Na CMC, vereadores protestam contra o racismo e contra o machismo

por José Lázaro Jr. — publicado 23/11/2020 16h59, última modificação 23/11/2020 16h59
Parlamentares guardaram minuto de silêncio em respeito à morte de João Alberto Silva Freitas, no dia 19, em Porto Alegre.
Na CMC, vereadores protestam contra o racismo e contra o machismo

Quatro vereadores fizeram falas contra o racismo e contra o machismo durante a sessão. (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)

Nesta segunda-feira (23), a Câmara Municipal de Curitiba (CMC) somou-se aos protestos antirracistas que se espalharam pelo país após João Alberto Silva Freitas, na cidade de Porto Alegre, dentro do supermercado Carrefour, no dia 19, ter sido espancado e morto por funcionários do estabelecimento. A CMC guardou um minuto de silêncio em respeito à vítima e teve três vereadores, na tribuna, recriminando os agressores.

Também houve protesto contra o programa de humor Porta dos Fundos, que no domingo (22) apresentou uma personagem fictícia, identificada no vídeo como Yollanda Ramos, eleita vereadora mais votada de Curitiba após ter “nudes” vazados nas redes sociais. “Não teve graça nenhuma”, puxou Bruno Pessuti (PSD), em desagravo a Indiara Barbosa, do Novo, de fato a vereadora mais votada da cidade nas eleições deste ano.

“Certamente essa personagem não sou eu”, respondeu Indiara Barbosa pelas redes sociais. “É uma pena que o Porta dos Fundos associe o sucesso de uma mulher a alguma conotação sexual. Temos muito trabalho para mudar essa cultura retrógrada”, continuou. “Da minha parte, fica o repúdio a esse comportamento machista. Não tem graça atribuir o sucesso eleitoral de uma candidata no Brasil a qualquer conteúdo sexual. Isso ofende todas as mulheres que buscam representação na política. Erraram a mão e devem um pedido de desculpas”, disse Pessuti.

Antirracismo
Professora Josete (PT), Noemia Rocha (MDB) e Dalton Borba (PDT) protestaram em plenário contra o racismo. “A sociedade precisa reagir a tudo isto, pois [o racismo] não é um caso isolado. Foi uma agressão bárbara, que não se justifica de forma alguma e que tirou a vida de um pai de família. O Brasil precisa se organizar. Precisamos de uma formação, de uma educação antirracista. Principalmente daqueles que atuam na segurança”, disse Josete.

“O machismo é inconcebível diante de Deus e diante dos homens, o racismo é inconcebível diante de Deus e diante dos homens”, criticou Noemia Rocha. “As pessoas não podem ser julgadas pela cor [da pele]. Temo que debater isso, pois essa conscientização é importante”, acrescentou a parlamentar. Borba culpou a “cultura do ódio” pelos episódios, pela qual haveria uma “intolerância à igualdade de direitos”. “Eu faço um apelo, para que tenhamos a consciência de trazer algum tipo de educação, algo para melhorar os níveis de tolerância da nossa sociedade”.

Confira as manifestações, na íntegra, no canal da CMC no Youtube.