Na CMC, Rapha Lobo falou sobre educação socioemocional no trabalho
“Educação socioemocional no campo de trabalho” foi o tema da palestra do professor Rapha Lobo, especializado em relações humanas. (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)
Na tarde desta quarta-feira (6) a Câmara Municipal de Curitiba (CMC) teve a presença do professor Rapha Lobo, palestrante que abordou o tema “Educação Socioemocional no campo de trabalho”. O convite ao professor foi feito pela Escola do Legislativo da CMC. O evento foi aberto pelo vereador Marcelo Fachinello (Pode), presidente da Casa, e também contou com a presença da vereadora Amália Tortato (Novo).
Fachinello agradeceu a presença de todos e exaltou a iniciativa da Escola do Legislativo Maria Olympia Carneiro Mochel. “Recentemente, vários setores da Câmara, como a Diretoria de Recursos Humanos, a Diretoria de Saúde Ocupacional e a Escola do Legislativo, se organizaram no sentido de promover atividades para tratar das questões socioemocionais em nossos ambientes de trabalho”, destacou. De acordo com o vereador, o professor Rapha Lobo foi indicado pelo Instituto Municipal da Administração Pública (IMAP) e já realizou dinâmicas junto a servidores de diversos órgãos da administração municipal.
“Rapha Lobo atua junto a servidores municipais que trabalham sob tensão, como é o caso dos atendentes do Serviço 156 (serviço que, a propósito, ontem bateu o recorde de 13 milhões de atendimentos)”, comentou Fachinello. O presidente da CMC mencionou que a palestra estava sendo acompanhada de forma online por funcionários da Sanepar, por servidores das Câmaras Municipais de Mandirituba, Campo Largo e Adrianópolis e por funcionários do Fundação de Previdência Complementar do Município de Curitiba (CuritibaPrev).
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“Não estou aqui pra fazer coach ou mentoria”
Rapha Lobo iniciou sua fala esclarecendo que não estava ali para atuar como coach ou qualquer espécie de mentoria. De acordo com ele, o objetivo da palestra foi promover reflexão e autoconhecimento. Formado em Educação Física, foi técnico de futebol e de voleibol. Trabalhou com educação e, no ano de 2000, passou a integrar o corpo docente da Opet. Atualmente, Lobo é colunista da Rádio Mix, para falar sobre comportamento, e também trabalha com inteligência artificial nas áreas de medicina e de vendas.
O palestrante propôs questionamentos em torno do entendimento das pessoas sobre elas próprias, das suas relações com o mundo e da maneira como elas lidam com o ambiente externo e com as demais pessoas. “As pessoas me desafiam a passar uma semana no setor onde elas trabalham e eu digo que isso é uma condição delas. Elas precisam entender o ambiente em que vivem, pois quem está de fora não vive aquelas condições, não tem como julgar. E se estivesse lá, poderia ter uma percepção completamente diferente em comparação à visão negativa de quem reclamou do ambiente”, explicou Lobo.
Paralisia decisória e sociedade líquida
Ele comentou sobre os relacionamentos, sobre o autoentendimento, sobre o entendimento do outro, sobre as questões que interferem no humor, sobre a comunicação ativa e sobre a busca da harmonia. “Todos temos problemas nas nossas vidas e esses problemas não fazem ninguém melhor do que ninguém. Não passo a ter o direito de falar e fazer o que bem entender porque tenho um problema ou vivo uma situação difícil”, observou Rapha Lobo.
Ele apontou problemas na comunicação entre as pessoas que geram situações que ele denominou “paralisias decisórias”. Para ele, essas situações seriam decorrentes da falta de entendimento e até uma certa indiferença em relação à realidade e aos problemas enfrentados pelos outro. “Às vezes, a pessoa se depara com uma situação que ela desconhece e não dispõe de um banco mental de dados que a ajudem a interpretar e tomar decisões”, alertou Rapha Lobo. Aliado a isso, o palestrante lembrou do conceito de “sociedade líquida”, criado pelo filósofo Zygmunt Bauman. Nesta nova sociedade, o individualismo ganhou projeção nas relações humanas, fato que também foi alavancado pela predominância em nossas vidas das redes sociais.
“As pessoas passam a atribuir suas falhas aos outros, culpam situações externas. Tentam se eximir de suas responsabilidades e tornam-se vitimistas. Não assumem o protagonismo de suas próprias vidas. É uma cultura que cria seres moralmente irresponsáveis. Tudo isso reflete em nosso cotidianos e situações de conflitos que teriam soluções simples e cordiais acabam se convertendo em confrontos que às vezes duram anos”, disse o palestrante.
Confrontos são evitáveis com empatia, respeito e confiança
Lobo mencionou que os conflitos surgem da contradição entre a intenção de satisfazer desejos próprios e a intenção de satisfazer o desejo dos outros. Essas motivações podem ser maiores ou menores de acordo com as possíveis reação do indivíduo: evitar o conflito, partir pra competição, se acomodar ou tentar ser colaborativo. “Estratégias e escolhas no ambiente de trabalho dependem de inteligência emocional, características de personalidade, fatores culturais, experiências em situações de conflito, expectativas, relação com o oponente, crenças, capacidades cognitivas e características da situação”, listou o palestrante.
Ele listou as competências emocionais que devem ser desenvolvidas para que as pessoas consigam estabelecer bons relacionamentos nos ambientes de trabalho: empatia, respeito e confiança. Além disso, ele apontou a iniciativa social, a assertividade e o engajamento como fatores necessários para que o ambiente de trabalho seja propício ao desenvolvimento de ideias. Ainda de acordo com ele, acima de tudo é importante que haja resiliência emocional que pode ser traduzida em tolerância ao estresse, autoconfiança e tolerância à frustração.
Reprodução do texto autorizada mediante citação da Câmara Municipal de Curitiba