para ser resolvida.
O Sindicato dos Servidores da Guarda Municipal de Curitiba (Sigmuc) reclama do efeito do decreto 88/2015, que teria alterado unilateralmente a jornada da categoria ao afetar o pagamento das horas adicionais. Os guardas municipais já aprovaram um indicativo de greve para o próximo dia 5 de outubro e, na tarde desta terça-feira (29), estiveram reunidos com os secretários municipais de Recursos Humanos e de Governo. Nova assembleia da categoria acontece nesta quarta-feira (30), às 19h.
“Perto da eleição [municipal], o discurso fácil aumenta”, disse Salamuni na tribuna, após Chico do Uberaba afirmar que o Executivo estaria de “enrolation” com a Guarda Municipal (GM), que os veículos estariam “sucateados”, que “promessas de campanha do prefeito Gustavo Fruet, como a criação de uma academia de treinamento para a categoria, e a aprovação de um estatuto próprio, não foram cumpridas”. Líder do Executivo na Câmara, Salamuni rebateu afirmando que “se a GM estivesse o caos que o vereador Chico pinta, não teriam 26 mil inscritos no concurso público da categoria, inclusive alguns de nossos colegas”.
Apoiado pelo vice-líder da prefeitura, Jonny Stica (PT), Salamuni classificou a atitude do vereador Chico do Uberaba como uma tentativa de antecipar a eleição para o comando do Executivo. O parlamentar retrucou da afirmação fora do microfone e foi advertido por Ailton Araújo: “O debate é livre e quem fala deve ser ouvido”, afirmou o presidente da Câmara. “Eu não fico gritando quando o Chico do Uberaba diz tudo que quer”, continuou Salamuni. “Se o vereador Chico tivesse um espelho na frente dele, veria como seu comportamento é feio”, declarou Pier Petruzziello (PTB).
Em defesa de Chico do Uberaba, Valdemir Soares (PRB) queixou-se da crítica feita ao colega. “Ora, se a Câmara de Vereadores não tiver debate político, para mim não estará realizando a sua atribuição na totalidade. É nosso dever opinar, até porque no caos administrativo que a cidade está, não podemos ficar omissos”, disse. No início da sessão, o parlamentar já havia se queixado da ausência da Guarda Municipal e da Polícia Militar na praça Eufrásio Correia. “A venda e o consumo de drogas voltou. Não podemos ver isso dos nossos gabinetes e achar que é normal”, atacou.
“Não tem cabresto. Tem que botar a boca no trombone, sim”, afirmou Soares. “Nós respeitamos o direito de quem fala e o direito de quem se cala, mas dizer que reclamar desse caos é demagógico, é político, que não devemos apontar problemas, isso não dá”, completou o vereador. Salamuni cobrou dos dois parlamentares a mesma ênfase com relação às policiais estaduais, “que têm o dever constitucional de garantir segurança, diferente da Guarda Municipal, cuja atribuição é outra”, e destacou a aprovação do plano de carreira da categoria – “um exemplo para o país”, na opinião do líder do prefeito. Mauro Ignácio (PSB), Zé Maria (SD), Tiago Gevert (PSC) e Tico Kuzma (Pros) também se envolveram com o debate.
Continuidade
A crítica à prefeitura começou na sessão desta terça-feira (29), quando Chico do Uberaba subiu à tribuna para registrar as manifestações dos guardas municipais, na tarde de segunda-feira (28), no parque Barigui, durante a audiência pública da prefeitura para a apresentação da proposta para a Lei Orçamentária Anual (LOA). “O prefeito foi recebido com uma vinada. Atribuo a culpa não totalmente ao prefeito. Tem culpa, tem, porque está mal assessorado”, disse.
Ele acrescentou que a Guarda sofre com o “descaso da gestão” e afirmou que os servidores protestaram devido a viaturas “sucateadas” e “sem gasolina”, alterações na jornada de trabalho e descumprimento de promessas de campanha, entre outras questões. O líder do prefeito, Paulo Salamuni, quis rebater as críticas, mas um acordo de lideranças adiou o debate para a sessão plenária desta quarta-feira (30).
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