Na 5ª edição, feira Mamute teve shows, gastronomia e 170 expositores
Organizadores estimam público da feira em 6 mil pessoas ao longo do dia. (Fotos: Rodrigo Fonseca/CMC)
“A Mamute deste ano está incrível e maravilhosa aqui, igual foi no ano passado. Eu estou muito feliz, é um evento que gosto muito de participar, porque tem um clima tão gostoso, um público bem bacana, que já vem esperando coisa nova e valoriza o feito à mão”, disparou Monize Ramos. À frente da Mozi Bordados, ela é uma dos 170 expositores que participaram, neste sábado, da 5ª Mamute Feira Gráfica. Pelo segundo ano consecutivo, o evento é realizado dentro da Câmara Municipal de Curitiba (CMC), que cede o estacionamento para os artistas da cidade, enquanto o público ocupa o entorno da CMC e a praça Eufrásio Correia.
A meteorologia previu tempestade, mas foi uma tarde de muito sol na região central de Curitiba, com chuvas esparsas para amenizar o calor. Quando a reportagem conversou com Monize Ramos, ela estava comandando o balcão, enquanto sua mãe, Diva Oliveira Ramos, almoçava um cachorro-quente ao lado dela. “Eu acho muito bonito o que minha filha faz, mas eu sou suspeita para falar. Geralmente as pessoas chegam aqui e acham que eu sou a bordadeira, só que eu não sei bordar!”, riu. Diva tem 60 e Monize tem 30 anos de idade, mostrando a diversidade da Mamute.
Mamute Feira Gráfica vende mais de R$ 250 mil em obras de arte
“O nosso objetivo é conectar quem faz projetos autorais com o público da cidade. Nesta 5ª edição, temos expositores de todas as linguagens, artistas das manualidades, uma grande vastidão de propostas criativas, autorais e artesanais”, garantiu Ana Hupfer, idealizadora e diretora da Mamute, que realiza o evento em parceria com Flávia Longo, coordenadora de produção, e mais pessoas ligadas à produtora Gloriosa Cultural. “No ano passado, estimamos um público de 6 mil pessoas, que vamos manter neste ano. Adaptamos a feira às necessidades das pessoas, com mais gastronomia, e ampliamos as propostas artísticas”, comparou Ana Hupfer.
“No ano passado, fizemos uma pesquisa com os expositores, e, a partir dela, estimamos que a Mamute vendeu mais de R$ 250 mil em obras de arte”, disse à reportagem a diretora da feira gráfica, que, diferente do ano passado, não teve o patrocínio da Copel por lei de incentivo. “Foi com o edital do Profice [Política Estadual de Incentivo à Cultura] que trouxemos a Mamute para esse nível, mas nesse ano não teve. Para 2023, tivemos uma emenda parlamentar da vereadora Maria Letícia [PV], viabilizada com a Fundação Cultural de Curitiba, e o restante estamos viabilizando de forma independente”, contou Ana Hupfer.
Neste sábado, a programação da feira gráfica Mamute foi das 11h às 20h, com expositores de diferentes linguagens artísticas, como gravura, ilustração, fotografia, cartazes, adesivos, postais, editoras independentes, HQs, zines, cerâmica, encadernação, lettering, moda autoral, estamparia artesanal e tatuagem, por exemplo. Além dos produtos, as pessoas que vieram à CMC curtir a feira tiveram a oportunidade de aproveitar shows de música, praça de alimentação e um espaço para crianças, chamado pela organização de Mamutinha. Na praça Eufrásio Correia, em parceria com o projeto Lute Todos os Dias, teve live painting.
Opinião das pessoas: “democrática”, “oportunidade”, “pet friendly”
“Para mim, a Mamute é a feira mais expressiva de Curitiba, porque ela é muito democrática. É muito bom ver as pessoas, numa tarde de sábado, ocupando a rua, em vez de estar no shopping. É muito emblemático!”, festejou Stephanie Schafer. Ela e Mariana Terleski estavam encarregadas de um dos painéis de pintura ao vivo, na parceria da feira gráfica com o coletivo Lute Todos os Dias, que anualmente vende um calendário elaborado por ilustradoras da cidade e reverte esses recursos a instituições sociais e a grupos de apoio a mulheres. Hoje, para Schafer e Terleski, a intervenção artística marcou o lançamento do Malva Art Studio
“A Mamute é importante porque ela dá espaço para vários artistas que nem sempre têm essa visibilidade em Curitiba. Aqui, na feira, está reunida muita gente talentosa. Ela é uma grande oportunidade para quem quer mostrar a sua arte”, reconheceu Mariana Terleski. As duas sócias no Malva Art Studio nunca tinham feito uma obra juntas. “É nosso primeiro projeto autoral juntas. Eu já participei de outros [murais], no suporte, mas desde o princípio, da concepção, é minha primeira vez”, disse Stephanie, enquanto Mariana, que já fez murais pela cidade, acrescentou que a pintura ao vivo, aos olhos do público, era a primeira vez. “A ideia é chamar atenção para o calendário”, completou.
“Ontem, alguém comentou comigo no trabalho, daí hoje apareceu na tevê, e eu moro aqui perto, dá para ver a [Mamute] da minha janela, então eu vim”, disse o escritor e professor de língua portuguesa Eduardo Diório Jr. “É a primeira vez que eu venho, estou conhecendo agora [a Mamute]. Acho bem interessante a proposta. Sempre ouvi falar, mas nunca tive a oportunidade de vir”, comentou, dizendo que ia passar entre os expositores para fazer contatos profissionais. Ele adiantou que sempre precisa de ilustradores para livros infantis.
Enquanto isso, em um dos pufes espalhados pela praça Eufrásio Correia, Alessandro e Gabrielle curtiam o ambiente com Lupin, seu cachorro de estimação. “A energia aqui é muito boa. Minha namorada, Gabrielle, participou das últimas três edições da Mamute, daí nesse ano a gente decidiu que queria ver como é do outro lado, de quem é público”, comentou. Alessandro elogiou o ambiente ser pet friendly, porque “a gente, que é pai e mãe de pet, precisa desses rolês, nós sofremos de deixar ele só em casa”. A programação musical contou com DJ Kozmica, Rubia Divino, DJ Selecta Manzana, Low Fly Trio e MUV. A sessão de gastronomia afetiva tinha nove barracas, além da parceria do evento com a cervejaria Xamã.
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