Na Tribuna Livre, especialista fala sobre câncer bucal
A Tribuna Livre desta quarta-feira recebeu o cirurgião dentista Laurindo Moacir Sassi. O convite foi feito pelo vereador Nori Seto. (Rodrigo Fonseca/CMC)
Nesta quarta-feira (22), a Câmara Municipal de Curitiba recebeu na Tribuna Livre o cirurgião dentista Laurindo Moacir Sassi, chefe do Serviço de Cirurgia Buco-Maxilo-Facial do Hospital Erasto Gaertner. O profissional tem 35 anos de experiência na prevenção e no tratamento do câncer bucal. A iniciativa da Tribuna Livre foi dos vereadores Nori Seto (PP) e Zezinho Sabará (União).
A Tribuna Livre é o espaço na sessão plenária das quartas-feiras em que especialistas, a convite dos vereadores, comparecem à Câmara para falar sobre temas do interesse da coletividade.
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Saudação
Nori Seto agradeceu a presença do convidado e também agradeceu ao vereador Zezinho Sabará pela cessão do uso da Tribuna Livre. Ele esclareceu que Laurindo Moacir Sassi é cirurgião dentista, especialista em cirurgia e traumatologia buco-maxilo-facial pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e chefe deste deste serviço no Hospital Erasto Gaertner, além de coordenador de residência. Sassi também é mestre pelo Complexo Hospitalar Heliópolis, em São Paulo, e doutor pela Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (USP).
De acordo com Seto, o dentista é uma referência mundial em reconstrução microcirúrgica de maxila, sendo que, em julho desse ano, organizou o 48º Congresso Brasileiro de Estomatologia e Patologia Oral, que reuniu especialistas de diversos países para discutir sobre estomatologia, patologia oral, maxilo-facial e odontologia hospitalar. “Sassi desenvolve um importante trabalho na avaliação de pacientes com risco de câncer de boca, enfermidade que configura um grave problema de saúde pública com impacto a vida de muitas pessoas, mas que, se for diagnosticado precocemente, tem altas chances de cura”, explicou o vereador. Nori seto lembrou que a lei estadual 19.868/2019 instituiu no estado a Campanha Novembro Vermelho, dedicada à prevenção e ao combate ao câncer de boca.
Principais fatores do câncer bucal: álcool e tabagismo
Laurindo Moacir Sassi agradeceu a oportunidade de estar na Câmara para falar sobre os fatores que contribuíram para a queda na estimativa de novos casos de câncer bucal no estado do Paraná. Ele listou os fatores de risco do câncer bucal. Para ele, os maiores ocasionadores do câncer bucal são o álcool e tabagismo. Conforme disse o dentista, a doença atinge, na maior parte dos casos, homens adultos com mais de 40 anos e pode ser estimulada por condições que favoreçam seu desenvolvimento como genética, higiene bucal deficiente, dieta pobre em vitaminas, proteínas e minerais, e também pelo trauma crônico.
Ele enfatizou que o narguile (aparelho para fumo), que se tornou uma moda entre os fumantes, demanda um tempo de tragada maior (4,3 segundos) do que o de um cigarro normal (2,4 segundos), fato que potencializa as probabilidades de desenvolvimento do câncer bucal. “A análise do paciente busca lesões menores, como áreas avermelhadas, áreas brancas, úlceras, vegetações e próteses mal adaptadas associadas a lesões”, disse Sassi. Ele lembrou da primeira campanha realizada em Curitiba, que ocorreu na praça Osório, em 1989. “Entre 1989 e 2017 foram avaliados 28.089 clientes com mais de 30 anos. Os exames foram realizados em 176 municípios com um intervalo de 5 anos”, disse o cirurgião dentista.
Diminuição do índice de câncer bucal no Paraná até 2025
Ele enfatizou o papel negativo da mídia no aumento dos índices de câncer bucal. Entre 2014 e 2017, os diagnósticos da doença em virtude do uso de álcool aumentaram 21,9% e como consequência do tabagismo, o aumento foi de 28,3%. “São dois hábitos nocivos que andam em paralelo e a forma mais indicada para que esses números diminuam é a promoção de campanhas de prevenção. “Quando a prevenção falha, existem os seguintes tratamentos: cirurgia, radioterapia e quimioterapia”, informou Sassi.
Ainda de acordo com ele, há uma estimativa de diminuição dos casos no Paraná até o ano de 2025, e esse fato se deve à promoção de campanhas que vêm sendo realizadas há 35 anos no estado. Ele concluiu informando que, na próxima sexta-feira (24), outra campanha será realizada na Boca Maldita a partir das 13 horas.
Perguntas dos vereadores
Em resposta à vereadora Professora Josete (PT), Sassi esclareceu que o cigarro eletrônico é um grande malefício. “Minha tese de doutorado foi sobre marcadores Orais P53. Tais indicadores apontaram um aumento de mais de 50% de casos entre os usuários de cigarros eletrônicos. A sociedade está aceitando essa nova loucura. E o narguile é pior do que o cigarro comum e do que o cigarro eletrônico”, disse ele.
Sidnei Toaldo (Patriota) indagou sobre a incidência do câncer entre crianças e jovens. Sassi disse que, embora os números sejam menos entre os mais jovens, os diagnósticos também são verificáveis. Sassi, respondendo à vereadora Amália Tortato (Novo), disse que recomendou a campanha de prevenção nas escolas em seu livro “35 anos de prevenção de câncer bucal no Paraná”.
A vereadora Sargento Tânia Guerreiro (União) perguntou sobre índices relativos aos cigarros-de-palha. De acordo com Sassi, a possibilidade e contrair o câncer por meio do uso do cigarro-de-palha é 4 vezes maior do que nos cigarros normais e nos eletrônicos. “Recentemente vi acadêmicos de medicina usando o fumo de palha, um verdadeiro absurdo”, afirmou o cirurgião.
Em resposta ao vereador Rodrigo Reis (União), Sassi explicou que o câncer bucal no início não dói, ao contrário de outras moléstias menos agressivas como a afta, que produz dores intensas. “Se houver uma lesão e ela não desaparecer em 15 dias, é recomendável a visita ao dentista ou ao médico. Um autoexame pode indicar a presença de pequenas lesões. Maria Letícia (PV) questionou sobre a eficácia do exame HPV nos casos de câncer bucal. De acordo com Sassi, o HPV produz resultados melhores na detecção de problemas da orofaringe, como o amolecimento do céu-da-boca.
Prêmio nos Estados Unidos
Serginho do Posto (União) perguntou se os dentistas têm treinamento para detectar o câncer bucal. Sassi explicou que o dentista aprende anatomia geral e específica, então esse profissional pode ver a lesão, mas não saber o que é. Respondendo ao vereador Zezinho Sabará (União), o cirurgião dentista disse que, em 1999, foi criado, na Unidade de saúde Ouvidor Pardinho, o primeiro Centro de Diagnóstico do Brasil, que chegou a ser premiado nos Estados Unidos. Em 2003 foram criados os Centros de Especialidade Odontológica no Brasil, mas, segundo ele, não foi mencionado à época, que eles eram cópias da experiência iniciada em Curitiba. Também se manifestaram os vereadores: João da 5 Irmãos (União), Marcos Vieira (PDT) e Oscalino do Povo (PP).
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