Na Tribuna Livre, socorrista do Samu falou sobre Primeiros Socorros

por João Cândido Martins | Revisão: Ricardo Marques — publicado 18/10/2023 15h55, última modificação 18/10/2023 16h01
Djason Muller trouxe esclarecimentos sobre mitos e verdades sobre atendimentos de urgência e emergência e enfatizou a importância da divulgação da Lei Lucas.
Na Tribuna Livre, socorrista do Samu falou sobre Primeiros Socorros

A convite do vereador João da 5 Irmãos, o socorrista Djason Muller esteve na Tribuna Livre da CMC. (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)

 A Câmara Municipal de Curitiba recebeu, nesta quarta-feira (18), Djason Muller, psicoterapeuta, instrutor e socorrista do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) que ocupou a Tribuna Livre para falar sobre o tema “Primeiros Socorros Salvam Vidas”. O convite foi feito pelo vereador João da 5 irmãos (União). A Tribuna Livre é o espaço reservado nas sessões plenárias das quartas-feiras para que especialistas abordem assuntos de interesse da sociedade.

Assista à Tribuna Livre no Canal da Câmara no Youtube.

Apresentação

João da 5 Irmãos apresentou Djason Muller como psicoterapeuta, escritor, socorrista, resgatista, instrutor de primeiros socorros e suporte básico de vida, interventor em tentativas de suicídio, psicoterapeuta clínico e palestrante, e explicou que primeiros socorros são técnicas de emergência que devem ser aplicadas a vítimas de mal súbito, acidentes ou perigo de vida. Segundo ele, o objetivo desses procedimentos é manter os sinais vitais e tentar evitar a piora do quadro no qual a pessoa se encontra.

“Inspirado no trabalho desenvolvido por profissionais como o Djason, resolvi protocolar o projeto que torna obrigatório aos hospitais e maternidades prestarem orientações em casos de engasgamento, aspiração de corpos estranhos, asfixia e prevenção de morte súbita de recém-nascidos, situações que deixam tantos pais apavorados. O projeto veio a se tornar a lei 16.178/2023”, afirmou João da 5 Irmãos.

Para o parlamentar, Djason Muller é uma pessoa valorosa que exerce trabalho voluntário no bairro Cajuru, junto ao projeto Comunidade Escola, no qual acontece o curso de primeiros socorros e, também, o projeto Bombeiro Mirim, que está sendo implementado na Regional do Cajuru. “Quanto mais falarmos sobre isso, maior será a consciência sobre o tema e as pessoas estarão preparadas para enfrentar um momento difícil", justificou.

Cadeia de sobrevivência

Djason Muller iniciou sua fala esclarecendo sobre a importância de disseminar o conhecimento sobre prontos socorros nas escolas. “Trabalhamos com primeiros socorros em relação à saúde física, à saúde emocional e à espiritualidade, alguns de forma voluntária no serviço de capelania em hospitais e outras entidades”, disse ele. Ele comentou que se tornou socorrista motivado pelo fato de que salvou a vida de sua própria filha, que, aos 15 dias de vida, engasgou-se com leite.

“Hoje ela está viva e essa situação me mostrou a necessidade de divulgar conhecimentos sobre o tema”, explicou. Muller mencionou a chamada “cadeia da sobrevivência em primeiros socorros”, que é um conjunto de ações que envolvem situações emergenciais. “Educar, prevenir, identificar, pedir ajuda, primeiros socorros, atendimento pré-hospitalar (APH) e encaminhamento ao hospital".

O socorrista comentou que há um grande desconhecimento sobre a Lei Lucas (lei federal 13.722/2018), que regulamenta a obrigação de escolas públicas e privadas e espaços de recreação infantil a se prepararem para atendimentos de prontos socorros. “Estive na universidade Unifacear e ninguém conhecia a lei. Muitas escolas não estão cumprindo a lei e, nesse sentido, entendo que é necessário que haja maior fiscalização”, disse ele. Muller ainda distinguiu as situações de urgência e as situações de emergência. De acordo com ele, urgências são situações que demandam atendimento imediato, mas sem risco eminente à vida. No caso das emergências, há risco eminente de morte.

Mitos e verdades

Djason Muller disse que em suas palestras aborda mitos e verdades sobre questões como a prioridade no atendimento, uso de medicamentos em casa, agendamento de transporte, porta aberta em qualquer hospital e a negação de atendimento e aproveitou a ocasião para explicar algumas diferenças que pontou serem de maior importância, já que observou um grande volume de buscas para esclarecimentos: “Muitas vezes há um congestionamento das linhas telefônicas e as pessoas precisam esperar até 20 minutos para falar com o atendente, o que ocasiona até a perda de vidas”, afirmou. Antes de apresentar essas informações, Muller sugeriu  que o poder público leve esse conhecimento à população por meio de campanhas. 

Primeiramente, o socorrista explicou a diferença entre os dois principais canais de atendimento, o Samu e o Siate. Ele lembrou que atendimentos clínicos, como dores no peito, desmaios, convulsões, trabalhos de parto e envenenamento devem ser feitos por meio do Samu (192) e, em casos de traumas, deve-se buscar o Siate (193), que é um serviço desenvolvido pelos bombeiros.

Muller ainda esclareceu as diferenças entre Unidade Básica de Saúde (UBS), Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e Samu. Segundo ele, as UBS são locais onde os usuários recebem vacinas, trocas de curativos, injeções, atendimento médico para diagnóstico/tratamento e atendimento odontológico; as UPAs são unidade de Pronto Atendimento que funcionam 24 horas por dia, 7 dias por semana e podem resolver grande parte das urgências e emergências como pressão e febre alta, fraturas, corte, infarto e derrame; já o SAMU é um serviço de atendimento móvel de urgência que conta com profissionais de saúde e médicos treinados para dar orientações de primeiros socorros por telefone (192).

“E há os hospitais que atendem situações de emergências que necessitam de internação, cirurgias, acompanhamento cirúrgico e casos mais complexos”, disse ele, que também lembrou ser a omissão de socorro uma conduta tipificada no Código Penal, que prevê detenção de 1 a 6 meses ou multa.

“A pessoa que busca atendimentos de pronto socorro deve manter a calma, ser objetiva, dizer seu próprio nome, esclarecer dados sobre a vítima (idade, sexo), fazer um relato de toda a situação e fornecer o endereço”, esclareceu o socorrista. Por fim, Muller comentou sobre o projeto Bombeiro Mirim desenvolvido no bairro Cajuru com apoio da igreja Água Viva. De acordo com ele, trata-se de uma iniciativa que também envolve esclarecimentos sobre saúde emocional e saúde financeira.

Durante a Tribuna Livre, manifestaram-se os vereadores: Serginho do Posto (União), Indiara Barbosa (Novo), Sidnei Toaldo (Patriota), Amália Tortato (Novo); Mauro Bobato (Pode); Ezequias Barros (PMB); Sargento Tânia Guerreiro (União) e João da 5 Irmãos, proponente do convite.