Na Tribuna Livre, RECC pede volta do Fórum Curitiba sobre Mudanças Climáticas

por José Lázaro Jr. | Revisão: Ricardo Marques — publicado 27/03/2024 17h20, última modificação 27/03/2024 17h35
Convidada pela vereadora Giorgia Prates, a Rede Curitiba Climática (RECC) cobrou acesso a dados ambientais e a reativação do Fórum sobre Mudanças Climáticas.
Na Tribuna Livre, RECC pede volta do Fórum Curitiba sobre Mudanças Climáticas

Demanda da RECC, retomada do Fórum Curitiba sobre Mudanças Climáticas foi confirmado pelo Executivo. (Foto: Carlos Costa/CMC)

“Os eventos climáticos vão ser cada vez mais frequentes e intensos. Vai piorar”, declarou Caiê Alonso, membro da Rede Curitiba Climática (RECC), ao participar, nesta quarta-feira (27), na Câmara Municipal de Curitiba (CMC), da Tribuna Livre. Criada há quatro anos, a RECC tem se notabilizado pela divulgação dos mapas de risco climático para os bairros da capital do Paraná e pelas oficinas dentro de comunidades ameaçadas por inundações, alagamentos, ondas de calor e deslizamentos. O convite para a Tribuna Livre foi feito pela vereadora Giorgia Prates - Mandata Preta (PT).

Alonso explicou que, historicamente, de acordo com as medições disponíveis, Curitiba emite anualmente 3,5 milhões de toneladas de gases do efeito estufa, sendo que a maior parte tem origem no transporte (66%), seguido pelo consumo de energia 22,6% e pela gestão de resíduos (10%). O ativista ambiental queixou-se da dificuldade da RECC para ter acesso a dados da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMMA) e disse que a principal demanda da organização é a reativação do Fórum Curitiba sobre Mudanças Climáticas, após três anos sem reuniões.

“Com o fórum, não precisaríamos trazer todas as questões para o Legislativo, pois teríamos uma esfera onde Executivo, Câmara Municipal e sociedade civil organizada poderiam dialogar”, pediu Caiê Alonso. Ele relatou que a Prefeitura de Curitiba chamou uma reunião para 15 de março, na véspera do Dia Nacional de Conscientização sobre as Mudanças do Clima, mas que não aconteceu. Tico Kuzma (PSD), líder do governo, respondeu que já foi marcada uma nova data, no próximo 4 de abril, e que a RECC poderá acompanhar a atividade.

Adiantando que a RECC “não produz dados”, Caiê Alonso explicou que a organização trabalha na organização e publicização das informações ambientais, com o objetivo de torná-las acessíveis à população. Foi nesse contexto que ele exibiu os mapas de riscos climáticos dos bairros, indicando quais estão mais sujeitos a inundações (cheias de rios), alagamentos (falta de drenagem), ondas de calor e deslizamentos. “Estão em áreas de risco 20% dos domicílios particulares e 40% dos coletivos”, enumerou, listando dezenas de equipamentos públicos na mesma condição.

Tribuna Livre reacende debate da véspera sobre prevenção a enchentes em Curitiba

O representante da RECC respondeu a perguntas dos vereadores Professora Josete (PT), Dalton Borba (PDT), Serginho do Posto (sem partido), Marcelo Fachinello (Pode), Marcos Vieira (PDT), Sidnei Toaldo (PRD), Indiara Barbosa (Novo), Alexandre Leprevost (Solidariedade), Amália Tortato (Novo), Nori Seto (PP) e Salles do Fazendinha (DC). Todo o debate foi transmitido ao vivo pelo canal da CMC no YouTube, inclusive a retomada da discussão da véspera, quando a votação de sugestões ao Executivo abordando enchentes em Curitiba dividiu os vereadores.

As duas indicações, apresentadas por Tortato e Leprevost, respectivamente, pedem a instalação de placas de sinalização em áreas suscetíveis a alagamentos (205.00101.2024) e a realização urgente do desentupimento de bueiros, a limpeza de rios, serviços em galerias pluviais (205.00105.2024). Enquanto um grupo de parlamentares questionava o título de “cidade inteligente” diante dos pontos de alagamento, outro, capitaneado por Kuzma, apresentou exemplos de situações superadas graças às demandas levadas pelos vereadores ao Executivo.

“Curitiba tem alguns problemas pontuais”, ponderou o presidente da Comissão de Urbanismo, Obras Públicas e TI, Mauro Bobato (PP). Mas, defendeu ele, “tem, sim, muita coisa acontecendo na cidade”, como as obras de macrodrenagem e as de microdrenagem, para a limpeza dos rios. No contraponto, e citando as fortes chuvas há uma semana, Amália Tortato citou reclamações de comerciantes da região central. “Não vem só a água, vem bicho, vem cheiro, todo o tipo de lixo que está espalhado pela cidade adentra os comércios”, relatou. As votações serão retomadas na próxima segunda-feira (1º), na segunda parte da Ordem do Dia.