Na Tribuna Livre, Complexo Pequeno Príncipe anuncia expansão no Bacacheri
Com a pandemia, as sessões da CMC são híbridas, presencial e por videoconferência. Na foto, José Álvaro Carneiro. (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)
“Nós conquistamos um grande terreno no Bacacheri, ao lado da base aérea, onde temos nosso projeto de expansão. A primeira unidade será um Hospital-Dia, para aliviar o Pequeno Príncipe [no Água Verde]. É um espaço de 20 hectares, com um bosque de 8 hectares, que nos permitiu ser o segundo hospital do Brasil a neutralizar as suas emissões dos gases de efeito estufa”, anunciou José Álvaro da Silva Carneiro, diretor corporativo do Complexo Pequeno Príncipe, nesta quarta-feira (20), na Câmara Municipal de Curitiba (CMC).
Ao lado de Ety Cristina Forte Carneiro, diretora executiva do Hospital Pequeno Príncipe, José Álvaro apresentou aos vereadores da capital do Paraná, durante a Tribuna Livre, o plano de expansão do complexo, que além do hospital conta com as Faculdades Pequeno Príncipe e com o Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe. O convite para a palestra foi feito pelo vereador Serginho do Posto (DEM), que destacou, na sessão, a relevância internacional da instituição.
“O Pequeno Príncipe é referência em diversas áreas e o atendimento humanizado é uma tradição. Recentemente, foi reconhecido como um dos melhores hospitais pediátricos do mundo pela revista Newsweek. É o único da América do Sul entre os 150 melhores, com base em recomendações de 40 mil médicos de 20 países”, elogiou Serginho do Posto. O presidente da CMC, Tico Kuzma (Pros), e diversos vereadores reiteraram os elogios à instituição de saúde, relatando situações cujos filhos foram atendidos pelo hospital.
Segundo o diretor do Complexo Pequeno Príncipe, a construção da unidade Norte permitirá levar para as novas instalações os procedimentos mais simples, concentrando no prédio histórico, no bairro Água Verde, o atendimento de alta complexidade. “Há a previsão de ter [no Bacacheri] um hospital de alta complexidade. A nossa faculdade vai para lá, o instituto de pesquisa vai para lá e há a previsão de um centro cultural. Vamos ter também um jardim botânico”, anunciou, informando que para o início das obras faltam detalhes do licenciamento, iniciado em 2013, com a Prefeitura de Curitiba. “Confiamos que no ano que vem sairá a licença de instalação para que comecemos a obra”.
José Álvaro Carneiro respondeu a questionamentos de Noemia Rocha (MDB), Indiara Barbosa (Novo), Sidnei Toaldo (Patriota), Pier Petruzziello (PTB), Amália Tortato (Novo), Alexandre Leprevost (Solidariedade), Herivelto Oliveira (Cidadania), Professora Josete (PT), João da 5 Irmãos (PSL) e Osias Moraes (Republicanos). Toda a Tribuna Livre foi transmitida ao vivo pelas redes sociais da CMC (confira aqui). Confira, a seguir, os principais tópicos da conversa com os parlamentares.
Déficit do SUS
“Quando você atende SUS com dignidade e boa técnica, quanto melhor você vai nesse sentido, pior fica do ponto de vista financeiro e operacional. Na medida que a gente faz as coisas com muito carinho, temos filas em muitos dos nossos procedimentos, porque são poucos lugares do país que atuam com essa performance no atendimento das crianças”, reconheceu o diretor corporativo do Complexo Pequeno Príncipe. Ele revelou que o déficit operacional gira em torno de R$ 30 milhões.
“Esse déficit é coberto por captação de recursos, e aqui eu agradeço aos vereadores desta Casa, porque as emendas parlamentares são muito importantes para nós. Todas elas, independente dos valores, são fundamentais para o hospital poder se manter justo a todas as crianças que nos procuram”, explicou José Álvaro Carneiro. Segundo ele, foi no ano de 2000 que o Pequeno Príncipe tomou a decisão administrativa de buscar fontes alternativas de recursos para manter o atendimento de qualidade. “Nós profissionalizamos a captação de recursos, que passou a fazer parte do desenho institucional do hospital e foi liderado pela Ety desde o início”.
Carneiro disse que o trabalho de mais de 20 anos, pautado pela “credibilidade e visibilidade”, faz hoje o Complexo Pequeno Príncipe ser “uma das organizações que mais capta no país, principalmente pelo FIA [Fundo da Infância e da Adolescência], mas também outras formas, como emendas parlamentares, a destinação de multas da Justiça e o jantar anual, que nos destina recursos canalizados à pesquisa”. “Neste momento, a gente capta entre R$ 40 milhões e R$ 50 milhões por ano, o que nos ajuda a cobrir o déficit do SUS e a levar adiante a pesquisa”, afirmou.
Grande empregador em Curitiba
“O hospital é o maior pediátrico do Brasil, com 378 leitos, dos quais 68 em UTI. Temos 2.600 colaboradores e 1.000 terceirizados. Somos um grande empregador na cidade. Comparativamente, empregamos mais pessoas que a Renault Nissan”, exemplificou o diretor corporativo do Pequeno Príncipe. “Somos referência nacional em inúmeras coisas, como transplante de medula, de fígado, de rins, de cirurgias ortopédicas complexas e doenças raras. Somos demandados por crianças de todo o Brasil”, apontou.
Para José Álvaro Carneiro, o reconhecimento internacional, pela divulgação do ranking da Newsweek “é um grande reconhecimento, mas também um ponto de partida”. Ele lembrou que o patamar atual do Complexo Pequeno Príncipe é resultado de planejamento começado há décadas. “No ano 2000, acontece uma coisa muito importante, que é o 1º Congresso Internacional Pediátrico. Nós precisávamos nos transformar num complexo de pediatria, igual é no mundo anglo saxão, onde há uma interação entre assistência, ensino e pesquisa. Aí surge a faculdade, em 2003, e o instituto de pesquisa, em 2006”, relembra.
“Estamos iniciando um processo de grande transformação digital, para estarmos preparados para o futuro”, afirmou o diretor corporativo, dando exemplos dessas mudanças e das pesquisas em curso na instituição. “Está em teste, e somos líderes no planeta em pesquisas associadas a um sensor não invasivo de pressão intracraniana, desenvolvido e patenteado por um brasileiro. Antes, não era medida sem um furo na calota para instalação de sensor”, destacou Carneiro.
Saúde pública e pandemia
“Na medida que as escolas foram fechadas, os vírus circularam menos e houve uma menor contaminação [das doenças mais conhecidas, como meningite]. Agora nossa atenção precisa se voltar para o estado emocional das crianças. Como nós, adultos conscientes, vamos realizar a volta ao convívio”, comentou José Álvaro Carneiro. Questionado sobre a volta às aulas, disse apenas que “os nossos médicos defendem protocolos rígidos de biossegurança para a volta [às aulas]”.
Sobre a pandemia, o diretor corporativo do Complexo Pequeno Príncipe preferiu destacar outro aspecto, relacionado ao cenário que virá com a superação da situação mais aguda do contágio. “Quero lembrar que existe uma proporção de 1 para 7 entre o número total de mortos e o número de órfãos. Então, se no Brasil temos 603 mil mortos, temos alguma coisa como 80 mil órfãos por decorrência da covid-19. Esse é um número impressionante e que nos instiga a pensar nessas crianças que perderam a mãe, o pai ou os dois, e que precisarão do apoio da comunidade adulta”, disse.
Tribuna Livre
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