"Não eram críticas, mas ataques pessoais", alerta vereadora
Em seu primeiro pronunciamento na Câmara de Curitiba, nesta segunda-feira (6), a vereadora Maria Letícia disse não faltar a ela “nem competência, nem coragem” para atuar em defesa da mulher no parlamento. A frase foi um comentário dela à repercussão do projeto de lei que sugere multa de R$ 280 para cantadas (leia mais). Em 2015, no trabalho de médica legista no IML, Maria Letícia constatou que 80% dos casos de violência sexual atendidos ali eram contra crianças e adolescentes.
“Quando eu protocolei o projeto sobre assédio sexual nas ruas, recebi uma avalanche de críticas. Mas nem só de críticas, muitas foram ataques [pessoais] a mim, enquanto mulher, mãe, médica e vereadora. Quer dizer que acertamos no alvo. Se não tivesse sido no alvo, a reação não teria sido tão indigna”, comentou. A vereadora disse que os xingamentos, “performáticos, perversos”, não fariam quem lhe atacava parecer mais inteligente. Mais cedo, os vereadores aprovaram por unanimidade a criação da Frente Parlamentar de Defesa das Pessoas Vítimas de Violência (409.00014.2017).
Para a vereadora Professora Josete (PT), há um fator cultural nos ataques, fazendo com que pessoas se dirijam de forma raivosa, usando palavras ofensivas, especialmente quando são dirigidas contra uma mulher. “O ódio só traz retrocesso à sociedade”, disse. “Eu passei por uma situação parecida no início do ano”, relatou Fabiane Rosa (PSDC), “quando apresentei o projeto proibindo fogos de artifício” (leia mais). Ela disse que a maioria dos comentários maldosos vinha de homens, “o que me chocou”.
Noêmia Rocha (PMDB) também demonstrou solidariedade à Maria Letícia, afirmando que os avanços sociais obtidos, na luta pela igualdade entre as pessoas, contra o machismo, “ainda não são suficientes”. Para Helio Wirbiski (PPS), a sociedade vive “um momento de intolerância, de falta de respeito. Sou solidário a você e a todas as mulheres”. Ele e Rogério Campos (PSC) fizeram críticas a alguns jornalistas da imprensa, pela cobertura que deram ao ocorrido. “Que a gente não se intimide, pois todos os projetos de lei tem uma história, tem uma razão”, disse o vereador do PSC, cuja iniciativa que prevê distribuição e protetor solar a trabalhadores do transporte também repercutiu neste começo de ano (leia mais).
Extinção da secretaria
Professora Josete, Maria Letícia e Noêmia Rocha também criticaram, nesta segunda-feira, o fim da secretaria extraordinária da Mulher em Curitiba. “A secretaria articulava políticas públicas com as demais áreas da prefeitura e agora não pode virar um apêndice da FAS [Fundação de Assistência Social], que nem indicou responsável para a área”, reclamou Josete. A parlamentar lembrou da importância da secretaria no acompanhamento da Casa da Mulher Brasileira, que reúne serviços de apoio a vítimas de violência.
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