Na CMC, Instituto Municipal de Turismo ouve artesãos da Feira do Largo da Ordem
Nesta sexta-feira (25), a Frente Parlamentar da Retomada Econômica promoveu uma reunião na qual foram discutidas questões referentes à Feira do Largo da Ordem. Temas como as reformas promovidas na rua Kellers e o protótipo do novo modelo de barracas motivaram o encontro, que teve a participação de integrantes do Instituto Municipal de Turismo (IMT) e de feirantes e artesãos que atuam na feira. De acordo com o vereador Jornalista Márcio Barros (PSD), presidente da frente parlamentar, todos os órgãos envolvidos na organização semanal do evento devem caminhar no sentido de garantir condições para que os feirantes desempenhem suas atividades e, da mesma forma, de proporcionar aos turistas a melhor experiência possível.
O presidente da frente também destacou a dedicação da ex-vereadora Julieta Reis em relação à feira, ao longo de seus mandatos. Além de Márcio Barros, outros vereadores que integram a comissão participaram do encontro: Alexandre Leprevost (Solidariedade), Amália Tortato (Novo) e Herivelto Oliveira (Cidadania), que não integra a Frente de Retomada. A comissão também é formada por Denian Couto (Pode), Indiara Barbosa (Novo), João da 5 Irmãos (PSL), Jornalista Márcio Barros (PSD), Leonidas Dias (Solidariedade), Marcelo Fachinello (PSC), Marcos Vieira (PDT), Maria Leticia (PV), Pier Petruzziello (PTB), Sidnei Toaldo (Patriota) e Tito Zeglin (PDT).
Professor Euler declarou que sentiu reacender a esperança de diálogo. “O instituto quer ouvir os feirantes. Ninguém melhor do que quem está há anos trabalhando ali para comentar sobre as demandas da Feira”, disse ele. O parlamentar afirmou estar satisfeito com a disposição dos órgãos para ouvir os feirantes. Herivelto Oliveira (Cidadania), que não participa da Frente, fez algumas sugestões como o uso de banheiros contêineres e a elaboração de um mapa da feira com a disposição exata de cada profissional e o que comercializa.
Posição do IMT
Para a gerente do Departamento de Artesanato do IMT, Tangrian Santos, houve muito ruído nessas duas semanas iniciais de obras no Largo da Ordem. Para ela, toda obra gera algum impacto e, no caso da feira, foram atingidos tanto os profissionais (artesãos) quanto os próprios turistas que por ali passam. As obras se iniciaram, segundo ela, em função de pedidos formulados pelos comerciantes que atuam na região. As atividades de reforma foram divididas em três trechos e isso ocasionou a necessidade de rearranjar a disposição das barracas. A ideia era manter o espelhamento e a continuidade das barracas, pois qualquer quebra afeta o acesso dos turistas. “Quando há quebra da continuidade, o público vai embora e estamos tratando de mais de 50% da feira, isto é, aproximadamente 1.200 famílias que já foram afetadas pelas consequências da pandemia”, afirmou Tangrian. Muitas dessas famílias foram beneficiadas com a distribuição de cestas básicas durante o lockdown.
“Hoje, o fechamento da feira é impensável. A questão é que a obra estava prevista para quatro meses, mas pode se prolongar por seis. Atividades dessa natureza são imprevisíveis. Quando as mudanças se iniciaram, ficou claro para nós e para os órgãos parceiros, como a Urbs e a Setran, que faltou levar em consideração o espaço dos pedestres. Como há passagem de ônibus no local, poderia haver o risco de atropelamento”, esclareceu a servidora.
Ainda segundo Tangrian, apesar dessas reformulações do plano original, todos os expositores terão seus direitos assegurados. “O instituto e todos os órgãos envolvidos estarão sempre abertos ao diálogo”, disse ela, que citou, como exemplo de medida que será adotada para minimizar o impacto, o desvio do trajeto dos ônibus que passam pelo local. Segundo Tangrian, a decisão resultou do entendimento entre a Urbs, a Setran e a Secretaria de Governo. Ela sugeriu que os feirantes formassem uma comissão para conversar com o Ippuc nas próximas semanas: “tirem fotos das barracas, elaborem sugestões e críticas e enviem para o e-mail artesanato@curitiba.pr.gov.br".
Para o chefe do Departamento de Turismo e Artesanato do Instituto Municipal de Turismo, Marcos Saito de Azevedo, o problema se deu em função do órgão não ter conseguido promover o espelhamento na rua Kellers, gerando incômodo e prejuízo para os artesãos que ali trabalham nos domingos, durante a feira. Ele acredita que o diálogo entre as partes envolvidas será profícuo para que a Feira do Largo da Ordem se torne uma referência.
Posição dos feirantes
Marlete, uma das feirantes do Largo que participou da reunião, declarou que sempre foi muito bem atendida pelos servidores do instituto. Ela disse ter ficado satisfeita em saber que o modelo de barraca proposto pelos órgãos que coordenam a feira era apenas um protótipo. “O modelo atual de barraca é o ideal”, disse ela, “mas as unidades estão velhas, sucateadas”. Ela acrescentou que há dúvidas quanto ao momento em que as novas barracas serão implantadas e reforçou a importância de que haja um corredor central para que o fluxo de pessoas possa ter acesso visual às barracas de ambos os lados. “Não é o que acontece no trecho entre a rua São Francisco e a Manoel Claudino dos Santos, onde as barracas estão dispostas de costas umas para as outras, o que dificulta a visibilidade dos turistas”, disse a feirante.
Claudia Dias, que atua numa barraca exatamente neste ponto, declarou que teve um decréscimo significativo em seus ganhos com a nova disposição das barracas. Ela também indagou sobre a montagem, desmontagem e armazenamento das barracas. Alguns feirantes preferem ter autonomia para guardar as barracas e outros entendem que uma empresa poderia realizar essas atividades. Outras sugestões trazidas por ela foram: um mapa da feira, panfletagem sobre a feira e seus produtos em hotéis. Ela finalizou dizendo que os comerciantes da feira desejam participar das decisões relativas ao evento semanal. Claudio Staichok, artesão, lembrou que a Feira do Largo da Ordem é a segunda maior em número de frequentadores do Brasil. "Trata-se de um dos mais importantes cartões-postais da cidade, perdendo em público talvez para o Jardim Botânico”, afirmou.
Christiane Roese, que também atua na Feira do Largo, lembrou que alguns feirantes têm novas barracas e que não precisariam da substituição por novos modelos. No entendimento da artesã, o ideal seria existirem de três a quatro modelos obedecendo às especificidades de cada feirante. Outro aspecto destacado por ela foi a preocupação dos feirantes com a questão da limpeza do espaço. Como a feira funciona no domingo de manhã, os feirantes são obrigados a conviver com os dejetos dos frequentadores dos bares noturnos da região. Ainda de acordo com ela, seria adequado que os feirantes pudessem ter uma relação contratual com a empresa que eventualmente se responsabilizasse pela guarda das barracas. Ela finalizou mencionando a dificuldade dos feirantes em usar os poucos banheiros disponíveis.
Claudio Staichok, advogado e artesão, entende que não se trata apenas de uma “feirinha”. Para ele, “trata-se do maior evento público de Curitiba que acontece todos os domingos. Em números, a Feira do Largo é a segunda maior do Brasil, merecia uma comissão própria que funcionasse em caráter permanente”. Ainda segundo ele, a importância da Feira do Largo da Ordem (que consolidou sua fama quando ainda conhecida como ‘Feira Hippie’) está nas 1.300 famílias que alimentam a economia local por meio do comércio promovido em suas barracas semanalmente.
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